A forma entregámos constitui a 1:ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo do verbo entregar.
Em Portugal, os verbos acabados em -ar no infinitivo (1.ª conjugação) têm formas diferentes para a 1.ª pessoa do plural do presente do indicativo e do pretérito perfeito do indicativo: «nós amamos» (presente do indicativo) vs. «nós amámos» (pretérito perfeito do indicativo).
Este contraste gráfico – e também fonético na pronúncia padrão dos Portugueses – mantém-se quando as formas se associam a pronomes átonos: entregamo-nos, entregamo-los (presente do indicativo) vs. entregámo-nos, entregámo-los.
Acrescente-se que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (base IX, 4) define como facultativo o acento gráfico de tais formas verbais da 1.ª conjugação:
«É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das correspondentes formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o timbre da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas variantes do português.»*
De qualquer modo, em Portugal, mantém-se o hábito da acentuação gráfica da 1.ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da 1.ª conjugação, dada a sua relevância para marcar uma exceção importante do padrão da pronúncia europeia: é aberto o á da terminação -ámos, contrariando a regra de fechar (geralmente) todo o a tónico seguido de consoante nasal, como acontece em entregamos (no presente do indicativo de entregar), ano e banho.
* Ver também a Base XVII do Acordo Ortográfico de 1945, esteve plenamente vigente em Portugal de 1945 a 2009.