Gostaria de saber se o seguinte verso da Ode Triunfal, do heterónimo Álvaro de Campos, contém uma hipálage: «À dolorosa luz das grandes lâmpadas», o adjetivo "dolorosa" é atribuído a quem? A luz ou a lâmpada são os elementos que, semanticamente, não aceitam esse sentimento. Poderá recair sobre o sujeito poético, mas não será um traço dele. Poderá então subentender-se que é a escrita que é dolorosa? «À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica/ Tenho febre e escrevo».
Obrigada.
Num manual do 9.º ano de escolaridade, a oração «onde nos vimos pela primeira vez» na frase «Fui jantar com o Pedro ao restaurante onde nos vimos pela primeira vez.» surge classificada como oração substantiva relativa, desempenhando a função sintática de modificador do grupo verbal. Contudo, a oração em análise não é uma oração subordinada adjetiva relativa restritiva (com função sintática de modificador restritivo do nome)?
É correto dizer «Não faltou ninguém»? Não estamos a dizer o oposto?
Atendendo às frases: «Já que me não querem ouvir os homens» (P.e António Vieira) e «Já que os homens não o querem ouvir», podemos dizer que o pronome me, tal como o pronome o, desempenham a função de complemento direto? Inicialmente, parecia-me inequívoca esta análise, mas, tendo em conta que é possível a construção «Já me ouviram muitos disparates», ponho duas hipóteses: 1.ª – trata-se de um complemento indireto (me); 2.ª – trata-se de um complemento direto e, no último exemplo, a construção exige e admite o complemento indireto (me – a mim) por conter um complemento direto (muitos disparates).
Muito obrigada.
Na frase «A avó deixava o neto mergulhar.», que função sintática desempenha o grupo nominal o neto, complemento direto da forma verbal "deixava" ou sujeito da forma verbal "mergulhar"?
Lâmpada, lamparina, lampejo e... lampreia: são palavras da mesma família? Qual pode ser o significado do radical lamp-, que me parece irmanar todas elas?
Recentemente surgiu-nos a seguinte dúvida sobre a fórmula do batismo. Assim, em vez de «Eu te batizo...» não deveria ser «Eu batizo-te ...»?
Grato pela atenção dispensada.
Gostaria de saber como devemos assinalar o refrão de uma cantiga de amigo, quando fazemos o seu esquema rimático. Alguns livros indicam que devemos registar a letra R para identificarmos o refrão neste tipo de cantigas (ex: aaR/bbR/aaR/bbR); outros referem que devemos seguir a lógica da elaboração do esquema rimático e, neste sentido, mudamos a letra do alfabeto conforme muda a rima das palavras, embora a rima do refrão deva ser registada com letra maiúscula (ex: abbaCC/deedCC/fggfCC). Qual destas situações é a correta?
Obrigada.
«Foi a poesia, antes da psicanálise, que nos tornou conscientes desta perturbante verdade existencial: somos múltiplos, habitados por heróis e vilões que se digladiam em silêncio dentro de nós.» Qual a função sintática desempenhada pela oração introduzida por que, na primeira linha?
Relendo a obra Menino de Engenho, de José Lins do Rego, deparei com a expressão «Entrar por uma perna de pinto e sair por uma perna de pato». Apesar de o contexto ser um guia importante para a compreensão leitora, tenho dificuldade de saber seu sentido idiomático. Poderiam os senhores me dar uma luz?
«As suas histórias para mim valiam tudo. Ela também sabia escolher o seu auditório. Não gostava de contar para o primo Silvino, porque ele se punha a tagarelar no meio das narrativas. Eu ficava calado, quieto, diante dela. Para este seu ouvinte a velha Totonha não conhecia cansaço. Repetia, contava mais uma, entrava por uma perna de pinto e saía por uma perna de pato, sempre com aquele seu sorriso de avó de gravura dos livros de história. E as suas lendas eram suas, ninguém sabia contar como ela. Havia uma nota pessoal nas modulações de sua voz e uma expressão de humanidade nos reis e nas rainhas dos seus contos. O seu "Pequeno Polegar" era diferente. A sua avó que engordava os meninos para comer era mais cruel que a das histórias que outros contavam.» («Menino de Engenho», 2016, Capítulo 20, p. 70)
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