DÚVIDAS

"Estou comendo", II
Obrigado pela resposta à minha consulta, divulgada no dia 16/3/98 sob o título "Estou comendo". Teria sido interessante indigitar a(s) região(ões) de Portugal a partir da(s) qual(is) se disseminou, no Brasil, o uso do gerúndio, em contraposição ao infinitivo consagrado no português europeu e africano. Permitem-me um reparo? Em sua resposta, o consultor de Ciberdúvidas escreveu: "Convenhamos: a língua portuguesa não foi inventada no Brasil." Seguramente que não. Mas tampouco foi "inventada" em Portugal. À excepção do esperanto, nenhuma língua é produto de uma invenção, e sim de um processo evolutivo, etc. etc. Aliás, o teor da resposta de Ciberdúvidas à minha pergunta é, em si, uma boa ilustração do dinamismo desse processo.
"Pais, olhem pelos seus filhos" dif. de "Pais, olhai pelos vossos filhos"
Na capa de uma revista de saúde pode ler-se a frase: pais olhem pelos seus filhos. Depois de a ler várias vezes encontro nela algo que não me soa bem: será a "concordância" de olhem com seus? Quer-me parecer que qualquer coisa naquela frase não estará muito bem ou serei eu que me viciei devido à leitura repetida? Não deveria a frase escrever-se: pais olhem pelos vossos filhos? Grata pela atenção aguardo o vosso esclarecimento.
A dif. de conjunção e de locução
Na frase "O João comeu tanto, que ficou mal disposto", a expressão "tão...que" deverá ser considerada como uma locução (já que dela fazem parte dois elementos constituintes) ou simplesmente uma conjunção, considerando-se que o elemento que a precede, "tão", não faz parte do conjunto. Espanta-me que a maior parte das gramáticas tenha em conta apenas o elemento "que" (conjunção subordinativa consecutiva), quando "de tal forma que" é considerado uma locução. Em minha opinião, a expressão "tão...que", à semelhança de outros casos, morfologicamente, deveria ser também considerada como uma locução. Obrigado pela atenção.
"Pais incapazes de gerir(em)"
«Os pais de uma criança mostram-se incapazes para gerir de forma ajustada e adaptativa o comportamento do filho.» Gostaria de saber se esta frase lhes merece alguns reparos. Concretamente, debato-me com dúvidas nas seguintes passagens: a) incapazes para (ou incapazes de?); b) incapazes para gerir (ou incapazes para gerirem ?). Agradeço que justifiquem as suas respostas, porque, mais do que estes peixes, interessa-me a cana de pesca e a forma de os pescar.
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