DÚVIDAS

Diferença entre lhes e vos
Antes de mais, parabéns e bem hajam por este serviço em prol da língua portuguesa. (espero não estar a escrever erros). A minha pergunta: Faz-me sempre muita confusão quando ouço, p. ex.: apresento-lhes o micro ondas... (publicidade feita pelo cozinheiro António Silva a um microondas). Mas mesmo o Dr. José Hermano Saraiva usa muito o pronome lhes na sua forma singular ou plural quando se refere a nós telespectadores. Não deveria ser apresento-vos, falei-vos, informei-vos? Não sei por quê (está bem este por quê separado?), não tenho grande justificação, mas para mim o sentido que dou a lhes é a eles e vós o de a vocês, portanto, uma forma mais directa.
O verbo sentir-se como reflexivo
A propósito da consulta feita em 9/6/2010 e respondida pela professora Ana Martins, no que se refere aos exemplos dados e à análise feita das frases «O Zé sentiu-se o rei da bicharada», «O Zé sentiu-se insignificante», «As crianças sentiram-se mal», pergunto se não é admissível considerar o verbo sentir-se nesse caso como reflexivo. Nesse caso, teríamos um predicativo de objeto direto, representado pelo pronome se. O verbo sentir é essencialmente transitivo («Sentiu a presença do inimigo»). Assim, na frase «Luísa sentiu o marido desconfiado (sentiu-o)», desconfiado seria predicativo do objeto direto; na frase «Luísa sentiu-se desconfiada (sentiu-se a si própria)», ocorreria o mesmo. Peço ainda opinião sobre a seguinte frase: «Luísa sentiu o marido junto de si.» «Junto de si» poderia considerar-se predicativo do objeto direto? Obrigado.
«Pelo arco-íris» vs. «por o arco-íris»
Tenho uma dúvida suscitada por um amigo meu brasileiro. Esse meu amigo referiu há uns dias que, no Brasil, a frase «estou fascinado pelo arco-íris» é considerada pouco apropriada para um texto erudito. Isto por muitos escritores brasileiros considerarem que a contração pelo, que é resultado da aglutinação da antiga preposição per com o artigo ou pronome lo ou resultado da aglutinação de por e o, é informal e deve ser substituída por «por o», ficando: «Estou fascinado por o arco-íris.» Eu, que sou português, pergunto agora se aqui em Portugal se segue similar ideia. O que será mais conveniente para um texto erudito do português europeu? «Estou fascinado pelo arco-íris», ou «Estou fascinado por o arco-íris»? Desde já agradeço a atenção dispensada.
Réu, acusado, arguido, suspeito, indiciado, culpado
Quando alguém vai responder em tribunal, parece que nunca acertamos com as designações a atribuir à pessoa que vai responder. Já não querem a designação de culpado, porque isso só depois de sentença transitada em julgado; a de réu também não, porque ainda não é culpado; e a de acusado, porque o Ministério Público ainda não deduziu acusação. Parecem preferir a de arguido, de suspeito, de indiciado... fala-se em «alegado agressor», «alegada transgressão», «alegados factos», etc. No entanto, sobretudo em julgamentos do domínio do cível, a cada passo o tribunal se refere ao réu ou à ré, conforme os casos, e continua a citar-se o aforismo «in dubio pro reo». Será confusão, panóplia de eufemismos? Em que ficamos? Muito agradeço uma resposta.
Mal visto e malvisto
Relativamente à resposta dada em 22/04/2008, com o título Grafia de malvisto, gostaria de saber se são aceitas as seguintes frases: 1) «O João foi mal visto, porque chegou disfarçado ao velório.» 2) «A placa foi/ficou mal vista, pois o mato a encobriu.» Outras situações com mal: 3) «O prédio malfeito/malconstruído foi vendido por um preço baixo.» 4) «O prédio foi mal feito/mal construído pela construtora.» 5) «Aquele quadro está/ficou malpintado.» 6) «Aquele quadro foi mal pintado pelo João.» 7) «O texto acima ficou mal-elaborado.» 8) «O texto acima foi mal elaborado pelo consulente.» Há alguma forma de se identificar o mal separado, com hífen, ou "tudo junto" sem hífen, ou o contexto é que definirá entre uma ou outra? Obrigado.
Elementos de uma enumeração: uso de maiúsculas e pontuação
A dúvida prende-se essencialmente com o uso do ponto e vírgula (;). Gostaria que me esclarecessem, com base nos exemplos abaixo constantes, o cenário mais correto. «Objetivos Gerais: – Divulgar e promover a bebida Bubble Tea na nossa Região. – Dar a conhecer a história e o processo de produção do Bubble Tea. – Criar Bubble Teas com produtos regionais.» «Objetivos Gerais: – Divulgar e promover a bebida Bubble Tea na nossa Região; – Dar a conhecer a história e o processo de produção do Bubble Tea; – Criar Bubble Teas com produtos regionais.» [Há quem afirme] que, após a utilização de :, deve começar-se uma enumeração com letra maiúscula e no final a aplicação de um ponto. A minha versão é que, após a utilização de :, deve começar-se uma enumeração com letra maíuscula e no final a aplicação de um ponto e vírgula. [Assim:] – devo [pensar] que, quando se inicia uma enumeração com letra maiúscula, devo terminar a frase com um ponto? – devo concluir que, quando se inicia uma enumeração com letra minúscula, devo terminar a frase com um ponto e vírgula? É assim tão linear esta questão? Todas as gramáticas que consultei, bem como a Constituição da República Portuguesa, art. 70.º, mencionam que cada alínea abre um parágrafo e começa com letra maiúscula e termina com um ponto e vírgula. Obrigada.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa