Pode usar uma ou outra forma, ou seja, ligando o pronome clítico ao verbo principal — dar — (1) ou ao verbo auxiliar (ou semiauxiliar, onde se integram os verbos modais dever e poder1) que, neste caso, ocorre da forma «Pode» (2):
1) Pode dar-me a sua opinião?
2) Pode-me dar a sua opinião?
A colocação dos pronomes nestas sequências verbais formadas pelo verbo auxiliar (ou semiauxiliar) e o verbo auxiliado (que é o verbo principal), denominadas por Cunha e Cintra de locuções verbais, é tratada por estes gramáticos. Sobre esse tema formulam algumas regras, propondo que «nas locuções verbais em que o verbo principal está no infinitivo ou no gerúndio pode dar-se sempre a ênclise ao infinitivo ou ao gerúndio» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 314).
De qualquer modo, o uso tem mostrado que o pronome tanto é usado om o verbo principal como com o verbo auxiliar (ou semiauxiliar), legitimando as duas formas.
Relativamente ao português do Brasil, há «a preferência pela próclise ao verbo principal nas locuções verbais» (idem, p. 317), do que resultaria a segunda frase: «Pode me dar a sua opinião?».
1 «Embora os verbos como poder e dever sejam habitualmente verbos auxiliares, em português esta questão não é linear. De acordo com Gonçalves estes verbos são um tipo especial de verbos semiauxiliares na medida em que apresentam um comportamento duplo. Por um lado, são verbos que podem formar um predicado complexo verbal com o verbo da frase encaixada, comportando-se como não auxiliares, pois o clítico é mantido na frase em que o verbo é gerado e também porque é possível a negação do predicado verbal encaixado. Por outro lado, comportam-se como auxiliares em construções em que o clítico sobe para a esquerda do primeiro verbo.» (Mira Mateus et alli, Gramática da Língua Portuguesa, p. 27)