DÚVIDAS

O valor aspetual de tentar no mais-que-perfeito do indicativo
Caros peritos da língua, Considerem a frase: «Putin descreveu o leste da Ucrânia como "território histórico" da Rússia e voltou a insistir que a Rússia tinha tentado negociar um acordo pacífico antes de enviar tropas, mas "foi enganada".» Como compreender o valor aspetual da construção "tinha tentado negociar"? É télico ou atélico? Isto parece-me ser aberto à interpretação de cada um da frase. Estamos a falar de uma ação/tentativa de fazer um acordo? Ou talvez de uma série de tentativas contínuas que se prolongaram por um longo período de tempo? Não tenho certeza, mas talvez o verbo tentar seja por si só um operador aspetual na frase, cujo valor não consigo determinar. Agradeceria um comentário de um especialista.
A interjeição como classe de palavras e como recurso expressivo
Sou professora de português do 2.º ciclo e precisava da vossa ajuda na seguinte situação: no passado ano letivo (5.º ano) começou a aparecer nos manuais escolares a interjeição como classe de palavras e como recurso expressivo. Parece-me estranho porque no mesmo livro acabamos por ter um termo – interjeição – associado a dois conteúdos diferentes. Esta situação causa alguma confusão na cabeça dos alunos. Gostaria de saber se, do ponto de vista científico, é correto existir esta situação. Muito obrigada.
Oração condicional contrafactual e imperfeito do conjuntivo
Gosto muito do Rúben Amorim e vejo todas as conferências de imprensa dele. Tenho uma dúvida sobre uma frase que ele disse hoje, ou seja (minuto 10:32, Youtube): «O contexto é completamente diferente. Quando jogámos aqui, acho que tínhamos os mesmos pontos ou, se o Porto ganhasse, apanhava-nos na classificação.» Tendo em conta que foi um evento relativo ao passado e hoje não poderia acontecer, não deveria ter dito: «Se o Porto tivesse ganhado, ter-nos-ia apanhado/tinha-nos apanhado na classificação»? Obrigado.
Como distinguir derivação afixal de derivação não afixal
Li por aqui uma resposta de 24/10/2017 ("Derivação não afixal não pode levar afixos") enquanto buscava sanar uma dúvida muito frequente quando trato de processos de formação de palavras em sala. Como identificar se a formação é deverbal/regressiva, formando substantivos, ou sufixal para formação de verbos? No caso, a dúvida surgiu com a palavra processo: trata-se de formação deverbal de processar ou o verbo forma-se, por derivação sufixal, do substantivo processo? Para além desse caso, é possível estabelecer algum parâmetro? Como a referida resposta cita, a única saída seria o conhecimento de história da língua, da origem de cada vocábulo? Muito obrigado!
Origem da palavra escritor
Quando e por que a palavra escritor passou a designar apenas quem escreve (produz) livros? Pergunto isso, pois, justamente, os seguintes autores de textos não são comumente designados de escritores: quadrinista/banda desenhista (de histórias em quadrinhos/bandas desenhadas), piadista (de piadas), charadista (de charadas), citador (de citações) e letrista (de letras musicais)! Obrigado.  
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