DÚVIDAS

Relações fonéticas e gráficas entre palavras
Gostaria que me ajudassem a esclarecer algumas dúvidas relativamente aos conceitos de homonímia e homografia. São conceitos que nunca me suscitaram quaisquer dúvidas, mas ao ler as definições da TLEBS, fiquei confusa. De acordo com a TLEBS, a homografia é a «propriedade semântica característica de duas unidades lexicais que possuem a mesma forma gráfica (homógrafos), formas fonéticas idênticas, mas conservando significados diferentes». O exemplo dado é: «canto – verbo cantar, presente do indicativo, 1.ª p.s. canto – substantivo masculino» A homonímia é definida como a «propriedade semântica característica de duas unidades lexicais que partilham a mesma grafia e/ou a mesma pronúncia, mas que conservam significados distintos». Os exemplos dados são: «Existe homonímia entre: sede – vontade de beber sede – local Existe homonímia entre: canto – verbo cantar, presente do indicativo, 1.ª p.s. canto – substantivo masculino» Julgava que as palavras homófonas se caracterizavam pelas formas fonéticas iguais, tendo, no entanto, formas gráficas e significados diferentes (ex: “conselho”/ “concelho”); e que as palavras homónimas se caracterizavam pelas formas fonéticas e gráficas iguais, mantendo significados diferentes (ex: canto/canto). Assim sendo, consideraria “sede”/”sede” palavras homógrafas, uma vez que apresentam formas fonéticas diferentes ([ɛ] vogal semiaberta e [e] vogal semifechada) e significados diferentes e formas gráficas iguais. Além disso, não consideraria “canto”/”canto” palavras homógrafas, mas sim homónimas.
Sobre a dupla negação: «não... nenhum»
Mesmo depois de ter consultado diversas obras de referência e lido os vários artigos sobre esta questão no Ciberdúvidas, continuo com dúvidas: é incorreto escrever «Ele não tem qualquer razão», com o significado de «Ele não tem nenhuma razão»? É que fico com a sensação de que, na segunda frase, a existência de dois elementos de caráter negativo (não e nenhuma) faz com que se anulem um ao outro, à semelhança da matemática, em que menos por menos dá mais. Assim, será que ao escrever «Ele NÃO tem NENHUMA razão» não estaremos a dizer que ele tem ALGUMA razão (se não tem "nenhuma" é porque tem "alguma")? Sei que os puristas são contra este uso de "qualquer", mas a língua evolui, ou não? Agradeço a atenção e aproveito a oportunidade para vos felicitar pelo vosso magnífico trabalho neste sítio que tão bem defende a nossa amada língua.
O feminino de confrade
Como é sabido, os membros de uma confraria designam-se, genericamente, por confrades. Há dias surgiu, por brincadeira, alguém referindo que as senhoras, membros destas associações, se deveriam chamar confreiras. Daqui em diante foi o caos, surgindo as mais variadas hipóteses. A pergunta final é esta: a palavra confrade, quando aplicada a uma senhora, tem feminino, em português, como parece acontecer, por exemplo, em italiano?
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