DÚVIDAS

A grafia dos pontos cardeais e colaterais
quando referem direções
Já entendi que os pontos cardeais se escrevem com maiúscula inicial quando substantivos (ex.: «o Norte») e minúscula quando como adjectivos (ex.: «o litoral oeste», «a região norte»). Resta-me a dúvida para situações como «este lugar está a oeste daquele», «cerca de 100 metros para norte de Lisboa». Devo escrever com minúscula, tal como fiz, ou com maiúscula? Desde já, agradeço.
Som i e escrita em e
Sempre tive muitas dúvidas quanto à pronúncia de certas palavras, como seja «feminino», «esquisito», «Dinis» e «militar». Será que há alguma regra que diga que dois i, quando são separados por uma consoante, deverá o primeiro ser pronunciado como se de um e se tratasse? eguindo o mesmo raciocínio, será que a regra para palavras como «elemento» e «Helena» é que o primeiro e se pronuncia como i?
A palavra nem e os advérbios de negação
Na Gramática Universal da Língua Portuguesa, de António Afonso Borregana, a palavra nem aparece no quadro dos advérbios de negação. Procurei informação em outras gramáticas e encontrei uma grande diversidade de informação. Pergunto: 1. Nem, além de conjunção, também pode ser advérbio de negação? Em que casos? 2. Apenas a palavra não é advérbio de negação, ou também nunca e jamais? Em Celso Cunha e Lindley Cintra apenas figura não como advérbio de negação... Obrigada.
Vírgulas antes de e e de mas
Parabéns pela iniciativa que fiquei a conhecer através de um jornal. Gostaria que me respondessem, relativamente a três dúvidas que me assaltam sempre que pego num jornal ou sebenta de estudo, que são as seguintes:  – tenho quase a certeza de, na escola primária, ter aprendido que antes das palavras e e mas não se colocam vírgulas;– que não se devem começar frases com E (...) ou com Mas... Estou enganada?
Ainda o «sobretudo, eu imagino que...»
A propósito da resposta «Sobretudo, eu imagino que...», recordo que sobretudo significa aqui acima de tudo. Deverá preceder o verbo, pois é como que um ponto prévio que diz respeito a toda a frase (e não apenas ao predicado), não devendo colocar-se entre o predicado (imagino) e o complemento directo (a oração integrante que se vai seguir, iniciada por “que”). Se se quiser colocá-lo após o verbo, então deverá ser isolado por vírgulas, de modo a que o predicado não fique separado do complemento directo. Sendo assim, ao contrário do que responde Maria Regina Rocha, acho que a frase do consulente («Eu imagino sobretudo que...») pode ser considerada correcta. O próprio Ciberdúvidas (in «Expressões adverbiais e o uso da vírgula», resposta de Teresa Álvares) cita Sá Nogueira: «Os advérbios pospõem-se em regra aos verbos, mas também podem antepor-se, e, quer num caso quer no outro, nunca se separam por vírgulas, a não ser quando haja alguma intercalação.» Na frase em questão, penso que o uso (ou o não uso) da vírgula dependerá daquilo que se quiser dizer. Como não temos contexto, não saberemos qual será a melhor forma, pelo que dificilmente poderemos avançar com algumas «formas correctas» e excluir dessa adjectivação outras formas que poderão ser igualmente correctas. Assim, é possível encontrar situações em que o uso da vírgula que nos sugere a Regina deturpa a ideia que se quer passar. Exemplos: Se eu quiser dizer que há algumas pessoas a imaginar um mundo melhor, mas que quem se destaca mais nesse sonho sou eu, digo: «Sobretudo eu imagino que o mundo pode ser melhor.» O José não liga muito a isto, a Ana interessa-se um pouco, mas sou sobretudo eu (sem vírgula) quem imagina que o mundo pode ser melhor. Outro exemplo: Há pessoas que crêem que o Benfica vai ser campeão; outras desejam que o Benfica seja campeão; outras rezam para que o Benfica seja campeão. Eu faço um pouco disso tudo, mas há uma coisa que eu faço mais que isso: «Eu sobretudo imagino que o Benfica vai ser campeão.» Faço muitas coisas, mas sobretudo imagino. De novo sem vírgulas. Não pode ir entre vírgulas, como se fosse assessório, pois sem ele a frase não faz sentido. Aqui, o advérbio entre vírgulas admitia-se apenas se se quisesse enfatizar. Agora vamos supor que imagino muitas coisas. De todas as coisas que imagino, há uma que me ocupa o espírito mais frequentemente que as demais. Então, poderia dizer-se: «Eu imagino sobretudo que Portugal vai longe neste Euro 2004.» Também imagino que Portugal vai jogar melhor que nunca, imagino que a lesão de Figo vai ser debelada, sim, imagino isso tudo, mas imagino sobretudo que Portugal até nos vai pregar uma enorme surpresa. Novamente sem vírgulas. É a diferença entre «tocar muitas vezes à campainha» (sem vírgulas = tocar 854 099 284 vezes à campainha) e «tocar, muitas vezes, à campainha» (com vírgulas = tocar frequentemente à campainha). Por tudo isto, considero que a frase da consulente não estará necessariamente errada, sobretudo porque não se sabe que ideia se pretende veicular (e repare-se que este sobretudo que acabei de usar também não seguiu entre vírgulas). Ou estarei, afinal, errado, eu?
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa