Crase e locuções: «saíam às cinquenta, às cem moedas...» 
                                        
                                    
                                    
                                    
                                        Lendo Os Maias, deparei-me com este uso da crase:
«Isolou-se então – sem fechar todavia a sua bolsa, donde saíam às cinquenta, às cem moedas...»
O contexto: o rapaz se isolou, mas continuou a fazer caridades.
O uso dessa crase em «às cinquenta» e «às cem» seria análogo àquele da expressão «às pressas», «às escondidas» ou «aos montes» (masc.), como um advérbio?
«Saíam moedas aos montes.»
                                    
                                    
                                    
                                    
                                        
                                            A expressão «estar a fim de (algo/alguém)»
                                        
                                    
                                    
                                    
                                        Na expressão «estar a fim de algo/alguém», e.g., (1) «estou a fim de você» ou (2) «estou a fim de ver um filme», qual função sintática da locução «a fim de» bem como da partícula que a sucede: (1) «você» e (2) «ver um filme»?
Seriam iguais em ambos os casos ou assumiriam funções diferentes?
Desde já exprimo meu sentimento de gratidão e apreço pelo vosso trabalho!
                                    
                                    
                                    
                                    
                                        
                                            A expressão «andar na giraldinha»
                                        
                                    
                                    
                                    
                                        Qual é a forma correta? «Andar na giraldinha» ou «Andar na giraldina»?
                                    
                                    
                                    
                                    
                                        
                                            Modificador do grupo verbal: «nem sempre»
                                        
                                    
                                    
                                    
                                        Gostaria de confirmar a seguinte função sintática:
«Nem sempre consigo fazer o que gostaria.»
«Nem sempre»: modificador
Agradeço, desde já, a atenção.
                                    
                                    
                                    
                                    
                                        
                                            A expressão «fora de órbita»
                                        
                                    
                                    
                                    
                                        Sendo aspirante a tradutor-intérprete, deparo-me, por vezes, com dúvidas relativas ao uso correto de certas expressões (idiomáticas, populares, entre outras).
Neste sentido, venho pelo presente perguntar se é legítimo o uso da expressão «fora de órbita» no seguinte contexto, com o intuito de dar à mesma uma conotação negativa e com o intuito de esta significar que algo é anormal e negativamente muito elevado:
«O ano passado, em algumas águas, as condições revelaram ser de um calor tão inusitado que os níveis de stress térmico estavam ao pé da letra fora de órbita para o sistema de alerta da NOAA.»
Muito obrigado pela atenção!
                                    
                                    
                                    
                                    
                                        
                                            A construção concessiva «por mais» com adjetivo
                                        
                                    
                                    
                                    
                                        «Por mais bondoso que seja, ele não dá a camisa» pode-se dizer também assim «por mais bondoso, não dá a camisa»?
O site da Inteligência Artificial da Google (Gemini) diz que se pode "informalmente" e aparece na literatura. Que exemplos ?
Obrigado
                                    
                                    
                                    
                                    
                                        
                                            Construção comparativa: «a mais do que»
                                        
                                    
                                    
                                    
                                        Aproveito essa oportunidade para agradecer a toda a equipa do Ciberdúvidas o trabalho que têm desenvolvido incessantemente ao longo dos anos. A plataforma tornou-se um recurso mais que valioso para muitos seguidores da lusofonia e, sobretudo, permitam-me aqui uma nota, um meio de preservação e pesquisa de particularidades que destacam precisamente o português de Portugal, bastante e imerecidamente preterido hoje em dia em materiais didáticos estrangeiros e pela Internet fora.
Ao assunto.
1. Apareceu-me uma frase:
«[O sobrinho]… respondeu-me com o braço por cima dos meus ombros, cresceu quase meio metro a mais do que eu e tem gosto em sentir que nos protege (...)» (P., 18/08/24, por B.W.).
Embora eu tenha visto tal uso diversas vezes em edições precolendas portuguesas (Público, etc.), ouvido estar em plena circulação no português do Brasil e tenha sido o fenómeno registado em:
1. Dicionário Priberam
e 2. Infopedia – nos exemplos não verificados pelos editores e na descrição do verbete, sempre me deixa em dúvida a "convivência" das duas expressões, a meu ver, distintas: «qualquer coisa mais (do) que qualquer coisa» e «qualquer coisa a mais».
Na maioria esmagadora dos resultados que obtive ao pesquisar, a preposição a surgia na formação «a mais do que qualquer coisa», enquanto a regência verbal («... corresponde a mais do que metade...») ou nominal («referência/algo referente a mais do que...»), e não como parte da locução comparativa única. Ou, se ocorria «a mais», era seguida de um ponto final: «tantas vezes a mais»; «uns anos a mais»; «ficou com moedas a mais», etc. O mesmo acontecia a «a menos».
Se bem que isto não pareça apresentar uma agramaticalidade, se tanto, será que se precisa de a em «a mais do que» do exemplo exposto?
Em tese, podia (ou devia?) ser algo como: «...cresceu mais alto (do) que eu, ficou com meio metro a mais [ponto final]»?
Haverá cambiantes de acepção ou estilo tanto no contexto do português de Portugal como no âmbito brasileiro?
 Obrigado.
                                    
                                    
                                    
                                    
                                        
                                            Metáfora: «criar/ganhar cama»
                                        
                                    
                                    
                                    
                                        Qual é o significado das expressões «criar cama» e «ganhar cama» usadas em Húmus de Raul Brandão, terceira edição:
«As paixões dormem, o riso postiço criou cama, as mãos habituaram-se a fazer todos os dias os mesmos gestos. Só eu me afundo soterrado em cinza. Terei por força de me habituar à aquiescência e à regra? Crio cama e todos os dias sinto a usura da vida e os passos da morte mais fundo e mais perto. ... e finjo, e o sorriso acaba por ganhar cama, a boca por se habituar à mentira...»
Agradecia a ajuda
                                    
                                    
                                    
                                    
                                        
                                            A locução «em contrário»
                                        
                                    
                                    
                                    
                                        Hoje acordei a questionar-me sobre a expressão «até prova em contrário».
Porquê «em contrário» e não algo como «até prova contrária»?
Obrigado.
                                    
                                    
                                    
                                    
                                        
                                            Os relativos que e «a qual»
                                        
                                    
                                    
                                    
                                        Devemos escrever:
«É proferida decisão, a qual é de imediato comunicada aos interessados.»
ou
«É proferida decisão, que é de imediato comunicada aos interessados.»
                                    
                                    
                                    
                                    