DÚVIDAS

Sobre alguns particípios passados
De vez em quando ouço dicções como estas: abrido, fazido, escrevido, cobrido etc. Sei que são proferidas por pessoas cujos conhecimentos gramaticais são bastante limitados ou praticamente inexistentes. Ainda assim, na qualidade de estudioso do idioma português, não as considero formas errôneas. Parecem-me antes expressões obsoletas, antiquadas, desusadas, não necessariamente erradas. Concordais comigo?
Pronome lhe como realização do sujeito de uma subordinada completiva de infinitivo
No conto Missa do Galo, Machado de Assis escreve: «... e, mais de uma vez, ouvindo dizer ao Menezes que ia ao teatro...» Como se explica esse «ouvindo dizer ao...»? Porque quem diz... diz alguma coisa a alguém, não é? Então, a frase deveria ser «ouvindo dizer o Menezes» ou «ouvindo dizer Menezes»... não é?! Ou a 1.ª opção se justifica? Como?
O uso do calão foder = prejudicar
Venho por este meio pedir o vosso auxílio para a resolução de um problema que muito tem suscitado a minha reflexão. A verdadeira inquietação que lhe subjaz é de natureza ética e antropológica, no seu sentido mais abrangente, mas a base que permitirá constituí-lo como objecto de reflexão e análise ulterior é, manifestamente, filológica. Trata-se do seguinte: quão antigo é o uso do calão foder como expressão corrente para designar «fazer mal»? Qual a origem histórica e linguística dessa associação? Qual o contexto da sua criação e difusão? Terá sido importada? Qual o vestígio literário mais remoto a atestar o seu uso em português? Ciente de que a resposta não será, porventura, fácil, agradeço desde já o seu esclarecimento.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa