Sinergisticamente e sinergeticamente
Gostava de saber se posso usar em Portugal o advérbio sinergisticamente. Em parte esta pergunta já foi respondida mas baseando-se apenas em fontes brasileiras que considero não se adaptarem à realidade portuguesa. E portanto, a dúvida mantém-se.
Radio-ocultação e radiocultação
Qual das seguintes formas seria a mais recomendada: "rádio ocultação", "radio-ocultação", "radiocultação" ou outra?
Trata-se da tradução do termo inglês radio occultation, um fenômeno similar à ocultação astronômica, porém observado através de ondas de rádio ao invés da luz visível.
Para comparação, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras (VOLP-ABL) registra rádio-onda e radionda mas radio-oncologia e radioncologia; já o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa registra rádio-despertador e rádio-gravador.
Obrigado.
Abcesso e abscesso
Sobre abcesso e abscesso, sabendo que ambas as grafias estão corretas, gostaria de perguntar se existe alguma "mais correta" e qual é a mais utilizada.
Obrigada!
A grafia de chutar
Hoje fiz umas pesquisazinhas sobre a etimologia de algumas palavras, dentre elas a palavra chutar.
Todos os dicionários que consultei dizem que chutar vem de chute, que, por sua vez, vem do inglês shoot. Mas isso me pareceu estranho.
Foi-me ensinado que quando aportuguesamos uma palavra do inglês que tem sh, devemos grafá-la com x, até porque não são todos os falantes de português que pronunciam x e ch da mesma maneira. Segundo meus professores, é por esse motivo que shampoo virou xampu.
Mas chute também vem de palavra com sh e mesmo assim escrevemos com ch em português. Por quê?
Só consigo pensar em algumas possibilidades: chute é a exceção à regra (existem outras?); ensinaram-me errado e a regra não existe; "xute" é a forma que mais faz sentido etimologicamente; ou a explicação é alguma outra que não cogitei.
Qual dessas opções é a correta?
O topónimo Núrsia (Itália)
Qual o nome correto para se referir a cidade natal de São Bento, "Nórcia" ou "Núrsia"?
Em uma busca na Internet me aparecem as duas versões simultaneamente.
Deslassar e deslaçar (maionese)
A maionese pode deslassar ou deslaçar, ou ambas? Fica frouxa, logo deslassa, ou perde a consistência que já tinha e, portanto, deslaça?
Obrigada. Obrigada também pelo vosso excelente trabalho.
O ç em nomes indígenas do Brasil
Por que se dá preferência ao ç em palavras de origem indígena?
Ex.: Piraçununga, juçara e açaí.
O adjetivo circunglobal
Como poderei classificar uma espécie de peixe presente em todos os oceanos? "Circunglobal" ou, à semelhança de circum-estelar, "circum-global"?
Obrigada
Taquicardia e ambrósia
Como já foi escrito neste sítio, na Resposta a "Taquicardia" (dada por Carlos Rocha, 13 de novembro de 2013), o consenso académico coloca taquicardia, com o acento [tónico]em di, como a pronúncia correta.
Contudo, a minha dúvida vai no sentido de que o segundo elemento desta palavra provém do étimo grego κᾰρδῐ́ᾱ (kardíā); ao passar esta palavra para o latim científico (fonte de infinitos termos médicos), colocamo-la sob a regra da penúltima, que nos diz que a penúltima sílaba, por ser breve (a sílaba grega original é um iota breve), perde o acento, que passa para a antepenúltima sílaba.
Deste modo, o termo médico em latim científico tachychardia passaria a pronunciar-se com acento na antepenúltima sílaba, como o seu termo cognato em português, taquicardia, do mesmo modo como ocorre na pronúncia espanhola de taquicardia?
(Nota: na Resposta a "A pronúncia e o acento de ambrósia" (Carlos Rocha, 18 de maio de 2021), o iota breve de ἀμβροσία (ambrosía) também faz com que, na transposição latina, o acento passe para a antepenúltima sílaba.)
Úmido vs húmido II
A resposta que D'Silvas Filho deu a uma consulta de 21.12.2007 sobre as variantes úmido e húmido sugere que a variante brasileira (úmido) inovaria relativamente à portuguesa (húmido), embora não escandalizasse (muito), mesmo nos «hábitos europeus» dos portugueses, já que dispensaria um h que não se pronunciava.
É isto verdadeiro apenas em parte, já que, embora o período pseudoetimológico da ortografia nos legasse húmido, era originariamente umidus o étimo latino. Assim, o que era falso cultismo (húmido) se tornou, com o tempo, a forma popular, a qual os formuladores da ortografia oficial brasileira acabariam por preterir em favor do cultismo, este sim, etimologicamente correto, úmido.
Não quero com isto sugerir que o étimo latino correto deva ser o parâmetro por excelência para a definição da aceitabilidade de determinada grafia, até porque, para mim, o parâmetro por excelência é o uso culto efetivo, real, nos nossos dias, pelo que úmido é errado em Portugal, e certo no Brasil, e húmido é errado no Brasil e certo em Portugal.
A minha única intenção foi esclarecer que, diferentemente do que sugeriu D'Silvas Filho, não houve liberalidade brasileira, mas, pelo contrário, rigorismo.
