DÚVIDAS

A origem da locução «em rama»
Deparo-me com a antiga expressão «em rama» utilizada no sector de transformação de produtos como «farinhas em rama (moagem de, por exemplo)», «algodão em rama», «açúcar...», entre outros. Significa algo em bruto, não processado, como por exemplo, a primeira farinha extraída logo após a primeira passagem na mó. Muito comum nas antigas moagens, o termo caiu em desuso nas moagens modernas. Seja como for, não encontro em lado nenhum uma explicação para a origem linguística da expressão «em rama». Apenas a ligação com a outra expressão, «pela rama», ou seja, superficialmente, mas desconfio que esta é que tenha derivado da outra. Obrigado pela atenção.
Gentílicos com hífen
Tenho o hábito de me referir aos naturais/habitantes de Vila Real (de Trás-os-Montes) como sendo "vilarealenses". No entanto, o Dicionário de Gentílicos e Topónimos do Portal da Língua Portuguesa apenas identifica vila-realense como o gentílico daquela cidade. Tendo em conta que existem várias entidades públicas e privadas que usam a palavra "vilarealense" para as suas designações (até houve, em tempos idos, um jornal chamado O Vilarealense), gostaria de perceber se o seu uso é correto no contexto de identificar um natural/habitante de Vila Real. Obrigado.
Lusodescendente e afro-americano
Posso estar muito enganado, mas me parece correto o exato oposto do que o consultor Carlos Rocha, por cuja clareza didática sempre tive, e tenho, muito apreço, respondeu ao consulente Mario Fraga. O oposto parece-me correto ao menos quando se fala de cidadãos de determinada nacionalidade que têm ascendência parcialmente estrangeira: quando se diz «os ítalo-brasileiros», alude-se aos brasileiros de ascendência italiana. Talvez por isso tendo a pensar num encontro franco-italiano como organizado na Itália com colaboração de franceses (ou sobre temas ligados à França). É verdade, porém, que o primeiro termo me parece, em qualquer caso, estar em posição de destaque, realçado em relação ao segundo, mas isto se me afigura naturalmente resultante da sua função de qualificador restritivo do adjetivo italiano: não é um encontro puramente italiano, mas franco-italiano, assim como ítalo-brasileiros se destacam do conjunto dos brasileiros por serem descendentes de italianos, ao passo que os demais brasileiros o serão de outros povos. Enfim, talvez haja alguma lógica diferente subjacente à formação dos adjetivos pátrios compostos quando referidos a ascendências. Não sei dizê-lo. O que, todavia, diria com toda a certeza é que, ao menos no Brasil, um franco-italiano seria, sempre e exclusivamente, um italiano com antepassados franceses, e um ítalo-francês, um francês com antepassados italianos. Se a mesma lógica se aplica à formação dos adjetivos pátrios compostos quando não aplicados à ascendência de pessoas é que não sei dizer.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa