[...] O símbolo informático «@» é usualmente conhecido com o nome de «arroba» somente em dois países: Portugal e Brasil. No resto do mundo diz-se «at», querendo a preposição de língua inglesa significar, neste caso, que em qualquer endereço de correio electrónico, as letras situadas antes do símbolo «@» designam o nome pelo qual o usuário do email é conhecido (mesmo que não seja o nome próprio); e as letras a seguir ao «@» informam-nos acerca do servidor no qual o email desse usuário está alojado. Assim, a utilização do símbolo informático «@» em contexto de escrita (quer dizer, fora da utilização estrita da finalidade de assinalar o email) é um exemplo extremo da devastação linguística, neste caso do politicamente correcto da «ideologia de género», que utiliza o argumento da neutralidade sexual como pretexto para danificar a língua portuguesa.
A utilização do «@» não deve confundir-se com empréstimo de palavras de outras línguas. Do francês, no passado, e do inglês mais recentemente, particularmente do inglês relativo ao contexto informático («hardware», «software», «mouse» etc.). Docentes universitários, inclusive, intoxicados pela epidemia intelectual e cognitiva da «ideologia de género», já começam a dirigir-se aos alunos escrevendo «tod@s», querendo significar «todos e todas» (pelos vistos, já não chega escreverem «todos/as»). Estamos em presença de um erro desvairado e monstruoso de escrita.
A propósito: alguém sabe como é que se pronuncia «tod@s»? Como reagir face à generalização da utilização linguisticamente errada do símbolo «@» na escrita? Apelar aos linguistas conscientes para que denunciem esta monstruosidade? Apelar para a Academia das Ciências?
Após leitura da pergunta aqui já colocada, sobre «Quando usar as palavras câmara ou câmera?», e da vossa resposta [n.º 15129], por Carlos Marinheiro/Carlos Rocha em 21 de abril de 2001, verifiquei que o nosso Instituto Português da Fotografia, em artigo próprio no seu site institucional, aborda esta mesma questão, mas contrariando o sentido da vossa resposta dada em 2001, utilizando argumentação que consideraram a mais correcta para a adopção da terminologia seleccionada neste âmbito, baseando-se «(…) na sua versão do Vocabulário de Termos e Designações para a Fotografia existente na Norma NP 4459:versão 2015, que é a Norma Técnica própria para os profissionais da fotografia. Norma esta que foi criada pela Comissão Técnica para esse efeito, a n.º CT174.
Nesse sentido, evidentemente, dou o benefício da dúvida de que o processo de criação dessa Norma, por essa Comissão, possa ter sido feito sem recurso a profissionais de linguística, desconhecendo se o fizeram ou não. Nesse sentido, venho pedir-vos apoio no contraditório aos argumentos aludidos no respectivo artigo dos mesmos que citei, em termos técnico-linguísticos, para poder validar e, adoptar com todo o rigor qual a diferença dos termos câmara vs. câmera, quando nos pretendemos referir ao caso concreto de equipamentos de fotografia ou de filmagem, por exemplo. Link do artigo: https://www.ipf.pt/site/maquina-camara-ou-camera-fotografica-qual-expressao-correcta/
Muito obrigado.
[N. E. – O consulente segue a ortografia anterior à entrada do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990]
O plural do singular feminino tardoz é masculino? Será correcto dizer "a tardoz", "os tardozes"?
Nos estudos de gramática, notei que, para substantivar (ou nominalizar) palavras como verbos ou advérbios, amiúde se lhes antepõem artigos masculinos (por exemplo, «um não» ou «o jantar»).
A dúvida que vos apresento, no entanto, refere-se ao pronome pessoal do caso reto eu: se substantivado, o pronome será invariavelmente «o eu», ou, em caso de um sujeito feminino, também poderá ocorrer uma forma feminina («a eu»)? Se, por exemplo, uma personagem feminina desejasse escrever uma carta destinada a ela mesma, mas num tempo futuro, poderia, segundo as normas da língua, começá-la com a frase «Escrevo esta carta à eu do futuro»? Ou seria mais adequado «Escrevo esta carta ao eu do futuro», tal como no caso de uma personagem masculina?
Meus sinceros agradecimentos e felicitações pelo excelente trabalho do Ciberdúvidas!
Existe alguma controvérsia sobre a origem etimológica do termo talefe, enquanto sinónimo de marco geodésico. Terá alguma relação com a palavra telégrafo?
Acerca do termo grego Γοργόνειον (Gorgóneion), há alguma forma aportuguesada registrada e/ou há alguma sugestão de aportuguesamento? Existe ao menos um equivalente em latim a partir do qual é possível se basear?
Estou a ensinar o infinitivo pessoal aos meus [alunos] e quero acabar a aula comentando alguns usos mais complexos (e talvez poéticos). Pensei em usar o título da canção "O Quereres" de Caetano Veloso mas ainda não consegui encontrar uma boa explicação para este uso. Neste caso "O quereres" equivale a «o facto de quereres»?
Obrigado por qualquer esclarecimento.
IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) é sigla ou acrónimo?
Gostaria de saber qual é a regência verbal do verbo incorporar, a preposição a ou em, para textos que requerem mais formalidade, como provas e relatórios. Ex: «Ele incorporará os vencimentos ao/no salário.» e «Todos foram incorporados às/nas fileiras.»
Obrigado.
Gostaria que me esclarecessem sobre o processo de formação da palavra pormenor. É um processo de composição?
Obrigado
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