Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Discurso/Texto
Sofia Carvalho Estudante Lisboa, Portugal 20K

Tenho dúvida sobre o tipo de modalidade presente nos seguintes enunciados:

1. A cor da parede é bonita.

2. É inaceitável defender a escravatura.

É epistémica com valor de certeza ou apreciativa e porquê?

Muito obrigada pela vossa ajuda.

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 2K

«Mas, se tudo isso era espantoso, não menos o era a luz, que não vinha de parte nenhuma, porque os lustres e castiçais estavam todos apagados; era como um luar, que ali penetrasse, sem que os olhos pudessem ver a lua; comparação tanto mais exata quanto que, se fosse realmente luar, teria deixado alguns lugares escuros, como ali acontecia, e foi num desses recantos que me refugiei.»

O trecho acima foi pinçado do extraordinário conto "Entre Santos", do não menos extraordinário Machado de Assis (1839-1908).

O período todo proporcionaria uma alentada aula de sintaxe, mas me atenho somente à oração «quanto que teria deixado lugares escuros». Como analisá-la sintaticamente?

Muito obrigado.

Patrícia de Souza Professora Niterói, Brasil 38K

A frase «Que dia é hoje?» é uma interrogativa direta. A frase «Veja que dia é hoje» é uma interrogativa indireta.

E a frase «Você pode ver que dia é hoje?» se enquadra em direta ou indireta? Por quê?

José Luís Sincer e Sepúlveda Enfermeiro Valongo, Portugal 2K

No âmbito da gestão, encontro com bastante frequência a palavra "calculativo" associada ao modelo de Meyer e Allen, nas traduções para português. No entanto, fico com dúvidas se, na realidade, esta palavra existe em português, ou se é mais uma tentativa de tradução forçada de um termo estrangeiro, e se não seria mais apropriado utilizar-se o termo "calculista".

Marco Cunha Estudante Lisboa, Portugal 10K

Quando é que se deve usar o artigo indefinido e quando é que se o deve[*] omitir?

Nalgumas situações os substantivos soam melhor com artigo e noutras soam melhor sem artigo.

Por exemplo, as frases «tens namorada?» e «sou professor» soam melhor do que as frases «tens uma namorada?» e «sou um professor», mas as frases «comprei uma camisola» e «ontem falei com uns turistas espanhóis» soam melhor do que as frases «comprei camisola» e «ontem falei com turistas espanhóis».

 

[*N.E. – Mantém-se a sequência «se o», embora a sua gramaticalidade seja controversa.]

Shirley Martins Química Lisboa, Portugal 6K

É muito comum no Brasil usarmos o termo «meia dúzia» com o sentido de «seis», principalmente em comunicações telefônicas e aéreas, para que em caso de algum ruído na comunicação, não se ouça três, no lugar de seis. Logo, «meia dúzia» facilita a compreensão de que falamos de 6, e não três.

Pois bem, uma pessoa grosseira me corrigiu, quando eu fornecia meu telemóvel, e citei um dos dígitos como «meia dúzia», com o intuito de facilitar a compreensão. A pessoa respondeu que «meia era para pés». A pessoa compreendeu exatamente o que eu quis dizer, pois após longos anos de troca entre Brasil e Portugal, muitos conhecem muito bem nossas expressões.

Eu não corrijo um americano, quando ele me diz que um artigo custa, por exemplo, 10K. Isso faz parte do dinamismo da comunicação, cada língua tem expressões ou gírias, que podem ser entendidas por outros, sem que isto cause constrangimento.

A pergunta é se  posso usar «meia dúzia», no lugar de seis, sem estar incorrendo num erro gravíssimo, que me leve à "guilhotina" (ironia) ?

Lucas Tadeus Oliveira Estudante Mauá, Brasil 6K

Quando se passou a tratar por vós a pessoa respeitável que conheçamos, em vez de usá-lo, esse pronome, a referir a várias pessoas?

E quando surgiram os demais pronomes de tratamento, como Senhor, Vossa Mercê (você/"cê") e tantos outros.?

Os latinos os usavam, tinham os seus próprios ou não possuíam esse tipo de pronome, preferindo apenas os velhos e bons tu e vós àqueles?

Alexandre Rubert Estudante Alvorada, Brasil 2K

A figura de linguagem zeugma refere-se apenas à omissão de termo já mencionado dentro da mesma oração ou também à omissão de termo mencionado em oração anterior?

Exemplo: «Pedro foi ao mercado ontem. Depois passou na oficina. Quando estava indo (*), encontrou Carlos.»

Na terceira oração se omite o termo «ao mercado», mencionado na primeira oração. Nesse caso, trata-se de zeugma ou de elipse, por o termo omitido não estar na mesma oração?

Obrigado.

Misael Abreu Professor Simão Dias, Brasil 21K

No período «O transporte é público, já o corpo da mulher não», a palavra pode ser considerada uma conjunção?

Observo que ela acrescenta, de alguma forma, uma ideia de oposição, como se fosse uma conjunção coordenativa adversativa. No entanto, não consegui encontrar nenhuma gramática que a classificasse dessa maneira.

Existe uma lacuna nos manuais ou essa classificação de fato não é possível? "seria, então, um advérbio? Que circunstância indicaria? E que diferença de sentido existiria entre o uso dessa palavra e de mas, por exemplo?

Pergunto ainda se a pontuação da frase em análise está adequada.

Obrigado.

Carlos Garcia Professor Porto Alegre, Brasil 5K

Gostaria de saber se está correta a substituição de portanto por pois nesse caso:

«João não tirou a nota mínima na prova. Não pode ser aprovado, pois.»

Obrigado.