No âmbito da gestão, encontro com bastante frequência a palavra "calculativo" associada ao modelo de Meyer e Allen, nas traduções para português. No entanto, fico com dúvidas se, na realidade, esta palavra existe em português, ou se é mais uma tentativa de tradução forçada de um termo estrangeiro, e se não seria mais apropriado utilizar-se o termo "calculista".
Quando é que se deve usar o artigo indefinido e quando é que se o deve[*] omitir?
Nalgumas situações os substantivos soam melhor com artigo e noutras soam melhor sem artigo.
Por exemplo, as frases «tens namorada?» e «sou professor» soam melhor do que as frases «tens uma namorada?» e «sou um professor», mas as frases «comprei uma camisola» e «ontem falei com uns turistas espanhóis» soam melhor do que as frases «comprei camisola» e «ontem falei com turistas espanhóis».
[*N.E. – Mantém-se a sequência «se o», embora a sua gramaticalidade seja controversa.]
É muito comum no Brasil usarmos o termo «meia dúzia» com o sentido de «seis», principalmente em comunicações telefônicas e aéreas, para que em caso de algum ruído na comunicação, não se ouça três, no lugar de seis. Logo, «meia dúzia» facilita a compreensão de que falamos de 6, e não três.
Pois bem, uma pessoa grosseira me corrigiu, quando eu fornecia meu telemóvel, e citei um dos dígitos como «meia dúzia», com o intuito de facilitar a compreensão. A pessoa respondeu que «meia era para pés». A pessoa compreendeu exatamente o que eu quis dizer, pois após longos anos de troca entre Brasil e Portugal, muitos conhecem muito bem nossas expressões.
Eu não corrijo um americano, quando ele me diz que um artigo custa, por exemplo, 10K. Isso faz parte do dinamismo da comunicação, cada língua tem expressões ou gírias, que podem ser entendidas por outros, sem que isto cause constrangimento.
A pergunta é se posso usar «meia dúzia», no lugar de seis, sem estar incorrendo num erro gravíssimo, que me leve à "guilhotina" (ironia) ?
Quando se passou a tratar por vós a pessoa respeitável que conheçamos, em vez de usá-lo, esse pronome, a referir a várias pessoas?
E quando surgiram os demais pronomes de tratamento, como Senhor, Vossa Mercê (você/"cê") e tantos outros.?
Os latinos os usavam, tinham os seus próprios ou não possuíam esse tipo de pronome, preferindo apenas os velhos e bons tu e vós àqueles?
A figura de linguagem zeugma refere-se apenas à omissão de termo já mencionado dentro da mesma oração ou também à omissão de termo mencionado em oração anterior?
Exemplo: «Pedro foi ao mercado ontem. Depois passou na oficina. Quando estava indo (*), encontrou Carlos.»
Na terceira oração se omite o termo «ao mercado», mencionado na primeira oração. Nesse caso, trata-se de zeugma ou de elipse, por o termo omitido não estar na mesma oração?
Obrigado.
No período «O transporte é público, já o corpo da mulher não», a palavra já pode ser considerada uma conjunção?
Observo que ela acrescenta, de alguma forma, uma ideia de oposição, como se fosse uma conjunção coordenativa adversativa. No entanto, não consegui encontrar nenhuma gramática que a classificasse dessa maneira.
Existe uma lacuna nos manuais ou essa classificação de fato não é possível? Já"seria, então, um advérbio? Que circunstância indicaria? E que diferença de sentido existiria entre o uso dessa palavra e de mas, por exemplo?
Pergunto ainda se a pontuação da frase em análise está adequada.
Obrigado.
Gostaria de saber se está correta a substituição de portanto por pois nesse caso:
«João não tirou a nota mínima na prova. Não pode ser aprovado, pois.»
Obrigado.
Na região do Minho, é comum dizer-se «falar à taxi» (penso ser assim que se escreve) como sinónimo de «falar à toa».
Gostaria de saber qual a origem desta expressão e se se trata, efetivamente, de um regionalismo.
Gostava de saber a diferença, mesmo que fosse muito subtil ou ligeira, entre os termos «história de encantar» e «conto de fadas».
Contexto: «Os contos de fadas/As histórias de encantar nunca se caracterizaram pela sua credibilidade, já que o seu público-alvo são as crianças.»
Mais um: «Eu não tenho nada mais p'ra te dar/ Esta vida são dois dias e um é para acordar/ Das histórias de encantar/ Das histórias de encantar (Viagens, Pedro Abrunhosa – 1994)
Com os meus agradecimentos, queria desejar-lhes um ótimo início do verão.
Posso dizer «Eu e os meus amigos», ou «Os meus amigos e eu»?
Uma falante da língua francesa disse-me que em francês não pode existir a segunda possibilidade[1], mas na língua portuguesa não me soam mal ambas as hipóteses supracitadas. Estarei errada?
Grata pela vossa atenção.
[N.E. (1/07/2019) – Trata-se de um equívoco, porque em francês, por uma questão de delicadeza, o recomendado é «mes amis et moi» (= «os meus amigos e eu»), ou seja, o pronome de 1.ª pessoa vem depois da referência a outras pessoas – «ma femme et moi» (= «a minha mulher e eu»), e não «moi et ma femme»). Cf. moi na versão em linha do Dictionnaire Larousse)].
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