DÚVIDAS

Os tempos verbais nas atas de reunião:
«disse que deveriam....» vs. «disse que deverão»
Solicito que me informem qual das versões, do parágrafo que se segue, está correta. Muito obrigado. Versão A: No quarto ponto da ordem de trabalhos, outros assuntos, a presidente da reunião disse que os diretores de turma deveriam, dentro do prazo que considerassem razoável, tendo em conta as especificidades das turmas, proceder à eleição dos delegados e subdelegados de turma. Deveriam, também, reunir[-se] com os encarregados de educação, até quatro de outubro, convocando-os através da caderneta do aluno. Nessas reuniões, deveriam prestar informações sobre a turma, e funcionamento da escola, nomeadamente, horário e professores da turma, horário de atendimento do diretor de turma, apoios, clubes e projetos, ocupação plena dos tempos escolares, projeto de educação para a sexualidade, plano de turma, regras e procedimentos a cumprir. Era importante, também, reforçar, junto dos pais a necessidade de estes alertarem os respetivos educandos para a importância do seu bom comportamento na escola. Nas mesmas reuniões deveria, ainda, proceder-se à eleição, por voto secreto, dos representantes dos pais e encarregados de educação de cada uma das turmas. Os diretores de turma deveriam, posteriormente, comunicar à direção os nomes dos delegados e subdelegados de turma, assim como os dos representantes dos pais e encarregados de educação, se possível, com a indicação, também, dos respetivos e-mails. Versão B: No quarto ponto da ordem de trabalhos, outros assuntos, a presidente da reunião disse que os diretores de turma deverão, dentro do prazo que considerassem razoável, tendo em conta as especificidades das turmas, proceder à eleição dos delegados e subdelegados de turma. Deverão, também, reunir[-se] com os encarregados de educação, até quatro de outubro, convocando-os através da caderneta do aluno. Nessas reuniões, deverão prestar informações sobre a turma, e funcionamento da escola, nomeadamente, horário e professores da turma, horário de atendimento do diretor de turma, apoios, clubes e projetos, ocupação plena dos tempos escolares, projeto de educação para a sexualidade, plano de turma, regras e procedimentos a cumprir. É importante, também, reforçar, junto dos pais a necessidade de estes alertarem os respetivos educandos para a importância do seu bom comportamento na escola. Nas mesmas reuniões deverá, ainda, proceder-se à eleição, por voto secreto, dos representantes dos pais e encarregados de educação de cada uma das turmas. Os diretores de turma deverão, posteriormente, comunicar à direção os nomes dos delegados e subdelegados de turma, assim como os dos representantes dos pais e encarregados de educação, se possível, com a indicação, também, dos respetivos e-mails.
Juízo vs. julgamento
Gostaria de saber qual é a relação entre juízo e julgamento, em que situações é que as duas palavras são sinónimas. Tinha ideia de que a palavra juízo dizia respeito, em geral, à avaliação da qualidade de uma coisa (sob uma perspectiva moral ou outra) e à opinião que dela se forma e que julgamento diria respeito ao processo jurídico e à sentença que dele resultaria. No entanto, tenho reparado que muita gente usa a palavra julgamento com o sentido de juízo referido atrás, mas nunca o contrário. À primeira vista pareceu-me que esta troca de significados estaria relacionada com a tradução de inglês para português através da proximidade gráfica e fonética (tradução de judgment para julgamento em vez de juízo) como acontece com as traduções de luxury para luxúria em vez de luxo, library para livraria em vez de biblioteca, port para porta em vez de porto, entre outras. Fiz uma pesquisa superficial pela Internet e fiquei ainda mais confuso quanto ao significado das duas palavras (e ainda se complicou mais quando juntei os verbos julgar e ajuizar na mistura), por isso, agradeço qualquer esclarecimento.
Sobre o cartaz «Óbidos, Vila Natal»
Há uma campanha recente cuja apresentação levantou algumas dúvidas de análise, cujo link [está aqui]. O texto linguístico é: «Óbidos Vila Natal»; «Das 18h00 de 22 de Novembro/ Às 18h00 de 24 de Novembro, 3,50/ Bilhete/ Campanha Especial Natal» (texto em destaque). «Compra mínima de 4 bilhetes e máxima....» (letras mais pequenas). Ora, considero o texto «Óbidos Vila Natal» uma marca, com um logótipo respetivo, e o restante texto em destaque o slogan. O texto em letras mais pequenas será a argumentação. Há quem considere o texto «Óbidos Vila Natal» como um slogan. Estará correto? Para confirmar a minha opinião, verifico que existem notícias com o título «Já há bilhetes para o Óbidos Vila Natal». Portanto, este evento amplamente conhecido é, a meu ver, uma marca, que anualmente apresenta diferentes frases apelativas, ou seja, slogan. Grata pela atenção.
A diferença entre o pretérito perfeito do indicativo e o pretérito imperfeito do indicativo
Esta questão foi-me colocada por um estrangeiro que está a aprender português. Na frase «tu nunca _____ fome», o verbo ter pode ser conjugado tanto no pretérito perfeito (p.p.) como no pretérito imperfeito (p.i.), tendo as frases resultantes significados diferentes: «Tu nunca tinhas fome.»(p.i.) – entendo esta frase como: «Nesse período em particular tu não passaste fome» – vs «Tu nunca tiveste fome» (p.p.) – entendo esta frase como: "Tu nunca passaste fome na vida." Neste caso, aparentemente, o pretérito imperfeito define um período específico, enquanto o pretérito perfeito se refere a um período indefinido de tempo. Tenho, portanto, bastante dificuldade em explicar o que se está aqui a passar gramaticalmente. Podem esclarecer-me esta dúvida, por favor?
Um caso de catáfora num exame de Português
Gostaria de saber em que medida a expressão seguinte configura uma catáfora. O exercício, de um exame de português de 12.º ano, diz assim: «O recurso à expressão "tudo o que Fernando Pessoa não pode ser" configura uma... Catáfora, reiteração, anáfora ou elipse. (Escolha múltipla)» As soluções indicam «catáfora». Contexto: «(...) a verdade é que é de Caeiro que irradia toda a heteronímia pessoana, pois ele é tudo o que Fernando Pessoa não pode ser: uno porque infinitamente múltiplo, o argonauta das sensações, o sol do universo pessoano.» Neste caso «ele» é o correferente, e «tudo o que o Fernando Pessoa não pode ser», o referente, uma vez que na catáfora o correferente aparece antes do referente? Gostaria que me elucidassem, pois fiquei confusa. Obrigada.
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