Com chancela da Bertrand Editora, Miguel Esteves Cardoso (MEC) publicou, em julho de 2024, Como Escrever, obra que oferece conselhos práticos sobre a escrita, numa abordagem reflexiva e pessoal.
Efetivamente, a obra em causa é uma reflexão profunda e prática sobre o ato de escrever. Com o humor e a irreverência que caracterizam o autor, a obra vai além de conselhos formais, convidando o leitor a abraçar a escrita como um processo criativo, quase terapêutico, que não deve ser reprimido pela busca incessante da perfeição – «para escrever, é preciso esquecer a questão da qualidade» (pág. 16) – ou por padrões imposto. MEC enfatiza que o tédio, muitas vezes temido, é na verdade uma ferramenta essencial para gerar ideias, e incentiva os leitores a estarem sempre prontos para capturá-las, seja com papel e caneta ou através de meios digitais.
O autor reforça, na obra, a importância de a escrita ser uma prática constante e pessoal, dissociada de qualquer pressão externa, como a opinião alheia ou mesmo o mercado editorial. Segundo ele, os aspirantes a escritores não devem procurar inspiração em leituras externas, pois «o mal vem de copiar modelos feitos e impostos por outras pessoas, tidos por corretos ou desejáveis» (pág. 12). Além disso, critica os conselhos tradicionais, afirmando que «quando olho para os conselhos que se dão a quem quer escrever, parecem-me todos excelentes conselhos para nunca mais escrever nada na vida. Um desses conselhos é “ler, ler, ler” ou, pior ainda, “ler os bons autores”» (pág. 113). A verdadeira chave para escrever bem é, na verdade, o próprio ato de escrever. Esse conselho subverte o cliché de que ler muito é a melhor forma de aprender a escrever; para o autor, o essencial é desenvolver uma voz própria e autêntica, alimentada pela prática constante
Além disso, o livro de MEC é um convite à autenticidade. A originalidade, para ele, nasce da experiência pessoal e do que cada indivíduo tem de único a oferecer. Ele também desmistifica a ideia de que escrever deve ser um processo solitário, o autor acha mesmo «para começar a escrever é preciso ter cúmplices» (pág. 121) e que «o escritor faz parte de uma equipa» (pág.122).
Em resumo, Como Escrever é uma obra que encoraja quantos queiram persistir, explorar as suas ideias sem medo e cultivar o hábito de escrever como uma prática diária e prazerosa. É um livro que celebra a escrita como um ato pessoal e libertador, capaz de trazer sentido à vida em meio ao caos do dia a dia.
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