O segundo volume da obra «As cores de Abril», denominado «Abril, o sonho em construção», apresenta, tal como o primeiro volume, um conjunto de artigos sobre a revolução que teve lugar a 25 de Abril de 1974 no âmbito das comemorações dos seus cinquenta anos. A sua publicação é, para os seus editores, uma celebração da conquista da liberdade e pretende contribuir «para a preservação da memória de um momento histórico transformador da nossa vida coletiva (…) [e] para “não deixar murchar a flor”, transformada em símbolo de liberdade em Portugal» (pág. 9).
Enquanto o primeiro volume estava centrado sobretudo nos acontecimentos que ocorreram no chamado processo revolucionário, este segundo apresenta trabalhos que abordam os reflexos da democracia conquistada em abril de 74 em diferentes áreas da vida de todos os portugueses como, por exemplo, a educação. Neste sentido, destacamos o texto «Educação: último reduto do combate», da autoria de Rui Pereira (Universidade Lusófona), que discute a educação como um projeto inevitavelmente político, ligando questões políticas à evolução da educação em Portugal. Na ótica deste autor é a dimensão inevitavelmente política que faz com que «falar da escola do presente tem sido sempre e não pode ser outra coisa que não uma fala sobre a sociedade do futuro, bem se sabendo que será na educação e no seu combate que este meio século poderá estruturalmente vir a ganhar-se ou a… perder-se» (pág. 194).
No contexto da temática da linguagem, destacamos o artigo «Muros e Vozes: temáticas e linguagens dos cartazes de Abril», assinado por Rosa Lídia Coimbra, Carlos Morais e Maria Fernanda Brasete (Universidade de Aveiro), que analisa a designada paisagem linguística urbana presente nos cartazes, grafitos e murais que pintaram as paredes de Portugal a seguir à revolução. Por fim, sublinhamos ainda o texto «Educar é lançar sonhos: o meu 25 de Abril», de Conceição Lopes (Universidade de Aveiro), um testemunho pessoal da autora sobre os acontecimentos que fizeram desenrolar a revolução e o início do processo democrático.
Resumidamente, este segundo volume da obra «Abril, o sonho em construção» oferece ao seu leitor um conjunto de reflexões e testemunhos sobre os desafios que a democracia conquistada em 25 de abril de 1974 têm vindo a impor à sociedade portuguesa. No entanto, é preciso não esquecer que o Portugal democrático de hoje é sempre melhor do que o Portugal anterior à revolução e, para tal, são necessárias obras como estas que contribuem para a preservação da memória histórica.
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