Teresa Moure, professora de Linguística Geral na Universidade de Santiago de Compostela, ao longo de dez capítulos estruturados em três partes distintas, permite-nos viajar pelos séculos, analisando o destaque dado – ou não! – à investigação feminina em diversas áreas sempre, ou maioritariamente, ligadas à comunicação e à linguagem.
Partindo da constatação de que singrar na investigação e ser reconhecida pelo seu trabalho tem sido, ao longo dos tempos, uma tarefa difícil para a mulher que se aventura por essas vias, vai dando uma perspetiva histórica interessante que situa o leitor em tempos diversos com problemáticas também diversas.
Assim, o leitor é conduzido através de uma perspetiva feminina, ou feminista, pelos caminhos da Criptografia, da Tradução, da Primatologia, da Antropologia, da Arqueologia, da Linguística, da Gramática. Neste capítulo aborda problemas relacionados com algumas propostas inovadoras de representar a diversidade, refletindo sobre o uso do feminino nas profissões (médica, "gerenta"… – p. 183) ou usos do plural alternativos ao tradicional masculino (companheir@s, companheir*s, companheirXs – p. 208).
Ao longo do texto, a autora vai dando relevo ao trabalho de muitas investigadoras, nas mais diversas áreas, contextualizando sempre o seu trabalho no tempo e no espaço. Nos últimos capítulos, a autora, partindo de ações já desenvolvidas, reflete sobre abordagens e formas de continuar, com vista à alteração de modelos mentais sentidos como inadequados numa sociedade cada mais diversa.
O livro aborda, de forma atrativa, clara e abrangente, questões fraturantes dos atuais debates sobre género e linguagem inclusiva. Tem também o interesse de ser mais uma publicação que vem da Galiza, escrito em português, de acordo com outro compromisso da autora, o de aproximar a Galiza do mundo lusófono.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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