Fazendo eco do livro que o linguista português Fernando Venâncio publicou com enorme sucesso em 2019 (Assim Nasceu Uma Língua, Guerra e Paz), nesta publicação de 2023 da Através Editora, o autor, José João Rodrigues (ou  Xosé Xoán Rodríguez), dá conta do que foi o processo de codificação ortográfica e morfológica do galego desde o período final do franquismo. É, portanto, um ensaio interpretativo que vai do pós-guerra – desde aquilo que no livro se denomina Protossistema Cultural Galego (PSCG) – até à democratização de Espanha e à emergência das comunidades autónomas regionais, entre elas, a da Galiza.

A obra reparte-se em três grandes secções: "Antecedentes, contexto sócio-históico e reconstrução do PSCG no pós-guerra" (pp. 31-76); A Língua para quê?" (pp. 77-96); e "A Corrida Linguística" (pp. 97-208). Uma Síntese (pp. 219-222) e um Epílogo (pp. 223-226) rematam este livro. Em todas as páginas, o leitor apercebe-se da importância que tiveram em todo este processo três intervenientes: a Editorial Galaxia, a Real Academia Galega (RAG) e o Instituto da Língua Galega (ILG).

No prólogo, da autoria do professor universitário Elias J. Torres Feijó (Universidade de Santiago de Compostela), lê-se:

«Até que, finalmente, temos umha análise sociopolítica do processo e tomada de decisões em relação à norma linguística do galego! Umha excelente notícia para quem desejar entender a sua constituição, mesmo que a vivesse até de modo protagónico. A importância do facto acresce ainda por o objeto do estudo tratar-se dum dos processos económicos, sociais, políticos e culturais da Galiza contemporânea mais relevantes: a definição da norma linguística galega e o uso que o aparelho institucional e comercial e a sociedade irá dar-lhe. Oxalá, não seja o texto lido (ao menos, apenas) para andar à procura de justificação das próprias posições ou de afinidades empáticas. Tomara que se leia como documento para pensar o futuro e atuar no presente.»

Um ensaio com certeza polémico, mas que contribui para retomar uma discussão longe de terminada, a bem do futuro da língua galega.