Revisores de texto residuais, editores residuais, chefes de redação e diretores residuais – as razões apontadas pelo jornalista Wilton Fonseca sobre «a maré de erros que ameaça afogar [um] jornal (…) que já teve um alto padrão de qualidade.»
Na sua página [de] domingo [11/12/2011] o provedor do leitor do “Público” abriu o coração e mostrou o desânimo de quem está cansado de lutar contra a maré de erros que ameaça afogar o jornal. Segundo ele, a frequência de erros (não só de português) – na edição impressa e na eletrónica – é superior ao que é tolerável num jornal de qualidade.
Será o “Público” muito diferente dos restantes jornais? É verdade que tem mais erros de português do que os seus concorrentes. Também é verdade que teve um alto padrão de qualidade, que infelizmente vem perdendo, de edição para edição. Leitor fiel desde o primeiro dia, pergunto-me quando é que vou criar coragem para deixar de comprar o jornal. Aos sábados já não o faço. No próximo domingo o mesmo irá acontecer. São os dias da semana em que o jornal escolheu ser mais “magazinesco”, com longos artigos e reportagens “intemporais”, sem as devidas revisões, campo fértil para os mais variados tipos de erro.
É como o produto industrial que não é submetido a um controle de qualidade. O problema reside no facto de a figura do revisor de texto ter sido legada a um plano «residual», disse o provedor. A meu ver, não são apenas os revisores residuais. São os editores residuais, chefes de redação e diretores residuais, jornalistas residuais a fazer jornalismo residual para uma sociedade em que todos os valores também parecem ser residuais.
In jornal i, de 16 de dezembro de 2011, na crónica semanal do autor, Ponto do i, que assinala alguns erros na escrita jornalística, em Portugal