Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.
«O português não merece ser tão maltratado»

Por ocasião do Dia da Língua Portuguesa em 5 de maio p.p., o locutor e apresentador de televisão Vasco Palmeirim e a banda D.A.M.A levaram ao programa da manhã da Rádio Comercial uma nova e divertida versão de um dos êxitos deste grupo, a canção Às Vezes – à volta dos "há-des" e dos "houveram", das "sandes" e das "salchichas", e do que mais anda por aí de mal dizer e mal escrever o português. A letra e o respetivo vídeo, a seguir:

 

Refrão:

Às vezes, oiço cada coisa e não fico OK

Como dizer mal ( escrevendo bem (precariedade)" class="img-adjust">

Precariedade, pre-ca-rie-dade. Porque será que o secretário-geral da CGTPArménio Carlos, diz sempre "precaridade", se até nos cartazes das manifestações da central sindical de que ele é o principal dirigente a palavra vem sempre corretamente escrita?! (...)

Humanitário?

O indevido emprego do adjetivo humanitário em vez de humano – neste apontamento do autor no blogue Tudo Menos Economia.

Erro dito, erro (não) publicado?

«Alguma vez sente que Portugal é muito pequeno para si?

Não sei... Às vezes há coisas que gostava de fazer e [penso] que se calhar não são tão aceitáveis. Isso talvez vá de encontro à pergunta. Mas nós vamos crescendo e, sobretudo com a Internet, o mundo tornou-se muito pequenino. Há tipos na Malásia que eu considero meus vizinhos, porque hoje praticamente vemos as coisas a acontecer em direto.»

(...)

Aparentemente, Marcelo

Apontamento que o escritor, ensaísta e linguista português Fernando Venâncio publicou na sua página do Facebook, em 14/12/2014, sobre o uso incorreto de aparentemente à francesa ou à inglesa, ou seja, como decalque semântico dos advérbios modalizadores apparemment e apparently.

 

Marcelo Rebelo de Sousa  [no seu comentário político, na TVI] conseguiu não chegar aos 20 empregos de «aparentemente», mas andou lá perto.

Por uma campanha de alfabetização de economistas,  <br>gestores e deputados
O jargão profissional, espécie de língua estrangeira

A propósito da audição, na comissão de inquérito do parlamento português, dos três principais envolvidos no caso do Banco Espírito Santo (caso BES) – Ricardo Salgado, José Maria Ricciardi e Pedro Queiroz Pereira –, o comentador Daniel Oliveira critica o jargão opaco e anglicizado de economistas, gestores e deputados numa discussão que, sendo pública, deveria tornar-se linguisticamente transparente e acessível ao comum dos cidadãos. E, já agora, imune a imprecisões muito comuns no meio quando se trocam os biliões pelos mil milhões...

[Texto publicado no jornal Expresso em 11/12/2014, a seguir transcrito com a devida vénia.]

Uma rajada de

A errada pronuncia do plural da palavra acordo, neste  triplo tropeção do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa,no papel de comentador político na SIC Notícias

Motorista salvou morte?!

 

Alguém gostaria de salvar a morte?!1

 

Quem o motorista salvou da morte, como se refere na notícia, foi o homem que se preparava para se atirar à água, «do meio da ponte 25 de Abril». Logo, o título teria de ter outro verbo. Por exemplo: «Motorista evitou morte na ponte».

 

 

 

Outros textos da autora

«Reservado é você»

«Que coisa pode dizer-se "reservado"? Este lugar, onde hão-de sentar-se pessoas para almoçar ou jantar, está reservado? O uso ou usufruto desta mesa está temporariamente reservado para quem telefonou primeiro a reservá-lo?»

[in jornal "Público" de 4/11/2014]

 

 

<i>Deplorável</i> não é a palavra certa

Um inapropriado uso lexical abordado nesta crónica do autor, que se transcreve com a devida vénia, do "Diário de Notícias" de 3 de novembro de 2014, intitulada "Oiçam jornalistas: não se faz". Deplorável não foi a situação descrita pela testemunha que, afinal, não testemunhara nada –, mas a própria cobertura jornalística em si.