Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.
Futuro... da preguiça

Crónica de Wilton Fonseca sobre a incompatibilidade do valor de suposição do futuro do indicativo com as exigências de objetividade da escrita jornalística.

 

 

O futuro não é limitado e imprevisível apenas para Paulo Bento. Os jornalistas igualmente ma...

Sansão mas sem Dalila…

 

 

«Presidente russo considera provocação as sansões económicas decretadas pela Europa».

A Bola, 2 de setembro de 2014, p. 37.

 

 

«É uma cerveja que se desgusta ao longo do tempo em que se está a beber».

SIC Notícias, 3 de setembro de 2014, 2m10.

«De encontro a», <br> «ao encontro de»

Como fixar facilmente a (grande) diferença entre dar um encontrão e (precisamente) o seu contrário... nesta crónica do autor, publicada no jornal “i” de 4 de setembro de 2014.

 

 

Na televisão, a jovem empresária explicou o segredo do êxito: a sua empresa havia desenvolvido um produto (ou um serviço) que ia «de encontro à necessidade dos consumidores».

Notícia do desassossego

«Como os seus serviços já não eram precisos, eles foram de férias, descansados da vida e com a cabeça desassossegada.
Porque ao contrário do que se passara no último verão, este seria paradinho, quase mortiço [...]».

Expresso, Primeiro Caderno, 9 de agosto de 2014, p. 38.

Como (não) «escrever com os pés»

«Ao que o nosso jornal apurou, "terão havido contactos 
junto de pessoas que tinham pedido para analisar os valores
de indemnizações no âmbito de anteriores planos de rescisão para
voltarem a negociar e a RTP estava a propor valores mais altos."»

"Diário de Notícias", 23 de agosto de 2014

 

 

«... e vou, veraneando, preguiçosamente desfolhando o calendário da contagem dos dias da partida.» O calendário, coitado, com as folhas arrancadas – imagina-se que uma a uma, na lassidão atrás descrita –, deve ter ficado imprestável para qualquer outra utilidade.

Um erro à discrição

«Mas tal, além de nos obrigar a comer só tomate e
pouco mais, embora com o benefício de o vinho ser à
descrição, parece-me pouco realista e não convence as
altas esferas que nos governam».

Expresso, Revista, 2 de agosto de 2014, p. 74.

 

 

 

 

Errar também será

«Em Portugal e em Angola, os jornalistas confundem [humano] com [humanitário]. Persistentemente. Tanto persistem que acabarão por vencer. Haverá um dia em que veremos à solta a "raça humanitária", a "espécie humanitária", o "ser humanitário".»

Eu te amarei, quando muito na norma brasileira. Ou seja: com a colocação do pronome antes do verbo (próclise). Tratando-se de uma revista portuguesa, será, sempre,  eu amar-te-ei [futuro do indicativo na forma reflexa do verbo amar, com o pronome pessoal intercalado entre elementos do próprio verbo (mesóclise), com hífen.]

Amarei-te... nunca a Sra. Obama diria alguma vez ao senhor seu marido. Falando em português (escorreito), é claro.