Palavrões: expressões que criam proximidade independentemente da língua - Diversidades - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Palavrões: expressões que criam proximidade independentemente da língua
Palavrões: expressões que criam proximidade independentemente da língua
Insultos e imprecações do inglês que o mundo não desconhece

« (...) Por trás de cada palavrão, há sempre grandes histórias. (...)»

 

1540751543792_palavr_es.jpgEm todas as línguas existem palavras feias. Não porque sejam feias em si mesmas, mas por causa do contexto em que são usadas. Ordinarices, insultos, impropérios ou palavrões (com um aumentativo para reforçar a força da expressão). «Com os palavrões, podemos cortar, acalmar, deliciar, assustar, insultar e seduzir. Eles são o tabu mais popular e sedutor que temos», diz o ator Nicolas Cage no início de The Story of Swearing [«A História dos Palavrões»], série que a Netflix estreou em janeiro e que procura desvendar a história dos insultos mais usados ​​na língua inglesa.

Embora seja uma série focada em países de língua inglesa, com particular ênfase nos Estados Unidos, muitos mexicanos já incluíram a palavra fuck no seu vocabulário sonoro. «Insultar sempre foi a forma mais direta, honesta e natural de reagir a qualquer imprevisto, surpresa ou agressão», diz a Verne Carlos Bautista, editor e coautor de livros sobre língua como Para Insultar com Propriede. Diccionario de insultos. «Parafraseando o próprio Schopenhauer, quando todo o argumento ou razão se perdeu, não há escolha a não ser recorrer ao insulto como último recurso de fuga», diz ele.

Por trás de cada palavra grosseira, sempre há grandes histórias. Como dissemos em Verne, no caso da língua espanhola temos exemplos famosos como verga [«pénis»], pendejo [«pelos púbicos»] e mamada [«felação»]. Depois do mandarim e do espanhol, o inglês é a terceira língua mais falada no mundo, com 480 milhões de pessoas que o usam como língua nativa. No entanto, os media, e principalmente o cinema (em 2011, o espanhol foi usado em 242 produções cinematográficas em contraste com as 1286 que foram produzidas em inglês), tornam os insultos em inglês muito, muito familiares para nós [mexicanos].

«De todos os palavrões em inglês, nenhum é tão maleável como fuck foda-se»]. Este termo é capaz de expressar toda a gama de expressões humanas», diz Cage em The Story of Swearing. E embora existam certas coincidências entre os palavrões que usamos em espanhol e em inglês, existem certas peculiaridades, como as palavras dick [«pila»] e verga. «Na sua conotação social, o que usamos em espanhol tem diferentes significados e pode servir para expressar surpresa, protesto, repulsa ou rejeição», diz Bautista.

1538525749830_Palavrao7.pngOutras palavras são quase opostas, por exemplo as palavras bitch [«cabra,galdéria»] e perra [«prostituta»]. O primeiro é um crime altamente censurado nos media dos EUA, enquanto o segundo pode ser ouvido até mesmo na "novela estelar" [telenovela feita com vedetas ou estrelas do género] nos canais mexicanos. «A grosseria tem uma função fisiológica, emocional, social e até cultural, e são eficazes porque são a única coisa que pode ser equiparada às nossas reações mais básicas e apaixonadas», diz Bautista.

Em ambas as línguas, os palavrões, além da intenção do falante, dependem do contexto. «Por exemplo, uma vez um conhecido meu venezuelano disse a uma rapariga "se me deres a cola [em vários países hispano-americanos, «rabo, traseiro»], convido-te para um palo [«pénis»]". Claro que ela lhe pespegou umas bofetadas… », lembra Bautista. «Até que ele se explicou: no seu país "dar la cola" significa "dar uma boleia" e "un palo" significa "uma bebida"», diz ele.

The Story of Swearing é uma abordagem linguística e cultural ao mundo anglo-saxão por meio de seis populares ordinarices: fuck («foda-se», «caralho»), shit («merda»), bitch («cabra», «puta»), dick («pila», «pixa»), pussy («rata») e damn («merda»).

 

 

Fonte

Artigo datado de19 de janeiro de 2021 e originalmente publicado em espanhol em Verne, página associada ao jornal espanhol El País.

Sobre o autor

Jornalista mexicana especializada em telecomunicações, concorrência económica e finanças. Especialista em redes sociais e media digitais.