Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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A repetição de dois sinais de dois pontos na mesma frase é ou tem sido possível, pelo menos, em textos literários, embora se trate de um uso muito marginal que a maioria dos prontuários, das gramáticas de referência ou dos guias gramaticais não chega a mencionar1. Há, no entanto, algumas pistas históricas que permitem um juízo normativo mais consistente.

Na frase «Estava precioso: tinha fígado e tinha moela: o seu perfume enternecia: três vezes fervorosamente, ataquei aquele caldo.», o uso dos dois pontos não segue a norma.

A obra A Cidade e as Serras foi publicada em 1901, um ano após a morte de Eça de Queirós, que faleceu antes de ter conseguido fazer a revisão total das provas desta obra. Assim, embora na primeira edição a pontuação da frase seja a que é acima transcrita, há edições em que a frase apresenta a seguinte pontuação:

O <i>plafond</i> e demais família

«Sem se importar com a tradução mais óbvia – o vulgaríssimo «tecto» – o "plafond" montou casa para toda  a família: o “plafonamento”, o “plafonado” e o “plafonar” já estão instalados; aguarda-se para breve a chegada dos demais parentes». Texto publicado no diário “i” de 27/04/2012, à volta de um modismo que medrou nos media e na boca dos políticos portugueses. Manteve-se a grafia de 1945, seguida ainda pelo jornal. Titulo da responsabilidade do Ciberdúvidas, adaptado a esta rubrica.

Réplica do autor à divergência do consulente João de Brito, O predicativo do sujeito, os modificadores e o «se.

 

Li muito atentamente os seus reparos, e eu vou reparar bem neles, de início, a partir do nº.3 e, mesmo no final, não descurarei o nº.1.

E reparei, antes de mais, na sua afirmação inicial:

«Tal como se conhece, o predicativo do sujeito integra sempre o predicado».

Não deveria ter escrito «como se conhece», mas «como eu o conheço» — o que faz uma diferença muito grande.

Numa entrevista do presidente do Banco Espírito Santo português, Ricardo Salgado, e referindo-se à privatização da TAP e à possibilidade de a Iberia poder vir a ser a companhia escolhida para o negócio, pode ler-se:

«Não digo isso. Por venturaIberia e a British Airways poderão fazer uma proposta onde deem garantias mas isso deve ser o Estado a julgar, não eu» (Expresso, Caderno  Economia, n.º 2060, 21 de abril de 2012).

Entrevista publicada no jornal "i" de 24 de abril de 2012 do diretor do programa de Teoria da Literatura da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Nela, considera o Acordo Ortográfico (AO) «um desastre», insurgindo-se contra a sua adoção nas universidades portuguesas.  A entrevista conduzida pelo jornalista Nelson Pereira, sob o título  “A lusofonia é uma espécie de colonialismo de esquerda”. Manteve-se a grafia segundo a norma de 1945 seguida ainda pelo jornal.

 

Timor-Leste, tétum, português, <br> língua indonésia ou inglês?

«Os artigos 13.º e 159.º da nossa Constituição determinam que o tétum e o português são as nossas línguas oficiais e a língua indonésia e inglês são línguas de trabalho. Será possível atitude mais aberta e pragmática do que esta?», defende o ex-Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, neste artigo publicado no jornal português Público de 22/04/2012, em que contesta a perspetiva anglófila de um professor da Universidade Nacional de SingapuraVictor R. Savage.

Texto escrito conforme a norma ortográfica de 1945.

 

 

Todo mundo aceita que ao homem

cabe pontuar a própria vida:

que viva em ponto de exclamação

(dizem: tem alma dionisíaca);

 

viva em ponto de interrogação

(foi filosofia, ora é poesia);

viva equilibrando-se entre vírgulas

e sem pontuação (na política):

 

o homem só não aceita do homem

que use a só pontuação fatal:

que use, na frase que ele vive

o inevitável ponto final.

 

«O facto de o AO não concitar qualquer consenso nem contribuir para unificar seja o que for é razão suficiente para, no mínimo, se suspender a sua aplicação e fazer respeitar a <a style="font-style: italic;" href="http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepubli...

«A nova ortografia do português divide opiniões, mas entrou numa rota sem marcha-atrás», escreve-se neste texto publicado no Expresso de 14/04/2012, aqui transcrito na íntegra, com a devida vénia ao autor e ao semanário português. Leia-se também, no fim, os três textos complementares desta peça, Acordo mínimo, Datas para um acordo e A favor e contra.