Pelourinho Futebol de quatro patas O futebol em Portugal está cada vez mais sério e chato e longe vai o tempo em que só as pessoas menos educadas se zangavam por paixões clubísticas. Agora, a contratação de um jogador, um fora-de-jogo mal assinalado, uma declaração de um dirigente são pretexto para discussões intermináveis, artigos filosóficos, corte de relações, desafios para duelos e por aí fora. Talvez devido a esta enorme e maçadora carga dramática que atinge «o mundo da bola», o locutor da RT... D.C. · 19 de março de 1997 · 3K
Controvérsias As "certezas" da terapêutica verbal O texto «Um consultório sem fala» assinado pelo senhor Pedro Peres, linguista ao que parece, não pode passar sem o seguinte comentário: com a frase «A linguística é o estudo da língua como ela é e não como se gostaria que ela fosse» estou plenamente de acordo. É, porém, um dado adquirido que, se não fossem os «caturras», mais ou menos «gramaticões», que sempre houve desde que existem línguas escritas, a linguagem, expressa nas milhentas línguas do género humano, teria evolucionado muitíssimo ... F. V. Peixoto da Fonseca (1922-2010) · 14 de março de 1997 · 3K
Controvérsias // O neologismo deslocalizar Deslocalizar: "mea culpa" José Neves Henriques clarifica a sua anterior resposta sobre este tema – acolhendo os argumentos do consulente A. Mendes da Costa, com o texto Em defesa de deslocalizar. Uma controvérsia, esta que contou ainda com a participação de Amílcar Caffé com o texto Contra a «deslocalização». José Neves Henriques (1916-2008) · 14 de março de 1997 · 3K
Controvérsias // O neologismo deslocalizar Em defesa de deslocalizar José Neves Henriques começou por considerar desnecessário o neologismo "deslocalizar". Respondeu, contrariando-o o consulente A. Mendes da Costa com este texto – que, no entanto, mereceu a discordância de Amílcar Caffé com o texto Contra a «deslocalização». A. Mendes da Costa · 14 de março de 1997 · 3K
Antologia // Portugal Pequena crónica de um desaparecimento anunciado * Foi na estrada entre Oeiras e o Cacém, mais precisamente por alturas de Leceia, que senti esta angústia e fiz esta reflexão: será que os nossos trinetos conseguirão falar e escrever o Português sem terem de frequentar um curso de línguas mortas? João Aguiar · 14 de março de 1997 · 3K
Pelourinho Na dúvida, o inglês... Ao dar a notícia de mais um atentado da ETA no País Basco, a apresentadora do Jornal 2 (RTP2, Lisboa, Portugal) mostrou mais uma vez como vai o Mundo: cada vez mais anglófono. De facto, na vertigem do teleponto, ao ver o nome da cidade espanhola (basca, mais precisamente) de San Sebastian, saiu-lhe a pronúncia à inglesa. Não se acredita que tenha sido por falha cultural ou por uma confusão entre atentados da ETA e do IRA. É só um sinal dos tempos: na dúvida, vai-se para o inglês. D.C. · 12 de março de 1997 · 2K
Controvérsias Sociais-democratas Contrariando autores que defendem o plural social-democrata – nomeadamente José Pedro Machado –, José Neves Henriques alinha neste texto cinco razões para se «expulsar da nossa língua» essa forma. José Neves Henriques (1916-2008) · 7 de março de 1997 · 4K
Controvérsias Social-democratas Contrariando Rebelo Gonçalves e outros autores, José Pedro Machado justifica nete publicado a razão de o plural de social-democrata ter de ser social-democratas. José Pedro Machado · 7 de março de 1997 · 4K
Antologia // Angola Uma língua que aceita brincadeiras* «Quando pensamos numa língua muitas vezes a vemos da forma sisuda que na escola nos ensinaram a encará-la, com aquelas regras chatíssimas de gramática que parecem talhar um fato apertado que a sufoca. Afinal essas regras podem não ser tão antigas assim e dependem das brincadeiras que fazemos com a língua.» [Texto do escritor angolano Pepetela escrito especialmente para o Ciberdúvidas, na sequência dos contributos do do cabo-verdiano Germano Almeida, do guineense Carlos Lopes, do moçambicano Mia Couto e do português José Saramago.] Pepetela · 7 de março de 1997 · 8K
Pelourinho A pátria agradece Na noite em que o Manchester United venceu o Porto por 4 a 0, o elemento mais patriótico não foi a táctica inadequada do sr. António Oliveira. Também não foram o azul e branco do campeão português (cores nacionais, sim, mas no tempo da monarquia). Patriótico foi o locutor da RTP: em vez de pronunciar à francesa o nome do futebolista gaulês ao serviço do Manchester, dizia: «Cantôna»! «Cantôna!» Como um locutor de Paris, para quem Pinto é «Pintô» e Eusébio, agora e sempre, «Êsèbiô». A pátria agrad... João Carreira Bom · 6 de março de 1997 · 3K