1. A riqueza do português caracteriza-se, entre outros aspetos, pela variação que compreende, marca distintiva das potencialidades de uma língua dinâmica. Algumas das dúvidas colocadas no Consultório emergem da tentativa de compreender alguns aspetos desta diversidade, as suas origens e as suas margens. Tal atitude fica clara na tentativa de conhecer a origem da pronúncia da palavra esôfago, do português do Brasil, que contrasta com a pronúncia europeia de esófago. Também os usos dos demonstrativos nas variantes brasileira e europeia causam dúvidas e hesitações. Ainda uma questão sobre o processo de formação de «poça de maré» e a dificuldade em distinguir o complemento de nome do modificador.
2. «Copo de água» é uma expressão usada com frequência em pedidos feitos em bares e cafés que motiva um fenómeno de hipercorreção linguística quando leva, por vezes, os falantes a substituí-la por «copo com água», o que não se justifica, como tem sido registado no Ciberdúvidas (ver explicação aqui). Um tema retomado num apontamento recente de Marco Neves, tradutor e docente universitário português, disponível no blogue do autor, Certas Palavras.
Sobre o tema, recordamos ainda a resposta «Copo de água» vs. «copo com água» e duas outras relacionadas com a expressão copo d'água («A origem da expressão copo d'água» e «Sobre a origem da expressão copo d'água»).
3. A atualidade política tem sido marcada, em Portugal, pela presença mediática da palavra desplante. Usada inicialmente pelo primeiro-ministro português António Costa num comentário às declarações do empresário Joe Berardo na comissão de inquérito da Assembleia da República (notícia aqui), vale a pena lembrar a sua origem. Desplante é um nome formado por derivação não-afixal a partir do verbo desplantar, que pode designar uma posição de esgrima, mas que, no contexto em que tem sido usado, significa a «qualidade de quem é ousado ou de quem não mostra o devido respeito pelas conveniências = Arrojo, Atrevimento.» ( in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea).
4. No âmbito da língua portuguesa no mundo, chega-nos a notícia de que a Faculdade de Estudos Hispânicos e Portugueses, em Pequim, a primeira faculdade de português na China continental, pretende aprofundar os estudos relacionados com a língua, abrindo cinco novas áreas de estudo: linguística, tradução, literatura, ciência política, economia e comércio. O objetivo deste alargamento centra-se no desenvolvimento do intercâmbio internacional da China com os países lusófonos (notícia aqui).
5. Do português e do seu bom uso se falará no programa Língua de Todos, transmitido pela RDP África, no qual a linguista Sandra Tavares Duarte abordará os usos do particípio duplo do verbo fixar (fixado e fixo) e de «ter de» e «ter que» (na sexta-feira, dia 17 de maio, depois do noticiário das 13h00* e com repetição no dia seguinte, pelas 9h15*). O programa Páginas de Português, da Antena 2, que irá para o ar no domingo, 19/05/2019, às 12h30**, com repetição no sábado seguinte, dia 25 de maio, às 15h30**, tratará questões relacionadas com Timor-Leste, em entrevista a Lúcia Vidal Soares, professora adjunta da Escola Superior de Educação de Lisboa.
** Hora oficial de Portugal continental, ficando os programas Língua de Todos e Páginas de Português disponíveis, posteriormente, aqui e aqui.