1. As eleições para a presidência dos Estados Unidos decorrem presencialmente ao longo do dia 5 de novembro. Pela importância que assume, este ato eleitoral deixa o mundo em suspenso, uma vez que o seu resultado poderá ser determinante para várias situações internacionais, como a guerra na Ucrânia ou o conflito israelo-palestino. Independentemente do seu desfecho, toda a campanha eleitoral já fez história em vários planos, tendo sido considerada, por diversos especialistas na área, como aquela que evidenciou a maior polarização de sempre. O termo polarização (do latim polus, i, via grego πóλος, que significa «ponto de apoio, eixo (do mundo), cúpula celeste, estrela polar, norte») é entendido como descrevendo o resultado de uma interação entre dois polos, neste caso, do plano político. Encontramo-nos perante um fenómeno que se ficou a dever sobretudo à apresentação progressiva de ideias muito distantes e, por vezes, completamente opostas por parte dos dois candidatos, que se foram afastando em áreas como a economia, a imigração ou o próprio contexto de guerra no mundo. A recente campanha política protagonizada por Donald Trump e Kamala Harris ficou ainda marcada por aquilo que foi já descrito como a normalização do insulto. O substantivo normalização (do latim normālis, com o significado de «feito com esquadro, normal») descreve o processo ou o resultado de normalizar, ou seja, da ação desenvolvida de forma a que uma dada situação se enquadre no que é considerado habitual, padronizado. Neste caso, o objeto de normalização foram os insultos, uma área lexical que habitualmente não integra o discurso político, pela descortesia que convoca. No entanto, no caso das presentes eleições, o tom crescente da retórica da agressividade levou a que os insultos fossem surgindo, com particular acuidade nos discursos de Trump, que, por exemplo, considerou a sua opositora «burra que nem um calhau» e apodou Joe Biden de «sacana estúpido». Também este último, ainda Presidente dos Estados Unidos, referiu-se aos apoiantes do candidato republicano como «lixo». Tanto os insultos como as palavras grosseiras costumam estar abrangidos pelo tabu linguístico, o que leva a que, em determinados contextos sociais, exista um acordo tácito que leva a que certos termos não sejam mobilizados no discurso por serem considerados inconvenientes por alguma razão de ordem moral ou religiosa. Com Trump, estes limites foram quebrados e a injúria passou a ser sentida como normal, o que, na ótica de muitos, significa um aviltamento da retórica política. Uma opção discursiva que, gradualmente, tem vindo a ganhar seguidores um pouco por todo o mundo.
2. No Consultório ficam disponíveis as respostas às seguintes questões: «Cultura e solidário são palavras simples ou complexas?», «Qual a diferença entre conjunções correlativas e advérbios conectivos?», «O advérbio ali pode ser deítico e anafórico?», «Como distinguir orações adjetivas relativas de orações completivas?», «Os advérbios não e apenas podem surgir na mesma frase?», «Devemos usar a forma chamo-me ou chamam-me?», «Qual a diferença entre montanha e serra?» e «É correta a construção «comprar de alguém»?».
3. A Universidade de Aveiro lançou uma publicação intitulada Abril, o florir dos cravos, com o objetivo de manter viva a memória do 25 de Abril. Apresentamos na Montra de Livros o primeiro volume da publicação, composto por «artigos que abordam o fim da censura e a conquista da liberdade através de análises daquilo que era dito pela imprensa nacional e internacional sobre as consequências da revolução».
4. O uso da expressão «barrela de perguntas», que se revela inadequada face ao contexto de utilização, motiva o apontamento do consultor Paulo J.S. Barata para o Pelourinho, onde esclarece que a expressão a usar deveria ter sido, eventualmente, «barragem de perguntas». Ainda na mesma rubrica incluímos uma nota da consultora Sara Mourato sobre a construção «entrar num contentor de lixo».
5. Com base na frase «inocentou-se aquele réu», a professora Carla Marques explica as diferenças entre a passiva sintática e a passiva de -se, no seu apontamento para a dúvida da semana (divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2).