A única frase aceitável é a que coloca o advérbio apenas depois do verbo.
De acordo com a classificação do Dicionário Terminológico, apenas é um advérbio de exclusão, que tem a capacidade de incidir sobre um elemento da frase subtraindo-o de um conjunto mais vasto, como se observa em (1), frase em que o advérbio apenas sinaliza que, num grupo de alunos (suponhamos que o universo considerado é este) só um aluno fez o trabalho, o Rui:
(1) «Apenas o Rui fez o trabalho.»
O advérbio apenas pode incidir, tomando como foco, sobre sintagmas nominais, como acontece em (1), mas também sintagmas verbais, como se observa em (2):
(2) «O João apenas corrige os artigos (não os lê).»
Se em (2) o advérbio apenas for colocado depois do verbo, o seu foco passa a ser apenas o sintagma nominal «os artigos»:
(3) «O João corrige apenas os artigos (e não as crónicas).»
Ora, acontece que se pretendermos negar a frase por meio do advérbio de negação não, ele não poderá coocorrer com o advérbio apenas, até porque semanticamente não se poderia compatibilizar a negação do sintagma verbal com a noção de exclusão de um grupo1. Por essa razão, a frase (4) é agramatical:
(4) «*O João não apenas corrige os artigos.»
Este facto deve-se também a uma das propriedades do advérbio não, que, enquanto marcador de negação frásica, não pode ser separado do verbo por outras palavras (à exceção dos pronomes clíticos)2.
A frase (3), por seu turno, admite negação, pois o foco de apenas incide sobre o sintagma nominal:
(5) «O João não corrige apenas os artigos.»
Uma situação idêntica ocorre com as frases apresentadas pela consulente, pelo que a frase transcrita em (6) não é aceitável, ao passo que a frase (7) o é:
(6) «*A música não apenas torna a aprendizagem mais agradável.»
(7) «A música não torna apenas a aprendizagem mais agradável.»
Ficamos muito gratos pelas palavras que nos endereça.
Disponha sempre!
*assinala a agramaticalidade da frase.
1. Não se confunda esta situação com a do uso de conjunções correlativas como «não apenas… mas também», que não realizam negação, pois tratam-se de estruturas com valor aditivo.
2. Cf. Mateus et al., Gramática Portuguesa. Caminho, p. 775.