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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No consultório, evidencia-se como o latim continua a ser fonte de renovação vocabular, com um comentário sobre o (discutível) modismo vox pop – redução inglesa da locução latina vox populi –, com o qual se designam as conhecidas entrevistas de rua ou os inquéritos que a comunicação social dirige ao público. Outras questões incidem na semântica do advérbio relativo onde, na coerência lógica de «tiro ao arco», no emprego da conjunção como a introduzir o predicativo do complemento direto, e na variação entre necropsia e necrópsia.

2. Relevo para as palavras do antigo ministro da Educação português e atual admnistrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Guilherme d'Oliveira Martins, num texto publicado neste dia no jornal Público(e que fica igualmente disponível na rubrica O Nosso Idioma):

«A língua portuguesa tem uma difusão planetária. Tal obriga [a] que as instituições de ensino superior e de investigação, em especial as que se dedicam à cultura e à defesa do nosso idioma, desenvolvam ações articuladas, coerentes e persistentes, em ligação com os Estados que usam o português como língua oficial, bem como com as instituições da sociedade civil, no sentido de pôr em comum as ações necessárias com vista à preservação, salvaguarda e desenvolvimento da língua e da cultura.»

*Trata-se de parte do discurso que Oliveira Martins proferiu na cerimónia realizada em 21/09/2016, em que a Universidade Aberta lhe atribuiu o doutoramento honoris causa.

3. O Pelourinho dá conta de uma confusão cujo remédio incluirá também a história do léxico português. Um apontamento de Filipe Carvalho deteta a troca do verbo envidar, «empregar com empenho», pelo verbo endividar, «contrair dívida». Lembremos que envidar vem do latim invitare, «fazer vir», enquanto endividar é verbo derivado de dívida, substantivo que evoluiu do latim debĭta, plural neutro de  debĭtum, «dívida de dinheiro» (cf. Dicionário Houaiss).

4. Uma nota rápida sobre o pobre substantivo rubrica, continuadamente mal dito no audiovisual português, como ainda aconteceu neste dia em Contas do Dia, na Antena 1, a propósito das rubricas do próximo Orçamento do Estado. A palavra é grave – "rubríca" –, como se observa à saciedade no nosso arquivo. Consulte-se, por exemplo: Rubrica (e não "rúbrica"), Rubrica, outra vez, Rubrica é uma palavra grave (e não esdrúxula), «... à "rúbrica"».

5. A propósito das eleições na Galiza, em 26/09/2016, pelas quais o Partido Popular volta a alcançar a maioria absoluta no parlamento autonómico, recorde-se o pedido de um deputado galego do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) no sentido de fazer representar esta região de Espanha na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). E registe-se a reação do jornalista Nuno Pacheco, que, em artigo publicado em 23/09/2016, no jornal Público, além de retomar a militância anti-Acordo Ortográfico, assinala os interessantes contrastes entre o português e a norma reconhecida pelo governo galego (mantém-se a ortografia do texto aqui citado): «Se alinharmos várias palavras da Língua Galega veremos que, para passarem a Português, basta mudar uma ou duas letras. Por exemplo: imaxes, proxectos, xeración, xeografías, paisaxe, xénese, subxectividade, estratéxico, misóxino, simboloxía, xa, paxariño (onde o x substitui o g ou o j). Mas há diferenças mais acentuadas, como moi por muito ou unha por uma.»* Sobre o passado e o presente linguísticos da Galiza, sugerimos a consulta dos seguintes artigos e respostas, no arquivo do Ciberdúvidas: Galaico-português/galego-português, Galego-português e galego medieval; O galego-português existe?; Descubra as diferenças; Mana Galiza; Sobre o galego; Como o galego é visto em Portugal; Galiza fomenta uso do português; Pontes sólidas.

* No galego, o grafema ñ de paxariño corresponde ao nh do português (passarinho). Na forma moi, reconhece-se o arcaísmo português mui (em documentos medievais portugueses, moi não é desconhecido). A forma galega unha, que soa aproximadamente "ung-a" e é o feminino do artigo indefinido, manterá de certa maneira a pronúncia arcaica de uma, que, até aos séculos XVI-XVII, mesmo na língua-padrão, se pronunciava e escrevia ũa, forma ainda existente nos dialetos ou falares regionais do português de Portugal.

6. Comemora-se nesta data o Dia Europeu das Línguas, marcado em Portugal por várias iniciativas nas escolas dos ensinos básico e secundário públicas (consultar página da Direção-Geral da Educação).

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Nas regiões do hemisfério norte, começa o outono (o equinócio ocorreu a 22 de setembro p. f.), estação que, em Portugal como noutros países, tem associadas palavras e lugares comuns frequentemente conotados com a melancolia e a nostalgia. Recordamos que os nomes das estações do ano se escrevem com inicial minúscula (primavera, verão, outono e inverno), em conformidade com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (Base XIX). Mas, sobre o tema, leiam-se, por exemplo, as respostas A classificação do nome outono e «Outono, ou seca as fontes, ou salta as pontes». E, já que se menciona um ditado, sugerimos a consulta de algumas páginas que listam provérbios alusivos a esta época do ano: 1, 2, 3, uma turma de cada vezAproximar, partilhando, Ouvir Falar Ler Escrever, Provérbios populares.

Nota: Na imagem, Mosaico do Outono, na sala anexa ao oecus-triclinium (A-34) da Casa dos Repuxos, em Conímbriga (Portugal), séc. II-III d.C. (pormenor de uma foto do MatrixPix, banco de imagens da Direção-Geral do Património Cultural, acedido em 23/07/2016).

2. No consultório, são tópicos em questão:

Detrimento e deterioramento são sinónimos?

– Porque não tem a palavra hipersexuado dois ss, em vez de um?

– Será verdade que em Portugal não se usa nunca a perífrase de gerúndio (estou cantando)?

Semiose é o mesmo que semiótica?

– É possível dizer ou escrever «os SIMAS», isto é, usando o artigo definido no plural, antes de um acrónimo?

3. A propósito de siglas e acrónimos, fica disponível na rubrica Controvérsias um apontamento de D'Silvas Filho sobre a estrutura e do uso de reduções como EDP, SIMAS ou sida.

4. Dois acontecimentos que marcam estes dias:

– É enorme o interesse gerado pelo lançamento do 1.º volume da tradução que o professor universitário, tradutor e escritor Frederico Lourenço está a fazer da Bíblia Grega, também conhecida como Bíblia dos Setenta (Septuaginta). Trata-se de uma versão não confessional que vai ser publicada pela Quetzal Editores, em seis volumes, que sairão até 2020.

– O Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos decorre de 22 de setembro a 2 de outubro p. f. Esta iniciativa reúne escritores de todo o mundo, propondo programa recheado de colóquios, exposições e outros eventos de caráter cultural (consultar programa aqui).

5. Quanto aos programas de rádio produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública de Portugal, lembramos que o Língua de Todos regressa na sexta-feira, 23 de setembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 24 de setembro, depois do noticiário das 9h00*), e o Páginas de Português vai para o ar no domingo, 25 de setembro.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Comemora-se em 22 de setembro o Dia da Mobilidade, cujo tema, abarcando o dos transportes, tem sido tratado com frequência, de forma mais ou menos direta, pelo Ciberdúvidas. Sugere-se, portanto, a leitura das seguintes respostas e artigos:  Sobre a palavra trânsitoA relação entre a grafia e a pronúncia de trânsitoTráfico / tráfego, Tráfego / tráfico, outra vez, A diferença entre as palavras camioneta, autocarro e carreira, Origem e formação da palavra metropolitanoA família de palavras de autocarroAutocarro: derivação, composição, empréstimo, A origem da palavra machimbombo (autocarro, em Portugal), Bus, Minibus, Elétrico20 palavras semanticamente diferentes em Portugal e no BrasilMy Bus porquê?!, O significado de válidoCongestionamento, Barco, Cacilheiro, O neologismo bilhética, Bicicletas desbobráveis ou dobráveis, Mota e moto, Motorista salvou morte?!, Andar à boleia«Praticante de skate» ou «praticante de esqueite», Ingresso = bilhete de entrada, Apita o comboio, Comboio, Trem, Elevador, Teleférico, Passe Social, Carris, Fila, BichaImobilização.

2. Em Portugal, ganha ímpeto a promoção da Web Summit, o maior encontro europeu centrado na tecnologia da Internet e nos temas da inovação e do empreendedorismo, que se realiza em Lisboa entre 7 e 10 de novembro p. f. O manancial de anglicismos que marca este acontecimento evidencia-se logo pelo próprio nome Web Summit, que, em setembro de 2015, por ocasião do anúncio da organização deste encontro em Lisboa nos anos de 2016, 2017 e 2018, já tinha equivalente português de âmbito oficial: Cimeira de Tecnologia de Informação. Mas outras formulações podem ser encontradas, de feição parcial ou totalmente vernácula: «cimeira da/sobre a rede», «cimeira da/sobre a Internet», «cimeira da/sobre a Web», ««cimeira web». Quem insistir na denominação anglo-saxónica no discurso em português não se esqueça de lhe atribuir o género feminino, dado significar o mesmo que cimeira. Outro termo recorrente é start-up, palavra que se escreve com hífen e tem sido traduzida como «empresa emergente» (consultar resposta aqui).

3. Do léxico tradicional, ligado à mundividência rural, vêm as palavras prosmeiro e prosma, regionalismos atribuídos à região portuguesa de Trás-os-Montes, mas também conhecidos nos dialetos galegos (consultar o Tesouro do Léxico Patrimonial Galego e Português do Instituto da Língua Galega). Que sinónimos têm e qual a sua origem? E, falando de repetições, deve usar-se «vezes sem conto», ou «vezes sem conta»? Ou será que estamos perante expressões sinónimas? São estas as questões que preenchem a atualização do consultório.

4. Na Montra de Livros, apresenta-se o livro que a nossa consultora Sandra Duarte Tavares acaba de lançar em Lisboa: Falar bem, Escrever melhor.

5. Uma chamada de atenção para os programas de rádio produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública de Portugal. Assim, o Língua de Todos regressa na sexta-feira, 23 de setembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 24 de setembro, depois do noticiário das 9h00*), enquanto o Páginas de Português vai para o ar no domingo, 25 de setembro.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Afinal, quem é, de facto, proibido na sinalética «Não fumadores», exposta em muitos restaurantes e outros locais públicos, em Portugal: eles mesmos, os fumadores, ou, antes, os fumadores que não dispensam o cigarro? A ambiguidade do aviso é o tema do texto assinado pela professora Isabel Casanova,  na rubrica Pelourinho – em que, por isso, sugere a sua reformulação menos equívoca.

2. A atualização do consultório foca dois termos especializados: fala-se do uso algemagem e da ortografia de heterotutela. Também se esclarecem outras dúvidas: é correto pôr um ponto final depois de uma assinatura? A expressão «via expressa» está certa? E, se o falante for uma mulher, diz «eu mesmo» ou «eu mesma»?

3. Em O Nosso Idioma, transcreve-se um trabalho publicado no jornal Público (em 18/09/2016), no qual a autora, a jornalista Maria João Lopes, reúne os pareceres de vários especialistas em comunicação mediática, a respeito dos vários neologismos (formais ou semânticos) de cariz político que atualmente circulam em Portugal.

4. A propósito da atualidade e do seu impacto mediático:

– em referência à intervenção que o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, faz em 20 de setembro p.f. na Assembleia Geral da ONU, bem como acerca do tema da candidatura a secretário-geral de António Guterres, continua a ouvir-se o erro na prolação da sigla ONU na rádio e na televisão, pelo que, lembrando que se pronuncia "onú", recomendamos a consulta da resposta "A pronúncia de algumas siglas (ONU, SMU E INPI)";

– e, por falar de assembleia geral, releia-se o que se diz numa outra resposta aqui;

– finalmente, e a propósito da homenagem que a Fundação Calouste Gulbenkian presta aos 120 anos do nascimento de Azeredo Perdigão (1896-1993), vale a pena escutar com atenção  os registos sonoros do próprio divulgados pela Antena 1, com ele dizendo  sempre "gulbenquiã" – no rigoroso cumprimento da  pronúncia recomendada e...  hoje tão pouco seguida no audiovisual português.

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1. Há palavras que, sem outros recursos gramaticais, têm um sentido superlativo inerente, salientando coisas, animais ou pessoas e as suas qualidades. Colhem-se vários exemplos entre locuções, substantivos e adjetivos, muitos a marcarem uma avaliação positiva (por vezes, com o seu quê de irónico): monstro sagrado, ás, colosso, piramidal, pujante. Entre as novas perguntas do consultório, comentam-se dois vocábulos desse tipo – menino-prodígio, «criança muito talentosa ou muito inteligente»*, e fora de série, «muito bom, extraordinário» – a propósito de ortografia e do seu uso no plural. Outras questões não menos importantes:

– Como se faz a concordância verbal com expressões como «quatro em cinco jovens»? No singular, ou no plural?

– Se se diz «faz-se o trabalho», será possível pronominalizar «o trabalho» e obter «faz-"so"»?

– E avulso é palavra invariável, ou concorda em género e número?

* Na imagem, Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), que aos cinco anos já maravilhava os salões europeus com o seu talento musical (retrato da autoria de Pietro Antonio Lorenzoni, c. 1763, e pertencente ao Museu Mozart em Salzburgo).

2. Entre acontecimentos já ocorridos ou anunciados que digam respeito à língua portuguesa, o realce vai para:

– a proclamação da Academia Angolana de Letras em Luanda, em 15/09/2016 p.p., uma entidade criada para «[...] a dignificação das Línguas Nacionais, da Literatura e dos Estudos Sociais Nacionais, honrando o génio criador e inventivo do Homem Angolano» (mais no "Manifesto da Academia Angola de Letras", em 7/07/2016);

– a realização do XXVI Colóquio da Lusofonia, um encontro organizado pela Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (impulsionada por Chrys Chrystello) entre 28 de setembro e 2 de outubro p. f., na Lomba da Maia (São Miguel, Açores).

3. Sobre os programas de rádio produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública de Portugal:

– O Língua de Todos de sexta-feira, 16 de setembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 17 de setembro, depois do noticiário das 9h00*), tem por tema o uso correto da língua numa conversa com Manuel Matos Monteiro, autor do Dicionário de Erros Frequentes da Língua.

– No Páginas de Português de domingo, 18 de setembro (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), o convidado é o tradutor e professor universitário Marcos Neves, que fala do seu livro Doze Segredos da Língua Portuguesa e de alguns mitos à volta da história e do bom uso do português.

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1. No contexto dos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, Portugal recebeu com grande satisfação a notícia da medalha de bronze ganha pela sua equipa de boccia¹ – ou, adaptando a palavra ao português, bocha, forma que vale a pena assinalar e difundir, como alternativa à grafia italiana (ler resposta sobre boccia/bocha aqui). Apesar de o impacto mediático deste acontecimento apresentar sobretudo o italiano boccia, é preciso frisar que há bastante tempo existe aportuguesamento para a denominação deste jogo tradicional da Itália que se tornou modalidade paraolímpica (paralímpica, na forma menos rigorosa adotada oficialmente, como aqui já se contextualizou). À semelhança do espanhol, bocha (ou bochas conforme propõe a Fundéu), o termo português, de resto, usado nas páginas eletrónicas das Paralimpíadas de 2016, não é propriamente um produto dos gabinetes lexicográficos: parece ter-se afeiçoado no dia a dia, no estreito contacto com o italiano dos milhões de imigrantes que, do século XIX ao XX, vieram trabalhar para a Argentina, o Uruguai, a Venezuela ou o Brasil. Saliente-se ainda a existência, no português, de vários empréstimos do italiano – uns medievais, outros do Renascimento e outros bem recentes –, como se pode apreciar pela leitura de algumas da nossas respostas e outros textos em arquivo. Por exemplo: aguarelacicerone, confetti (confete, na forma aportuguesada), coxiagraffiti (grafitos ou grafíti, idemimbróglio, lasanha, pizamáfiapasquim, Siopatesta de ferro (antes do Acordo Ortográfico testa-de-ferro), risoto.

¹ Posteriormente, Portugal averbou a 16 de setembro a segunda medalha de bronze na mesma modalidade, boccia/bocha, pelo atleta José Macedo, na categoria BC3  e, dois dias depos, nova melha de bronze, agora na maratona da classe T46, pelo atleta Manuel Mendes – a  quarta, no total, nestes Jogos Parolímpicos do Rio de Janeiro.

2. Arranca o novo ano letivo em Portugal. As aulas começam entre 9 e 15 de setembro nas escolas dos ensinos básico e secundário, ou, nos dias seguintes, no caso da universidade e dos institutos politécnicos. Uma novidade: os alunos do 1.º ano – ou seja, os que entram pela primeira vez na escola – terão manuais gratuitos. E, a propósito de gratuito, lembramos a pronúncia recomendada para este adjetivo: com ditongo ui, tal como se ouve em cuidado (consultar aqui).

3. Outra notícia com interesse para a compreensão e valorização do papel da língua portuguesa na contemporaneidade é a realização, em Luanda, em 14 e 15 de setembro do congresso internacional Educação, língua portuguesa e excelência do ensino em Angola, por iniciativa da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de Angola (UCAN).

4. No consultório, novas perguntas: se estufa-fria tem hífen, «estufa quente» também? Na frase «muito poucos compareceram», a que classe de palavras pertencerá muito? E será gramatical uma sequência como «as crueldades que está na sua natureza eles cometerem»?

5. Sobre os programas de rádio produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública de Portugal:

– Nunca se sentiu uma «ovelha "ranhosa”» ao não saber fazer algo e «pelos vistos» resolver que o melhor é manter a distância e «piar mais fino? O melhor é manter-se, sempre, em caminhos retos e não por «portas e travessas», para não cometer mais erros com a língua portuguesa porque, senão, tudo se torna uma “rebaldaria”. O Língua de Todos de sexta-feira, 16 de setembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 17 de setembro, depois do noticiário das 9h00*), conversa com Manuel Matos Monteiro, autor do Dicionário de Erros Frequentes da Língua,

– Diz-se que saudade é a palavra portuguesa por excelência, tão nossa que o fado a cultiva e que as outras línguas não conseguem traduzir. Mas será mesmo assim? Será o galego o verdadeiro pai do português, e não o latim? Iremos todos falar com o sotaque brasileiro? A língua estará a perder qualidades e tem um fim anunciado? Como usá-la melhor? Para responder a estas e outras questões, o Páginas de Português de domingo, 18 de setembro (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), fala com Marcos Neves, autor de Doze Segredos da Língua Portuguesa.

* Hora de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. As sociedades mudam, e, com elas, também as línguas nas suas diferentes dimensões – incluindo essa forma mais estável de funcionamento linguístico que é a norma-padrão. Esta, apesar de idealizada como um corpo de regras e práticas de comunicação resistente ao tempo, revela, afinal, oscilações, só notadas quando a História põe tudo em perspetiva.  É certamente o caso de dois usos linguísticos, em foco na presente atualização do consultório: trata-se do (ainda) pouco aconselhável «ter que», em lugar de «ter de», para exprimir obrigação, e da forma «um certo», que gramáticos mais ciosos da expressão concisa já deram como pleonástica e viciosa. Sobre a discussão em torno de norma, variação e correção linguísticas, sugerimos a leitura dos seguintes artigos: "Os conceitos de língua materna e língua padrão", "Os conceitos coserianos de sistema e norma", "Variação linguística e desvio de linguagem", "O correto e o incorreto: entre as duas balizas", "Norma e estabilidade", "A norma culta e os profissionais", "O direito à diferença na língua portuguesa".

2. Ainda no consultório, três questões que requerem um parecer à luz da norma contemporânea: no domínio da bioquímica, diz-se e escreve-se "catalase" e "catálase" – o que é mais correto? Poderemos na mesma frase juntar o presente ao  pretérito perfeito (p. ex. «chegámos tarde, mas entramos com tudo»)? E «chover chuviscos» – não será isto um erro por pleonasmo?

3. Fazendo-se a vida no presente, compreende-se que as convenções linguísticas se revelem prementes. Ao encontro do uso correto do português no dia a dia, assinalamos o lançamento de um novo livro da nossa consultora Sandra Duarte Tavares, com o título Falar Bem, Escrever Melhor (Lisboa, A Esfera dos Livros, 2016). Com esta obra – lê-se na sinopse de apresentação –, pretende-se ajudar «[...] todas as pessoas que desejam falar e escrever com mais clareza, rigor e impacto, aperfeiçoando as suas competências linguísticas e comunicativas», em especial «[...] todos os que acreditam que essas competências são, na sociedade de hoje, a chave para se alcançar mais credibilidade, aceitação e poder».

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O consultório regressa à discussão do uso dos topónimos estrangeiros: devemos preferir a forma portuguesa (se existir), mesmo quando esta é escassamente empregada, porque, na nossa língua, raras são as referências feitas ao lugar que denomina? O elemento inter-, usado como prefixo, associa-se a um substantivo no singular ("intermodelo") ou no plural ("intermodelos")? E o gerúndio que se refira a uma situação passada tem de estar obrigatoriamente na forma composta («o vento soprou com violência, tendo virado algumas embarcações») ou pode ocorrer na forma simples («o vento soprou com violência, virando algumas embarcações»)?

2. Na rubrica O Nosso Idioma, disponibiliza-se um texto do jornal Público (6/09/2016), no qual o seu autor, o economista e professor universitário português António Bagão Félix, tece considerações sobre alguns acentos tónicos e gráficos que, nos atuais usos, andam fora da norma-padrão.

3. Entretanto, informam-se os nossos consulentes de que o formulário para envio de dúvidas passa a estar inativo durante os fins de semana. Nos dias úteis, o serviço fica sempre à disposição de quantos, em todo o mundo, nos procuram para fazer perguntas sobre os usos e as regras da língua portuguesa.

4. Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas na rádio pública portuguesa:

– O Língua de Todos de sexta-feira, 9 de setembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 10 de setembro, depois do noticiário das 9h00*), entrevista o publicitário José Alfredo Neto sobre a publicação da sua obra Dicionário de Palavras Supimpas.

– No Páginas de Português de domingo, 11 de setembro (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*), Manuel Matos Monteiro fala a propósito do seu Dicionário de Erros Frequentes da Língua, publicado em 2015.

* Hora de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No referente às provas olímpicas para atletas com deficiência que se vão desenrolar de 7 a 18 de setembro p. f., no Rio de Janeiro, o Ciberdúvidas tem recomendado as designações parolímpicoparaolímpico, de acordo, aliás, com o parecer que, a pedido do Instituto Português do Desporto e da Juventude, a linguista Margarita Correia (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) emitiu em 2005, no âmbito da atividade da Associação de Informação Terminológica (entidade entretanto extinta). No entanto, a comunicação social portuguesa e entidades desportivas estrangeiras insistem a adotar um termo inspirado no inglês paralympic – uma amálgama de para(plegic) + (O)lympic (cf. Oxford English Dictionary em linha) – e aportuguesado para a língua nacional: “paralímpico”. A influência do anglicismo tem sido tão forte, que foi assimilado por grande parte dos falantes de português – portugueses, brasileirosangolanos –, bem como pelos de outras línguas de origem latina. É o caso espanhol: a Fundéu BBVA (Fundación para el Español Urgente), entidade preocupada com a defesa da língua castelhana, também se rendeu ao “paralímpico”, defendendo o uso deste termo em vez de paraolímpico. Não obstante, reitera-se a importância de respeitar os padrões de cada língua, sublinhando que, no português, o termo "paralímpico" afeta a integridade morfológica e a transparência semântica de um dos termos que lhe dão origem, olímpico, como tem sido explicado por diversos estudiosos da língua. Inclusive no Brasil, onde a forma parolímpico e paraolimpíadas é a defendida na generalidade dos registos de natureza didático-pedagógica e normativa (incluindo o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, como, de resto, o Vocabulário Ortográfico Português, no Portal da Língua Portuguesa)*. Em sentido contrário foi a opção tomada pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro – que, tal como o de Portugal, seguiu a recomendação do Comité Paralímpico Internacional, alterando seu nome para Comitê Paralímpico Brasileiro.

* Cf., entre outros registos: Paraolímpico ou paralímpicos + Jogos Paraolímpicos ou Jogos Paralímpicos? + Sai paraolímpico, entra paralímpico Por que antes era Paraolímpico e agora é Paralímpico?

2. Falando ainda da interferência do inglês, o termo roaming volta às notícias, com a Comissão Europeia a limitar a prestação gratuita deste serviço nos Estados-membros a 30 dias seguidos ou a 90 dias por ano. Em vez do anglicismo, observa-se que itinerância é a alternativa portuguesa que começa a enraizar-se e que tem tudo para constituir uma palavra legítima, em harmonia com os padrões da nossa língua. Recomendemo-la, pois.

3. De palavras pitorescas e arrevesadas que, de quando em quando, emergem no uso é a recolha proposta pelo publicitário português José Alfredo Neto no seu Dicionário de Palavras Supimpas (Guerra e Paz, 2016). A rubrica Montra de Livros faz uma breve apresentação desta obra.

4. «Má homem» é um erro (mas há quem use), como se verifica numa das novas perguntas do consultório, onde também se pergunta: qual a pronúncia da palavra granola? E que significado tem a locução «tanto que»?

5. Sobre programas produzidos pelo Ciberdúvidas na rádio pública portuguesa, recordamos que o Língua de Todos tem nova emissão na sexta-feira, 9 de setembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 10 de setembro, depois do noticiário das 9h00*), enquanto o Páginas de Português regressa no domingo, 11 de setembro (Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte às 15h30*).

 * Hora de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Depois de uma pausa coincidente com o período estival em Portugal, o consultório regressa às suas atualizações regulares. Também voltam ao seu ritmo habitual as demais rubricas do Ciberdúvidas, trazendo para reflexão e debate toda a diversidade de temas que oferecem a atualidade e a história da língua portuguesa em diferentes partes do mundo. É um reencontro, no meio das consabidas dificuldades que infelizmente continuam a ameaçar este serviço, para, mesmo assim, com grande satisfação – acrescida pela aproximação dos 20 anos do projeto aqui desenvolvido –, acolher todos quantos gostam de saber sempre mais sobre os usos e as regras da nossa língua. Bem-vindos, pois, a este recomeço de atividade no Ciberdúvidas.

2. No Pelourinho, um apontamento de José Mário Costa regista a incorreta substituição de enérgica por energética na citação de uma televisão portuguesa do discurso da ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ao Senado, que a destituiu em 31/08/2016; e, na mesma rubrica, Filipe Carvalho comenta outro erro teimoso: o castelhanizar sem porquê o apelido do futebolista Renato Sanches. Continua a discussão do uso do ponto abreviativo com o professor Guilherme de Almeida a manifestar a sua posição num texto disponível na rubrica Controvérsias. Em O Nosso Idioma, com a devida vénia às publicações e aos respetivos autores, transcrevem-se dois artigos com o denominador comum da diversidade do português: José Luís Carneiro, que, em Portugal, assume atualmente o cargo de secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, escreve sobre os desafios do ensino do português no estrangeiro, enquanto a escritora brasileira Ruth Manus se descobre bilingue no contacto diário com o português lusitano.

3. No regresso do consultório, pergunta-se: qual é a origem do geónimo Serra Leoa? Que adjetivos derivam de clímax? É legítimo usar a expressão «de meio-dia», sem artigo definido? Em que aceções se pode empregar o termo ecossistema? «Faz-vo-lo querer ler» é uma frase correta?