1. O Manifesto de Óbidos pela Língua Portuguesa, lançado no festival literário Fólio, a decorrer na vila de Óbidos, tem como objetivo central a defesa do uso e da valorização do português como «língua de culturas e de pensamento e, sobretudo, como língua produtora de conhecimento». Trata-se de uma petição pública que decorreu de uma conversa, no Fólio de 2022, entre os investigadores e professores universitários Luísa Paolinelli, José Eduardo Franco e Regina Brito. A esta iniciativa juntaram-se este ano figuras de destaque no panorama universitário e cultural como Carlos Fiolhais, Moisés Martins, Paulo Santos e Roque Rodrigues. No texto propõem-se às entidades competentes um conjunto de linhas de ação que têm a língua portuguesa como preocupação central, num contexto onde se parece caminhar para uma subalternização de algumas línguas. Veja-se, por exemplo, como no campo científico o inglês tem vindo a exercer um domínio cada vez mais evidente ao ser escolhido para língua de redação de artigos científicos e até de dissertações de mestrado ou teses de doutoramento, uma opção justificada pelos seus autores como sendo feita a bem da internacionalização dos trabalhos. A proposta do Manifesto de Óbidos incita a uma reflexão onde se considere que a maturidade e a robustez de uma língua se afirmam também pela capacidade de dizer ciência e pela forma particular e sui generis de pensar a realidade.
2. Os usos de haver como verbo impessoal são convocados neste apontamento da professora Carla Marques para o programa Páginas de Português, difundido na Antena 2.
3. O conflito no Médio Oriente traz ao Consultório dúvidas de natureza linguística. Entre elas pretende-se saber qual a forma correta: palestiniano ou palestino? * Poderão ainda ser consultadas respostas a questões de diferentes áreas: num contexto de atendimento ao público, a forma «Diga» será adequada para dar início a uma interação? É correto dizer «a modelo»? Qual a grafia de ataque-relâmpago? Quais as funções sintáticas presentes em sintagmas como «bolo de laranja» e «notícias dele»? Qual o valor de verdade e sua ligação a valores causais ou explicativos em duas frases? Deve dizer-se mordida ou mordedura? O que significa o anglicismo "o-ring" e qual a grafia correta?
* Do noticiário sobre a guerra Israel-Hamas emergiu igualmente o uso de israelita, no português de Portugal, vs. israelense, forma preferida no Brasil. Cf. Gentílicos com formas diferentes
4. Um caso de paraetimologia é comentado pelo consultor Paulo J. S. Barata, a partir da proposta de a palavra atuação ter origem em «a tua ação», um processo popular que encontra explicações fantasiosas para a formação de algumas palavras.
5. A situação da língua arménia dá matéria à cronica da linguista e professora universitária Margarita Correia, partilhado com a devida vénia do Diário de Notícias de 16 de outubro de 2023.
6. O atual estado da leitura e a importância excessiva dos ecrãs no quotidiano levam a escritora e professora Dora Gago a refletir sobre a era da pós-leitura (texto partilhado com a devida vénia, do blogue Algarve Informativo).
7. Divulgam-se os seguintes eventos de interesse para a língua:
– A linguista e professora universitária Margarita Correia apresentará uma comunicação intitulada «Os processos neológicos em língua portuguesa», no dia 30 de outubro, entre as 9h00 e as 11h00 (horário de Brasília), que poderá ser acompanhada pelo canal YouTube da Revista Njinga e Sepe (aqui);
– As investigadoras e professoras universitárias Mariana Oliveira Pinto e Inês Cardoso apresentarão uma comunicação intitulada «Sequência de ensino do género relatório de investigação: relato de uma experiência em contexto de ensino superior», no 15.º encontro mensal sobre discurso académico (EMDA), com lugar em 23 de outubro, entre as 18h00 e as 19h30 (a sessão poderá ser acompanhada por zoom (aqui) ou no canal YouTube (aqui).