1. No consultório, torna-se ao uso das formas terminadas em nasal na conjugação pronominal: por exemplo, como pronominalizar «leiam este livro»? "Leiam-o"? Igualmente volta o tema da nem sempre fácil da distinção entre prefixos e elementos de composição: no verbo justapor, a forma justa- será o quê? E regressam as questões à volta dos graus dos adjetivos: qual o superlativo absoluto sintético de esguia?
2. Que significa comunicar bem? De que modo contribuem a gramática e o estilo para a credibilidade do discurso oral ou escrito? A professora Sandra Duarte Tavares vai ao encontro destas interrogações numa reflexão publicada na edição digital da revista portuguesa Visão (21/2/2017) e agora também disponível na rubrica O nosso idioma.
3. Impõe o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO) que a locução interrogativa «por que» passe a ter a grafia porque? No Correio, uma breve observação sobre os limites do AO.
4. Olhando para o que se faz em Espanha em matéria de planificação e aconselhamento linguísticos dos media, dá-se conta de um parecer da Fundéu BBVA, que recomenda neste dia a substituição do anglicismo blockchain por cadena de bloques. Trata-se da designação de uma tecnologia que garante a fidedignidade das operações feitas pela Internet, na moeda virtual Bitcoin, consistindo no «registo compartilhado por milhões de computadores conectados onde se inscrevem e arquivam as transações de duas partes de maneira verificável, permanente e anónima sem a necessidade de intermediários» (tradução livre da definição da Fundéu BBVA). E, em português, como achar termo vernáculo equivalente a blockchain? Ainda não parece haver palavra, mas as línguas irmãs podem ajudar: tomando como fontes de inspiração quer a solução espanhola quer a do Office Québecois de la Langue Française, que apresenta «chaîne de blocs» – literalmente «cadeia de blocos» – afigura-se adequado propor «cadeia de blocos».
5. Entre as notícias da atividade literária em língua portuguesa, saliente-se a 18.ª edição do Correntes d'Escritas, que decorre na Póvoa de Varzim até 25 de fevereiro p. f. Mais informação aqui.
6. Nos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, o tema central é a proposta de aperfeiçoamento do Acordo Oortográfico que a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) viu rejeitada pelo parlamento e pelo governo de Portugal:
– No Língua de Todos de sexta-feira, 24 de fevereiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 25 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), o linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, critica esta iniciativa unilateral.
– No Páginas de Português de domingo, 26 de fevereiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*), o presidente da ACL, Artur Anselmo, explica quais as razões da iniciativa e quais as alterações sugeridas, que lhe valeram críticas contundentes dos académicos João Malaca Casteleiro, Rolf Kemmler e Telmo Verdelho.
* Hora oficial de Portugal continental.