Nos dicionários consultados (gerais e especializados), não foi possível achar registo da palavra calandro. O mais que se pode identificar é calandra, «máquina para lustrar, alisar (papel, tecido)» (cf. Dicionário Houaiss) ou o mesmo que calhandra, «ave semelhante à cotovia» (cf. idem). Uma pesquisa na Internet permitiu, contudo, identificar a forma Calandro, variante de Calandrino, nome próprio de uma personagem caracterizada pela sua credulidade no Decâmeron de Boccaccio – cf. artigo em italiano da Wikipédia. A referida variante ocorre num conjunto de peças de teatro e óperas do século XVIII. É, pois, plausível que «os calandros» de Aquilino Ribeiro simbolizem os «campónios de tamancos», gente rude e simples de espírito, com que o escritor se identifica; em contraponto, referem-se as «raparigas do campo», sedutoras para alguém que se revê a si próprio como um fauno (divindade campestre de comportamento irrequieto), pela palavra hamadríades, nome de certas ninfas das florestas, cuja conotação com o mundo rural se vê reforçada pelo substantivo gleba («terreno de cultivo»).