De facto, tal como o consulente sugere, não se deve separar o sujeito do predicado, o que implica que não haja vírgula antes do verbo. Portanto, o sujeito está, nessa frase, indevidamente separado do predicado.
Relativamente à vírgula usada entre os dois elementos do sujeito da frase — um sujeito composto por dois elementos ligados pela conjunção coordenativa correlativa quer... quer1 —, importa assinalar que o seu emprego não é previsto2 como norma, o que não significa que se possa considerar um caso de incorreção, uma vez que a vírgula se emprega «para separar elementos que exercem a mesma função sintática (sujeito composto), quando não vêm unidos pelas conjunções e, ou e nem» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2001, p. 640).
Portanto, são possíveis duas formas para essa frase:
«Quer os atacantes quer os defensores foram progressivamente aperfeiçoando as suas táticas.»
«Quer os atacantes, quer os defensores foram progressivamente aperfeiçoando as suas táticas.»
1 Segundo o Dicionário Terminológico, «algumas conjunções coordenativas são correlativas, podendo ocorrer precedendo cada um dos elementos coordenados. São exemplo de conjunções correlativas: "ou… ou", "nem… nem", "quer… quer"».
2 Os exemplos apresentados pela Gramática da Língua Portuguesa (Lisboa, Caminho, 2003, p. 586), de Mira Mateus et alli, para os casos de coordenação de dois sintagmas nominais através das expressões correlativas nem... nem, ora... ora, quer... quer que desencadeiam a concordância verbal plural não têm vírgula entre os dois elementos:
«Quer o cão quer o o dono adoravam esses passeios matinais nos dias de verão.»
«Ora a criança ora a mãe falavam animadamente.»
«Nem eu nem tu temos muitas coisas em comum.»