Por que incluímos determinadas palavras na classe fechada dos pronomes adjuntos (ou pronomes adjetivos)?
A dúvida é anterior à determinação da quantidade de adjetivos ou de pronomes adjuntos, pois ela se refere a seus respectivos conceitos.
Em outras palavras, qual conceito determina que certas palavras sejam pronomes (adjuntos), e não adjetivos, dado que ambas as classes se referem ao nome?
Numa das respostas excelentes do Ciberdúvidas afirma-se que «salvo é um conector que pode introduzir sintagmas nominais (1), orações infinitivas (2) e sintagmas preposicionais (3)».
Embora em espanhol exista a conjunção salvo que, parece-me que esta não existe no português. No entanto, tenho visto (raramente), nos ambientes jurídicos, salvo usado num sentido análogo ao das conjunções.
Fiquei com a dúvida se esse uso é gramatical. Se o é, como classificaríamos salvo neste caso?
«Esta legitimidade é determinada em função dos termos em que a relação material controvertida é configurada na petição inicial, salvo a lei indique em contrário.»
Obrigado.
Como distingo um sendo quantificador numeral ou sendo determinante artigo indefinido?
Muito obrigada.
Na frase «Dona Carlota Joaquina causou muita polêmica ao vir para o Brasil», o termo «Carlota Joaquina» é núcleo do sujeito? Ou aposto especificativo?
O termo «Dona» é núcleo do sujeito ou adjunto adnominal? Qual a classe gramatical da palavra «Dona»?
Obrigado
No vilancete camoniano “Descalça vai para a fonte”, no verso «vai fermosa e não segura», o constituinte «fermosa e segura» é classificado como predicativo do sujeito, o que confundiu os alunos, dado que o verbo ir seleciona complemento oblíquo, como no 1.º verso: «… vai para a fonte».
Agradecia a vossa explicação, porquanto as gramáticas que consultei não foram esclarecedoras.
Exponho abaixo o que considero saber com certeza sobre a constituição do grupo nominal (com alguns exemplos) para depois expor as situações que me geram dúvida.
Um grupo nominal...
1. tem por núcleo um nome ou um pronome n: Lisboa pron: ele
2. ao nome podem estar associados um ou mais determinantes det art def + det poss + n: «o meu carro» det demonstr + n: «este carro»
3. ao pronome pode estar associado um determinante artigo det art def + pron poss: «o teu»
4. tanto ao nome como ao pronome pode estar associado um quantificador quant univ + det art def + n: «todos os carros» quant univ + pron: «todos eles»
5. ao nome podem ainda estar associados o complemento do nome e/ou modificadores do nome (restritivo ou apositivo) [det art def + n + [prep + det art def + n] ]: [o carro [da Maria] ] [det art def + n + [adj] ]: [o carro [azul] ]
Nos exemplos deste último ponto, o grupo nominal inclui um grupo preposicional e um grupo adjetival, respetivamente, os quais assumem as funções de complemento e modificador, respetivamente.
No entanto, há várias grupos nominais que me deixam em dúvida sobre como encarar a sua constituição, todos eles incluindo quantificadores que são expressões partitivas. Por exemplo: «alguns dos carros»/«a metade dos carros». Em ambos os exemplos, a análise que faço da estrutura é [quant [prep + det art def + n] ], o que me levou a concluir (com muita certeza de ser a conclusão errada) que o quantificador pode constituir o núcleo de um grupo nominal sendo seguido por um grupo preposicional.
Na sequência da minha confusão, palmilhei todas as perguntas na categoria de quantificadores, e selecionei duas explicações que indico abaixo e que me parecem particularmente relevantes mas que me deixam ainda perplexa.
– excerto de explicação 1.
Numa resposta do Ciberdúvidas sobre a concordância do verbo com expressões partitivas é mencionado um extrato da Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2013, pp. 942/943), que inclui o excerto abaixo:
«Admite-se que é o nome nuclear de um sintagma nominal que desencadeia a concordância verbal. Assim, [no exemplo] acima, a concordância singular corresponde a uma estrutura em que o núcleo sintático do sintagma nominal complexo é o numeral, ao passo que a concordância plural corresponde a uma estrutura em que o núcleo do sintagma nominal é o nome que denota o domínio da quantificação.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, consultado em 12-02-2023)
– excerto de explicação 2.
Na resposta à questão "Percentagem + adjetivo: «31% maior", pode ler-se:
«Relativamente aos quantificadores numerais percentuais, recorde-se que estes podem incidir sobre um nome, como acontece em (1):
(1) "Dez por cento dos alunos leram este livro."
Não obstante, estes quantificadores também podem incidir sobre um adjetivo, como se verifica em (2)1:
(2) "Os livros ficaram dez por cento mais caros."
Assim sendo, podemos concluir que os quantificadores numerais têm a possibilidade de incidir sobre um adjetivo.» (in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, consultado em 12-02-2023)
– A estrutura dos exemplos com quantificadores numerais percentuais parece-me em tudo idêntica à dos meus exemplos, mas não me é claro o que a expressão «incidir sobre» significa para a análise dos constituintes do sintagma. A ideia de que «Assim, [no exemplo] acima, a concordância singular corresponde a uma estrutura em que o núcleo sintático do sintagma nominal complexo é o numeral», expressa no excerto 1, parece reforçar a minha conclusão inicial de que o quantificador pode, em expressões partitivas, ser núcleo do sintagma nominal, mas tal ideia continua a soar-me herética.
Acrescento em nota de rodapé que há vários anos que leciono acima de tudo línguas estrangeiras e que as raras vezes que trabalhei a língua portuguesa foi com alunos do 2.º ciclo. Eu tenho a noção de que estas questões podem ser consideradas avançadas, mas parece-me contraprodutivo não ter uma resposta para dar aos alunos (poucos, é certo, mas não irrelevantes) que demonstram interesse e querem saber mais. Não ter uma resposta para dar a esses alunos é especialmente desmotivante quando começam a ganhar confiança na sua capacidade de não só identificar classes de palavras, mas também de as agrupar em grupos hierárquicos e atribuir-lhes funções, pois esses poucos tentam depois por sua própria iniciativa aventurar-se mais à frente, em busca tanto de desafios como de validação dos seus conhecimentos e capacidades. A este nível não precisam de memorizar já os nomes dos diferentes tipos de complementos e modificadores, mas sabendo que cada grupo frásico tem uma função sintática, podem facilmente deduzir que aquele grupo preposicional à frente do quantificador há de ser um qualquer complemento ou modificador anónimo aninhado dentro do grupo nominal do sujeito. Infelizmente, eu não sei o que lhes dizer.
Caros senhores, antes de mais, obrigado pelo vosso trabalho!
Nas orações substantivas relativas seguintes, a preposição faz parte da oração subordinada ou não?
a) Ele agradece a quem o acompanhe. (complemento indireto)
b) Ele precise de quem o ajude (complemento oblíquo)
Continuação de bom trabalho!
A gramática de Cunha e Cintra apresenta o seguinte: «Integrantes (servem para introduzir uma oração que funciona com o SUJEITO, OBJETO DIRETO, OBJETO INDIRETO, PREDICATIVO, COMPLEMENTO NOMINAL ou APOSTO de uma outra oração). São as conjunções que e se.»
Levando em consideração a frase «Não sei quando chegarei da viagem», poder-se-ia dizer que quando, em alguns contextos, também é uma conjunção integrante, pois a estrutura «…quando vou chegar da igreja» parece funcionar como complemento de objeto direto?
Obrigado antecipadamente.
Li na Gramática do Português de autoria de Clara Amorim e Catarina Sousa que o advérbio não pode modificar grupo verbal (1) ou frase (2) e que, neste último caso, «o advérbio não forma unidade sintática com o verbo».
(1) «Não desvies a conversa, Armando.»
(2) «Não quero sorriso de esperança.»
Para ser sincero, não dei por nenhuma diferença no que diz respeito à função sintática de não.
Podem-me clarificar esse assunto?
Obrigado.
Sobre a semântica do verbo levar, e tendo em conta a frase abaixo, perguntava-vos se o verbo destacado é possível (enquanto sinónimo de "oferecer"):
«A família leva-nos a aventuras incríveis.»
Obrigado.
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