Trabalho na área técnica de telecomunicações. Usamos o termo «endereço paralisado» quando há algum serviço sendo executado. Ao finalizar este serviço, usam o termo «desparalisar o endereço».
Neste caso, qual seria a expressão correta para o antônimo de paralisar?
Qual o termo correto:
«Esta nota foi apreendida por suspeita de legitimidade»,
«Esta nota foi apreendida por suspeita de ilegitimidade»,
ou as duas maneiras estão certas?
Apesar de o site ser de Portugal, queria que a resposta fosse para o português do Brasil, se for possível.
Obrigado.
Entendo que pêlo é acentuado, constituindo excepção à regra gramatical de que as palavras portuguesas graves (ou paroxítonas) terminadas em vogal não carecem de acento, excepto se terminarem em ditongo, para a distinguir da homófona pelo (por + o). Não compreendo o porquê desta excepção, uma vez que a maioria das palavras homófonas são também homónimas e não me parece vir mal ao mundo por isso. Faria sentido se fosse para a distinguir de pelo [pélo], primeira pessoa do singular do presente indicativo de pelar. Esta é a minha primeira questão. Se é de facto assim e se existe alguma explicação para tal. A segunda questão é se esta excepção se aplica a outras palavras, tais como coca, sendo [côca] e [cóca], com diversos significados para cada. Obrigado.
A palavra deslocar implica sempre necessariamente uma mudança de um local para outro, ou pode referir-se apenas a uma mera mudança de posição, como quando nos referimos a um osso deslocado? Nomeadamente, pode considerar-se correcto dizer de uma árvore que tenha pendido na sequência de uma tempestade que ela se deslocou? Obrigado.
Gostaria de saber qual o motivo de se usar estes prefixos ("dês-", "desen-", "desis-") nas mais diversas palavras, como desistir, desenterrar, desenfreado, etc.
Gostaria de saber se estes prefixos denotam intensidade, efeito contrário, ou qual o significado de serem usados nestas palavras.
Aguardo resposta.
Obrigado.
Qual o antónimo de contestar, convergir e adoecer? Desde já agradeço a atenção dispensada.
Obrigada.
O adjectivo fiável impropriamente usado como confiável O expoente do presente esclarecimento foi durante 30 anos (1969-1999) director e editor de uma publicação periódica portuguesa que tratava predominantemente de temas técnicos relacionados com o sector têxtil, desde a produção da fibra têxtil até ao artigo têxtil final. Ao longo dos anos em que o expoente dirigiu esta publicação, precisou empregar, até com bastante frequência, em traduções de outras línguas para o português, o verbo fiar e o adjectivo fiável. Além disso, o expoente tem por língua materna o português na variante do Brasil, portanto, baseado nisso, pode pronunciar-se com alguma autoridade sobre o emprego correcto das referidas palavras. Antes de mais, é preciso esclarecer-se que, até tempos recentíssimos, a maioria dos dicionários de língua portuguesa registava para ambas as palavras os seguintes verbetes:
Em dicionários que observavam as normas do português europeu
fiar [1] v. tr. «reduzir a fios; estirar à fieira; serrar longitudinalmente.
fiável adj. 2 gén. «que se pode fiar». (Do latim ‘filāre’ «idem»)
fiar [2] v. tr. «vender fiado». v. intr. «entregar sob confiança». v. refl. «confiar, dar crédito». (Do latim vulgar ‘fidāre’, por ‘fidĕre’ «fiar-se»)
Nunca se registou fiável como adjectivo da forma verbal [2] por se tratar sempre do sentido em português da forma reflexa «fiar-se», que se adjectiva pela locução «de confiança».
Em dicionários segundo as normas da variante brasileira
fiar [1] v. tr.« Reduzir a fios: fiar a lã. Segregar um fio de seda, falando-se de invertebrados como as aranhas e numerosas lagartas: o bicho-da-seda fia seu casulo». «Tirar ou puxar os metais à fieira». Em sentido fig. «tramar, urdir». v. intr. «Torcer os filamentos de qualquer matéria têxtil».
fiável adj. 2 gên. «que se pode fiar». (adjetivo formado pelo tema “fia-“ do verbo “fiar” posposto do sufixo nominal “-vel”).
O adjectivo fiável, na acepção que deriva do latim ‘filāre’ retrovertido em inglês, corresponde ao adjectivo “spinnable”, e igualmente, em alemão, ao adjectivo “spinnfähig”; em francês, ao adjectivo “filable”; em italiano, ao adjectivo “filabile”; em espanhol, ao adjectivo “hilable”. Assim, é incorrecta a forma “fiável” com o sentido de «algo em que se pode confiar ou ter confiança», pois esta forma começou a ser utilizada em Portugal a partir de finais dos anos oitenta, e foi introduzida no português europeu como tradução do termo “fiable”, que constava de alguns textos publicitários em inglês e que por erro de simpatia foi sendo traduzido como “fiável”, quando o seu sentido não corresponde ao sentido do termo fiável em português. Nem mesmo se trata de um neologismo necessário, formado em língua estrangeira e repercutido com propriedade no português. Na verdade, “fiable” é um galicismo desnecessário verificado em orações ou frases construídas em inglês, e reiterado ao ser aportuguesado por similitude com fiável, visto que “fiable” não existe em inglês, mas sim, no francês, o qual é traduzível para o inglês como “reliable”, “dependable”. Há também em inglês com o sentido semelhante “fiducial” ou “fiduciary”, os quais correspondem aos termos em português fiducial e fiduciário. O termo “fiable” consta também do vernáculo espanhol como um galicismo explicado da seguinte forma:
– “fiar”, v. tr., «fiar, afiançar, abonar, vender a crédito, fiar, confiar».
– “fiar”, v. intr., «confiar, ter confiança».
– “fiable”, adj., «em quem se pode fiar; diz-se da pessoa a quem se pode fiar, que tem crédito».
– “fiable”, adj., por “confiable”, «pessoa em quem se pode confiar» (Pelo francês “fiable”, do latim vulgar fidāre, por fidĕre «fiar-se»).
Em traduções feitas no Brasil, devido à falta de um termo apropriado para se traduzir do inglês o galicismo “fiable”, tem sido empregado o neologismo confiável, formado expressamente para o efeito; apesar disso, o termo “fiable” é adequadamente traduzível pela locução «de confiança», que é a tradução de “reliable” e corresponde à retroversão do galicismo “fiable”.
Nota final: Caso fosse possível construir em português um adjectivo com a mesma forma verbal do tema do qual deriva o galicismo “fiable”, este nunca poderia ter em português a forma fiável, porque este precisaria derivar do sentido do latim vulgar ‘fidāre’, por ‘fidĕre’ «fiar-se», e acabaria por remontar ao latim ‘fide’ (fé), que está intrínseco no verbo ‘confidĕre’, «confiar, ter confiança», e que corresponde em português à forma reflexa «fiar-se». Logo, o adjectivo com sentido mais acertado seria o neologismo confiável, cujo sentido também possui um exemplo notório na linguagem popular com a expressão «fia-te na virgem», a qual quer dizer que «nunca se deve ter fé ou confiar demasiadamente na virgem santíssima, sem usar também de algum esforço próprio» ou o mesmo que dizer «nunca se fiar, ter confiança ou confiar de modo demasiado em algo ou alguém». Assim, fica explicado também o adjectivo confiável, que é um neologismo com origem no português do Brasil.
Gostava de saber em que pessoas se conjuga o modo imperativo.
Tradicionalmente, diz-se que apresenta como únicas formas as da segunda pessoa do singular e plural. Contudo, também o usamos na terceira pessoa do singular (ex.: «coma», «beba»), na primeira pessoa do plural (ex.:«andemos», «comamos») e na terceira do plural (ex.: «comam», «bebam»).
Alguns professores dizem que estes últimos três casos não se podem considerar como imperativo, mas, sim, como presente do conjuntivo, com valor de imperativo. No entanto, a gramática de Celso Cunha e de Lindley Cintra indica que estas três conjugações pertencem ao modo imperativo. Por outro lado, consultei também a Gramática da Língua Portuguesa, de Maria Helena Mira Mateus, e, realmente, é referido que o imperativo apresenta as formas da segunda pessoa do singular e plural como as únicas possíveis do modo imperativo.
Agradecia um esclarecimento.
Antes de qualquer coisa, quero parabenizá-los pelo trabalho que desenvolvem, cooperando para que possamos compreender e utilizar a Língua Portuguesa. E por falar nela gostaria de contar com sua ajuda.
Sou bibliotecária e é comum produzirmos carta, avisos, folhetos etc. Desta vez estamos com um marcador de páginas. Normalmente, emitimos a mensagem e ao final elaboramos uma frase que tenha um sentido informal para quebrar um pouco a seriedade.
Desta vez, estamos trabalhando com um marcador de páginas, onde utilizamos a frase: «Se ligue nestas dicas.»
Neste caso, sabemos que a língua culta ordena que utilizemos o verbo no início.
Porém, considerando a informalidade, a linguagem publicitária podemos utilizar o pronome no início da frase, ou o senhor recomenda o uso da língua culta rigorosamente?
Muitíssimo obrigada!
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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