Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Uso e norma
Álvaro Simões Contabilista Maputo, Moçambique 15K

«Às 2h30 da madrugada» é hoje ou amanhã? Na RTP Internacional ouço (vejo) com frequência anunciar no Telejornal, emitido às 13 horas (de Portugal): «Hoje, às 2:30 da madrugada», referindo-se à transmissão no dia seguinte, em diferido, de um jogo de futebol que se realizará ao princípio dessa mesma noite.

Dúvida – Com «Às 13 horas de hoje», poder-se-á dizer que se vai realizar uma transmissão a uma hora que já passou? Não se deveria dizer: «Às 2h30 da madrugada de amanhã»?

Vera Castro Secretária Porto, Portugal 7K

Só uma questão rápida (antes que me esqueça), ao ilustre consultor que tratou o tema Político-Mulher, D´Silvas Filho:

Ao final da resposta, quer-me parecer que não se quer dizer «virtualidades», mas, sim, virtuosidades, coisas que penso serem bem distintas! Por favor corrija-me, se estou errada. 

Era importante ver tratado este comum deslize, em Ciberdúvidas, pois ele, de facto, abunda, na comunicação social.

Marcos Antônio Jordão Sasso Servidor público Castelo, Espírito Santo, Brasil 6K

Qual o grau do adjetivo inteligente na frase «João é pouco inteligente»?

Na frase «João é muito inteligente» não há dúvida quanto ao grau do adjetivo: superlativo absoluto analítico.

Entretanto, as gramáticas não contemplam entre os graus do adjetivo o caso da frase objeto da pergunta («João é pouco inteligente»), em que o advérbio de intensidade («pouco») modifica o adjetivo («inteligente») expressando diminuição, inferioridade no grau da qualidade expressa pelo adjetivo, sem comparação ou relação com outros seres. Vejam-se as definições de várias gramáticas do grau superlativo absoluto: — O superlativo absoluto «denota que um ser apresenta em elevado grau determinada qualidade» (Celso Ferreira da Cunha, Gramática da Língua Portuguesa, 2.ª, FENAME, Rio de Janeiro, 1975, p. 258).

— «Grau superlativo absoluto: quando a qualidade de um ser é expressa em grau máximo, sem comparação com outro ser» (Agostinho Cadore, Curso Prático de Português, 2.ª edição, Editora Ática, 1994, p. 138).

— «Superlativo absoluto é o que exprime a qualidade no mais elevado grau, sem comparação» (Artur de Almeida Tôrres, Moderna Gramática Expositiva da Língua Portuguesa, 3.ª edição revista e ampliada, Editora Fundo de Culturas S. A., Rio de Janeiro, 1959, p. 81).

— «O Superlativo indica que a qualidade do ser ultrapassa a noção comum que temos dessa mesma qualidade (...) [neste caso], a superioridade é ressaltada sem nenhuma relação com outros seres. Diz-se que o superlativo é absoluto ou intensivo» (Evanildo Bechara, Gramática Escolar da Língua Portuguesa, Editora Lucerna, Rio de Janeiro, 2006, pp. 112/113).

— «O superlativo absoluto (...) analítico [se constrói] com a ajuda de outra palavra, geralmente um advérbio indicador de excesso — muito, imensamente, extraordinariamente, excessivamente, grandemente, etc.» (Celso Cunha e Luís F. Lindley Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, 3.ª edição revista, 15.ª impressão, Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 2001, pp. 255/256).

Como se vê das definições acima, o superlativo absoluto analítico sempre supõe que a qualidade expressa pelo adjetivo está sendo intensificada «para mais» (ex: «muito inteligente»); mas no caso de intensificação «para menos» — diminuição, inferioridade — (como é o caso de «pouco inteligente»), não se fala em superlativo absoluto.

As gramáticas de Domingos Paschoal Cegalla, Luiz Antonio Sacconi, Nicola & Infante, nas edições que consultei, não trazem a definição do superlativo absoluto, mas todos os exemplos que estes autores listam para o superlativo absoluto (bem como os gramáticos das citações acima) são de frases gradações com intensificação «para mais» («muito inteligente», «enormemente forte», «excessivamente grande», etc.).

Assim, o grau do adjetivo expresso na frase «João é pouco inteligente» não se encaixa nem com a definição de superlativo absoluto trazida pelas gramáticas consultadas, nem com nenhum dos exemplos que elas arrolam.

Em «João é muito inteligente» se dá a ocorrência de: modificação do adjetivo inteligente pelo advérbio de intensidade muito. Neste caso, diz-se que esta construção é a forma de conferir o grau superlativo absoluto ao adjetivo inteligente.

Entretanto, em «João é pouco inteligente», em que ocorre a mesma construção (advérbio de intensidade + adjetivo), as gramáticas calam quanto ao grau do adjetivo.

Ou seja: advérbio de intensidade «para mais» — quero dizer, indicando superioridade — («muito») + adjetivo: forma o grau superlativo absoluto;

mas advérbio de intensidade «para menos» — ou seja, diminuição, inferioridade — («pouco») + adjetivo: não formaria grau?

João Pacheco N/D N/D, Portugal 8K

Diz-se “trambicar” ou “trampicar” («tropeçar»)?

Isabel Ruivo N/I N/I, Portugal 6K

Desculpem, escreve-se:
“Líchias” ou “lichias”?
Obrigada pela ajuda.

Christiane Jardim N/I N/I, Brasil 11K

Trabalho na área técnica de telecomunicações. Usamos o termo «endereço paralisado» quando há algum serviço sendo executado. Ao finalizar este serviço, usam o termo «desparalisar o endereço».

Neste caso, qual seria a expressão correta para o antônimo de paralisar?

David Neto Portugal 5K

Qual o termo correto:

«Esta nota foi apreendida por suspeita de legitimidade»,

«Esta nota foi apreendida por suspeita de ilegitimidade»,

ou as duas maneiras estão certas?

Apesar de o site ser de Portugal, queria que a resposta fosse para o português do Brasil, se for possível.

Obrigado.

Maria Alexandra Dinis N/D N/D, Portugal 14K

Qual é o aumentativo de dedo?

Mário Morais N/D N/D, Portugal 11K

Entendo que pêlo é acentuado, constituindo excepção à regra gramatical de que as palavras portuguesas graves (ou paroxítonas) terminadas em vogal não carecem de acento, excepto se terminarem em ditongo, para a distinguir da homófona pelo (por + o). Não compreendo o porquê desta excepção, uma vez que a maioria das palavras homófonas são também homónimas e não me parece vir mal ao mundo por isso. Faria sentido se fosse para a distinguir de pelo [pélo], primeira pessoa do singular do presente indicativo de pelar. Esta é a minha primeira questão. Se é de facto assim e se existe alguma explicação para tal. A segunda questão é se esta excepção se aplica a outras palavras, tais como coca, sendo [côca] e [cóca], com diversos significados para cada. Obrigado.

Rui Rodrigues N/D N/D, Portugal 4K

A palavra deslocar implica sempre necessariamente uma mudança de um local para outro, ou pode referir-se apenas a uma mera mudança de posição, como quando nos referimos a um osso deslocado? Nomeadamente, pode considerar-se correcto dizer de uma árvore que tenha pendido na sequência de uma tempestade que ela se deslocou? Obrigado.