Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Tema: Origem de nomes próprios
Daniela Silva Professora Avanca , Portugal 976

Qual o significado e a forma correta de escrever o nome ?

Rita Gonçalves Reformada Lisboa, Portugal 3K

Acabo de ver o documentário brasileiro Belchior — Apenas um Coração Selvagem e, além da história deste cantor nordestino que eu desconhecia de todo, surpreendeu-me a prolação do nome: "Belkior", e não "Belxior", com se diz em Portugal e demais países da CPLP.

Pesquisando, fiquei a saber, entretanto, que no Brasil o nome de um dos três reis magos é Melchior, em vez de Belchior. Gostava de um esclarecimento sobre estas particularidades brasileiras.

Muito obrigada.

João Rosão Reformado Alcanena, Portugal 913

Gostava de saber a origem do meu sobrenome (Rosão) encontrando este apenas no Ribatejo, todos oriundos da mesma família.

Fora de Portugal, já vi há dois anos este sobrenome no Brasil, inclusive uma povoação, e no Uruguai

José Luiz Ferreira Reformado Lisboa, Portugal 2K

A minha questão prende-se com apelidos/patronímicos.

Conquanto seja um facto, para os genealogistas, que o apelido Andrade é de origem toponímica e não patronímica, a verdade é que me parece encontrar evidências (?) de que também possa ter origem patronímica. Pelo menos, no que toca à minha família, e apenas no concernente ao nosso costado paterno – em “busca da qual” vagueei por horas, dias, semanas, meses e anos a fio, no tempo em tinha de me deslocar para a consulta das fontes, à (actual) Torre do Tombo, ao Arquivo Distrital de Santarém, à Conservatória do Registo Civil de Ferreira do Zêzere e ao Arquivo Paroquial da minha freguesia natal.

O meu texto, que se segue, vale apenas para contextualizar a problemática. A questão, portanto, é: poderá o apelido Andrade ou d’Andrade ser o patronímico de André?

Grato pela vossa atenção.

«APELIDOS; PATRONÍMICOS O apelido é o sobrenome de família que se transmite de pais a filhos. Parece terem sido os romanos que trouxeram para cá o uso do apelido. Uso com que a invasão goda acabou: com eles as pessoas apenas tinham o seu nome próprio, nada mais. Mais tarde, sob o domínio árabe generalizou-se o uso dos patronímicos. Estes, antes de se tornarem em verdadeiros apelidos, começaram por ser sobrenomes derivados do nome do pai. Alguns acabaram mesmo por constituir nomes próprios, embora derivados de outros e exprimindo filiação.

No tempo dos nossos primeiros reis, e até D. João I, vigorava a regra de que ao filho mais velho se desse o nome do avô materno seguido do apelido patronímico. Exemplo acabado desta regra é o caso de D. Afonso Henriques: Afonso, porque neto materno de Afonso (Afonso VI, rei de Leão e Castela, como se sabe – pai de D. Teresa), Henriques, porque filho de Henrique.

Mas os patronímicos também se formavam pela mera aposição do nome do pai ao do filho: assim, v. g., «Pedro Afonso» (filho de D. Afonso Henriques) era, de seu nome, Pedro; e porque filho de Afonso, Afonso. Ou seja: Pedro (filho de) Afonso. Ou: «Martinho/Martim (filho de) Lourenço», donde Martim/Martinho Lourenço.

Alguns patronímicos evidenciam bem a sua origem: como, v. g., Henriques se vê logo ser o patronímico de Henrique; ou Rodrigues, o de Rodrigo; ou Bernardes, o de Bernardo; como Sanches o de Sancho; ou Fernandes o de Fernando; ou Álvares o de Álvaro; ou Ramires o de Ramiro; ou ainda Martins/Martinez (e muito provavelmente Martens) o de Martim/Martinho. Tal como, ainda que hoje não seja para nós tão evidente, Soares é o patronímico de Soeiro; e Dias o de Diogo; e Peres o de Pedro/Pero; e Pais o de Paio/Pelágio. Da mesma forma muitos outros apelidos de hoje denunciam (até pela sua terminação em s) a sua origem patronímica, como acontece com Gomes.

Na nossa família encontramos duas aplicações muito evidentes relativamente a esta matéria de apelidos e patronímicos, com o apelido/patronímico Andrade, o mais remoto dos quais é o do tio-tetravô (padre) Francisco Manuel d’Andrade. A explicação que encontro (e tenho ideia de já o ter confirmado algures, e por mais de uma vez) é que o d’Andrade é o mesmo que «d’André»: «filho, e/ou neto, e/ou bisneto… de André». Como é aqui o caso: Francisco Manuel (R187) era filho de Manuel André, (046-054) nosso pentavô (hexavô...). Bom, mas não era só o pai do nosso referido tio-tetravô que era André, já o foi o seu avô (nosso hexavô...) Simão André (78) e o seu bisavô (nosso heptavô...) outro Simão André (184-216), assim como o trisavô dele (nosso octavô...), outro Manuel André (368-432) na mesma linha de ascendentes.

Igualmente “perto” (!) de nós temos também na família outro caso de um Andrade («de Andrade» ou «d’Andrade») que era filho de André: é o do tio-bisavô Manuel Ferreira d’Andrade, neste caso filho de António André. Era irmão do bisavô (trisavô/tetravô) Joaquim André Ferreira (004). Tanto o Manuel como o nosso bisavô Joaquim, eram filhos do trisavô António André (008). Daí ambos André, embora tivessem o nome completo construído de forma diferente, e um deles «d’Andrade» em vez de «de André» – que, tanto quanto penso, é o seu equivalente.

A propósito de apelidos, veja-se a “construção” do apelido André na nossa família desde o nosso, por um lado, octavô, por outro, heptavô Manuel André (a mesma pessoa física, que deve ter nascido cerca de 1630) passando pelos seus filhos Simão André e João André, respectivamente nossos heptavô e hexavô. São bem nítidas duas linhas contínuas que partem daquele octavô (numa linha) e heptavô, na outra, Manuel André, que se bifurcam naqueles seus dois filhos e convergem, de novo, no seu hexaneto Joaquim André Ferreira (nosso avô paterno), que no outro ramal é seu pentaneto. E então repare-se: dum lado temos uma linha agnatícia (varonil) até ao patamar da tetravó Maria Ribeira, em que se converte em cognática (feminina); do outro: sempre a linha varonil. Mas, todos eles, parentes directos, ou cognatos (consanguíneos, não afins). Resulta assim claro que o apelido que devíamos ter era o de André, o mais constante desde as gerações conhecidas de antepassados. Ou então André Ferreira, conjugando o mais antigo com o das últimas três gerações que antecedem a nossa.»

 

N. E. – O consulente adota a ortografia de 1945.

Renato de Carvalho Ferreira Historiador São Paulo, Brasil 1K

Referente aos antropônimos germânicos terminados em -ulfo, há alguma prescrição para que sejam registrados sem acento? Ou será que deveríamos utilizar? Me intriga, pois já me ocorreu de notar casos de uso e desuso do acento, muitas vezes no mesmo nome.

Lembro-me imediatamente de Ataúlfo, o segundo rei visigótico conhecido, cujo nome é relativamente bem documentado com acento, embora haja oscilação (vide verbete Decadência e Queda do Império Romano no Ocidente, na Infopédia, que oscila entre ambos no mesmo texto).

Há, claro, os casos de adaptação com -o-, como Rodolfo, mas é uma incógnita para mim acerca dos muitos -ulfos conhecidos, sobretudo dos fins da Antiguidade e Idade Média.

A título de comparação, alguns destes germânicos citados em grego são acentuados (cf. Αριούφος; Ἰνδούλφος; Αταούλφος).

Agradeço de antemão.

Ana Paula Servidora pública São Paulo , Brasil 4K

Gostaria de saber se meu sobrenome «De Moura Telles» é composto e quando / onde se originou.

Obrigada.

Ricardo Manuel Carvalho de Bastos Ceramista S. João Lampas, Portugal 1K

Qual a grafia correta e atual do nome que rio que passa por Leiria? Qual o acordo ortográfico que sustenta a designação atual?

João Paulos Estudante Lisboa, Portugal 4K

Qual é a origem do sobrenome Paulos?

Eliseu Manuel Pacheco da Silva Professor Fenais da Luz, Portugal 7K

Os apelidos Rodrigues e Roiz são sinónimos, ou o segundo é abreviatura do primeiro?

Muito obrigado.

Armando Dias Reformado Lagos, Portugal 1K

A propósito de problemas surgidos na cidade de Guimarães nos ajuntamentos ilegais que assinalavam as tradicionais Festas Nicolinas, surgiu esta curiosidade:

1) A formação do adjetivo nicolino; e

2) A razão de um "santo" bem mais popular noutras paragens ( Rússia, Turquia, Grécia e Noruega) se ter transformado no "patrono" dos estudantes... de Guimarães.

Os meus agradecimentos.