No dia 27 último, os senhores responderam a uma questão que envolve a regra sobre acentuação da palavra quê. Ocorreram-me duas dúvidas:
1. Em que parte do acordo ortográfico de 1990 está escrito que essa palavra deve ser acentuada quando vier no fim da frase?
2. Por que ela não deve ser acentuada quando não estiver substantivada ou não vier no fim de uma frase?
Existe alguma confirmação oficial dos governos português e brasileiro, ou das Academias respectivas, sobre as mudanças anunciadas no idioma português?1
1 Pergunta enviada por intermédio de Margarida Castro, Uberaba, Minas Gerais, Brasil.
O acordo ortográfico da Língua Portuguesa – artigo 164, alínea j), e 169, n.º 5, revela que as letras k, w e y se usam nos seguintes casos especiais:
a) Em antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados: Franklin, frankliniano; Kant, kantismo, Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor, taylorista;
b) Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano;
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, KLM; K-potássio (de kalium) W-oeste (West); kg-quilograma, km-quilómetro, kW-kilowatt, yd-jarda (yard); Watt.
No entanto, os diversos dicionários da língua portuguesa apresentam várias palavras com k, y e w que não têm nada que ver com os parâmetros mostrados anteriormente, como por exemplo:
• Rugby, rally
• Windsurf, bowling
• Karaté, skate
Posso referir este caso como uma violação/crime perante o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa?
Fui registrado no ano de 1935. No meu registro civil de nascimento o nome de minha mãe, Estefania Augusta Ferraz de Mendonça, foi escrito com ph.
Pergunto se a legislação da época não permitia o uso da grafia com f. Ela era nascida em Portugal e toda a sua documentação estava com f.
A minha dúvida prende-se com as palavras maoísmo e maoísta: Após ter lido uma resposta vossa relacionada com a minha questão, pude verificar que, de facto, justificam a acentuação destas palavras. Poderiam explicar-me a razão pela qual o i tónico não faz ditongo com a vogal anterior? Este fenómeno está relacionado com a etimologia da palavra? Já vi transcrições fonéticas e em que oi foi transcrito como ditongo.
Qual das versões está correcta: "mesoescala", "mesoscala" ou "meso-escala"?
Considerados amigos do Ciberdúvidas,
Estou-lhes enviando a lista completa dos prefixos portugueses que, em palavras compostas, ligam-se pelo hífen ao segundo elemento iniciado por qualquer letra, sem ou com exceções. Procurarei elencar também essas últimas, segundo os registros de gramáticas e prontuários do nosso idioma.
Preciso da ajuda do Ciberdúvidas sobretudo para saber se as exceções para cada prefixo são apenas as enumeradas abaixo ou se existem outras. Necessito da lista completa das mesmas. Por favor, forneçam-ma. Careço também de saber se essas ressalvas diferem entre a ortografia do português brasileiro e a do português europeu, isto é, se em uma vertente da nossa língua há mais restrições do que na outra ao serem usados estes prefixos abaixo elencados sem o hífen. Por obséquio, também neste caso, dêem-me uma resposta completa.
Desejo também ser esclarecido se as exceções são apenas as construções vernáculas em que deveria normalmente entrar o hífen, mas este ficou de fora. Estas, aliás, parecem ser palavras surgidas em nossa língua antes das reformas ortográficas do século passado. Antes daquela época, ao que parece, usava-se pouco o hífen, daí o fato de esses vocábulos terem sido forjados sem o tracinho. Com o surgimento dessa profusão de hífenes, aliás, desnecessários na maioria dos casos, prefixos que antes não exigiam hífen para se unir a qualquer palavra, iniciada por qualquer letra, passaram a exigi-lo, porém os casos anteriores em que num vocábulo composto o prefixo uniu-se sem o hífen, esta palavra permaneceu inalterada, não recebendo com a reforma ortográfica, o traço-de-união, tornando-se então este vocábulo uma exceção. Exemplos: "pospasto", "prejulgar", "coestaduano", etc. Estas reservas, aliás, só fazem complicar a vida de quem escreve, de vestibulandos e de quem pretende entrar em um concurso público de provas e títulos. Imaginem a dificuldade que não é aprender tantas exceções.
Caso seja positiva a resposta ao questionamento do parágrafo anterior, então, devo concluir que palavras latinas, que vieram para o idioma português com prefixos, como, exemplificando, "prae", que em latim é usado sem hífen e sem acento, cujo aportuguesamento ficou "pre", também sem traço-de-união e sem acento, não devem ser contadas como exceções.
Exemplos: "prescrever", "prescrito", "preposição", "preservar", etc. Engano-me?
Aqui vai a lista:
01 – Os prefixos "grã-", "grão-", "pára-", "recém-", "vice-" e "vizo-", em palavras compostas, unem-se sempre pelo hífen a qualquer segundo elemento iniciado por qualquer letra, sem exceções. É assim tanto no Brasil como em Portugal.
02 – No Brasil, o prefixo "super-" une-se sempre pelo hífen a qualquer palavra, sem exceções. Em Portugal, une-se pelo hífen ao segundo elemento iniciado "r" e "h", como "hiper-", "inter-", "super-".
03 – Os prefixos "além-" e "aquém-" unem-se a todas as palavras pelo hífen, exceto em Alentejo, "alentejano" e "Aquentejo". É assim nos dois lados do Atlântico.
04 – O prefixo "bel-" une-se a todos os vocábulos pelo hífen, sem exceções, em todos os países lusoparlantes.
05 – O prefixo "bem-" une-se pelo tracinho a todo e qualquer elemento, salvo nos seguintes casos: "bempostano", "bendizente", "bendizer", "benfazejo", "benfazer", "Benfica", "benquerença", "benquerente", "benquistar", "benquisto"; "Benvindo(a)", nome de pessoa. O Aurélio consigna apenas "bem-fazer" para o português brasileiro. Em Portugal: "bem-fazer", "bem-querente", segundo o dicionário em linha da Porto Editora. Em Portugal, todavia, o prefixo "bem-" une-se pelo hífen apenas a palavra iniciada por vogal e "h", quando na pronúncia se ouve o ditongo "ei", tal como ocorre em "bem-amado".
06 – O prefixo "co-" une-se sempre pelo hífen, menos nos seguintes casos: "coabitação", "coabitar", "coadquirente", "coadquirir", "coatividade", "coeficiente", "coequação", "coessência", "coessencial", "coestadual", "coestaduano", "coexistir", "coirmão", "colateral", "colocutor", "cologaritmo", "coobrigar", "correlativo", "correligionário". O Aurélio, para o Brasil, registra apenas co-logaritmo, como, aliás, é em Portugal.
07 – O prefixo "ex-" liga-se pelo hífen a qualquer palavra. Reservas: "exabundância", "exerdar", "expatriar", "exsuar", "exsudar", "exsudato", "exsurgir".
08 – O prefixo "pós-" une-se por meio do traço-de-união a toda e qualquer palavra. Ressalvas: "poscefálico", "posfácio", "pospasto", "pospontar", "pospor".
09 – O prefixo "pré-" une-se por intermédio do tracinho a toda e qualquer palavra. Restrições: "preadaptar", "prealegar", "preanunciar", "precondição", "predeterminar", "predizer", "preeminente", "preestabelecer", "preestipulado", "preexistir", "prejulgar", "prenome", "pressupor".
10 – O prefixo "pró-" liga-se através do hífen a todos os vocábulos. Reservas: "procônsul", "procriar", "pronome", "propor", "prossecretário", "protórax".
11 – O prefixo "sem-" também sempre exige o hífen. Exceção: "sensabor".
12 – O prefixo "sota-" sempre exige o hífen. Ressalvas: "sotaproa", "sotaventar", "sotavento".
13 – O prefixo "soto-" outrossim sempre exige o hífen. Exceção: "sotopor".
Espero que o nosso querido Ciberdúvidas, que já resolveu casos muito mais intricados do que este, não se acovarde agora, antes dê ao mesmo uma resposta completa e magistral.
Muito obrigado por tudo.
Alguém perguntou aqui a diferença de pronunciação de “om” e “on” no fim das palavras. Talvez pelo exemplo que foi dado pelo consulente, a sábia resposta do consultor foi ao lado, embora pense que certa.
De fato, são em tudo diferentes as pronúncias das últimas sílabas das palavras 'bombom' e 'Xénon'. Em geral 'on' pronuncia-se mais ou menos como em Inglês ou Espanhol, 'om' mais ou menos com em Françês (on), salvaguardando as distâncias...
Esta questão levantou-me uma dúvida.
Como se vai escrever no novo acordo ortográfico
“eléctron” (Portugal)
“elétron” (Brasil)
“electrão” (Portugal)
“eletrão” (Brasil?)
ou de outra forma?
Sou tradutor de castelhano/catalão-português para uma grande empresa espanhola. Descobri recentemente que eliminavam, nos meus textos, as consoantes não pronunciadas em grupos como: "ct", "cç", "cc", etc. Argumentavam que, em virtude do Acordo Ortográfico, a ausência dessas consoantes deveria prevalecer sobre as formas 'antigas' (!) de escrita e que estas novas formas já estavam a ser ensinadas nas escolas. Por tal, agradecer-vos-ia que me esclarecessem o seguinte:
a) O Acordo já entrou em vigor?
b) Nos meios de comunicação social e no meio académico, aceitam-se essas novas formas ('ação' por 'acção')? Há, em Portugal, quem as utilize?
c) É verdade que, na escola (e no ensino básico), já se ensina às crianças todas estas reformas ortográficas?
d) Não estando em vigor o referido acordo, não parecerá algo híbrido escrever um texto com uma sintaxe com marcas claras do português luso, mas com formas ortográficas (mais) típicas no português do Brasil?
Agradeço-vos, desde já, a vossa atenção e os esclarecimentos que me possam dar.
Sou estudante de mestrado em Coimbra e estou a desenvolver um trabalho sobre as alterações contempladas pelo Acordo Ortográfico de 1990. No que diz respeito aos casos de hifenização, gostaria de saber se vão passar a aglutinar todas as formações com prefixos e formações por recomposição que não são mencionadas nas alíneas da Base XVI, artigo 1.º («Nas formações com prefixos (...) e em formações por recomposição (...) só se emprega o hífen nos seguintes casos (...)»)? Em nenhuma destas alíneas é referida a obrigatoriedade da utilização de hífen quando o segundo elemento começa por -r. Deste modo, passaremos a escrever abreação (em vez de ab-reacção), obrogar (em vez de ob-rogar), subregião (em vez de sub-região), sobroda (em vez de sob-roda) ou adrenal (em vez de ad-renal). E já agora, o que acontece com a forma sub-bibliotecário? Perde um 'b' ao aglutinar?
Parece-me que esta regra tem implicações fonéticas muito sérias, na medida em que interfere com a pronunciação das palavras afectadas. Será que estou a fazer a leitura correcta desta base do Acordo Ortográfico?
Consultei já a lista de palavras cuja grafia altera, incluída no livro "Novo Acordo Ortográfico - Afinal o que vai mudar?", mas gostaria muito de saber a vossa opinião.
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