DÚVIDAS

As formações com prefixos e por recomposição no Acordo Ortográfico de 1990

Sou estudante de mestrado em Coimbra e estou a desenvolver um trabalho sobre as alterações contempladas pelo Acordo Ortográfico de 1990. No que diz respeito aos casos de hifenização, gostaria de saber se vão passar a aglutinar todas as formações com prefixos e formações por recomposição que não são mencionadas nas alíneas da Base XVI, artigo 1.º («Nas formações com prefixos (...) e em formações por recomposição (...) só se emprega o hífen nos seguintes casos (...)»)? Em nenhuma destas alíneas é referida a obrigatoriedade da utilização de hífen quando o segundo elemento começa por -r. Deste modo, passaremos a escrever abreação (em vez de ab-reacção), obrogar (em vez de ob-rogar), subregião (em vez de sub-região), sobroda (em vez de sob-roda) ou adrenal (em vez de ad-renal). E já agora, o que acontece com a forma sub-bibliotecário? Perde um 'b' ao aglutinar?
Parece-me que esta regra tem implicações fonéticas muito sérias, na medida em que interfere com a pronunciação das palavras afectadas. Será que estou a fazer a leitura correcta desta base do Acordo Ortográfico?
Consultei já a lista de palavras cuja grafia altera, incluída no livro "Novo Acordo Ortográfico - Afinal o que vai mudar?", mas gostaria muito de saber a vossa opinião.

Resposta

Há uma quase certeza de que palavras como *`abreação, abrogar, subregião, subroda´ não serão palavras do novo acordo (de 1990), pois tais grafias alterariam a sua fonia, de acordo com o hábito de pronúncia dos falantes da nossa língua nos encontros consonânticos br (inseparáveis nas normas). É, assim, `natural´ que permaneça o hífen nestes vocábulos. Note que a duplicação do r (art.º 2.º da Base XVI) está prevista só quando o primeiro elemento dum composto termina em vogal (ex.: {antirreligioso}, presentemente com hífen).

Quanto ao vocábulo sub-bibliotecário, penso que `talvez´ o hífen se mantenha, à semelhança do que está indicado na alínea b) do artigo 1.º da Base XVI, para vogais iguais (ex.: {micro-ondas}, presentemente microondas [Houaiss]).

Quanto a livros sobre o novo acordo, deve considerá-los com alguma reserva (repare na forma como eu tratei o primeiro problema e como tratei o segundo, onde a certeza é ainda menor). Só há certezas nos termos taxativamente indicados no texto do acordo. Nos que não estão indicados, também há uma `quase´ certeza naqueles em que as novas regras são explícitas. Quando, porém, o vocábulo não se insere nas novas regras e atendendo às exclusões frequentes, é melhor aguardar pela publicação do Vocabulário Comum (veja a minha resposta O Acordo Ortográfico, de novo, nesta data). Como exemplo de que é necessária prudência em afirmações taxativas sobre novos termos, cito o que se passa com o art. 6.º da Base XV: indica-se que nas locuções `de qualquer tipo´ não se empregará o hífen (ex.: {fim de semana}), mas o novo acordo continua a aceitar água-de-colónia, arco-da-velha, pé-de-meia, etc...

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