O uso de não passar de é bastante generalizado, cuja intenção é dar uma ênfase à expressão que lhe é negada quando se diz apenas o verbo ser, semanticamente correspondente.
De facto, o Dicionário da Academia diz que «não passar de significa ser apenas, não ser senão. Exemplo: «A doença dela não passa de uma constipação.»
Tendo em conta esta definição, a locução verbal adquire um valor de verbo copulativo, selecionando, por conseguinte, um predicativo do sujeito.
Então, na frase «Você não passa de um safado», um safado seria o predicativo do sujeito.
Sabemos, no entanto, que o grupo dos verbos copulativos é restrito, mas, segundo a Gramática do Português, da Fundação Calouste Gulbenkian, vol.II, p.1301, poderão fazer parte desta lista os verbos que, cumulativamente, possuam duas propriedades: «(i) a possibilidade de o verbo ocorrer com qualquer tipo semântico de sujeito e (ii) a possibilidade de o verbo ocorrer num sintagma verbal em combinação única e exclusiva com um adjetivo.»
Exemplo:
(i) «O gato não passa de um safado.»
(ii) «O gato não passa de esquisito.»
(iii) «O livro não passa de razoável.»
Nesta perspetiva, «você não passa de um safado» poderá enquadrar-se nesta definição.
Quanto a «Você passou de cama», desconhecemos o sentido da expressão, devendo ser usada apenas no português brasileiro, segundo entendemos. Se a transferirmos para «Você esteve acamado», tem o mesmo valor de verbo copulativo.