As siglas são fruto de um «processo de criação vocabular que consiste em reduzir longos títulos a abreviações das palavras que os formam, constituídas das letras iniciais das palavras que os compõem» (Cunha e Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lisboa, Sá da Costa, 2002, p. 116). São, portanto, formadas a partir dos nomes que fazem parte do título das instituições, organizações, associações, serviços, sociedades, etc., sem que nelas constem as preposições que ligam as palavras, como são os casos de ONU (Organização das Nações Unidas), FIFA (Fédération Internationale de Football Association).
Tendo como referência a norma apresentada por Cunha e Cintra sobre o processo de formação das siglas, concluímos que a sigla da Universidade Mandume ya Ndemufayo, UMN, está correcta, pois é formada pelas letras iniciais de cada um dos nomes da instituição (Universidade Mandume Ndemufayo1).
As siglas são formadas por grafemas e não por fonemas. Mesmo que o N inicial do nome próprio Ndemufayo represente um som nasal ou a nasalação inicial da palavra, esse N está grafado, faz parte da grafia da palavra. Por isso, tem de ser respeitada a sua ortografia, a de um nome próprio de uma das línguas nacionais de Angola, pertencente às línguas bantu2 ou bantas3.
1 Exclui-se ya, porque é uma preposição.
2 Bantu: grafia do nome e do adjectivo uniformes quanto ao género bantu, atestada pelo Vocabulário Ortográfico do Português.
3 Bantas: forma plural do feminino do adjectivo e nome banto, forma aportuguesada do termo original, registada no Vocabulário Ortográfico do Português e dicionarizada no Dicionário Priberam.
Obs.: Agradeço a Bonifácio Tchimboto, professor de Historia da Língua, Etnolinguística e Literaturas Orais Africanas no Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela, a disponibilidade para esclarecer aspectos vários da herança linguística de Angola.