Aceitam-se as duas formas: «tal qual» e «tal e qual» (cf. dicionário da Academia das Ciências de Lisboa).
Entre os gramáticos prescritivos, é verdade que Rodrigo de Sá Nogueira, no seu Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem, condenava o uso da expressão «tal e qual», mas sem apontar razões claras. O fulcro da censura tem que ver com o uso de «tal e qual como», que Sá Nogueira rejeita (também hoje se rejeita), para recomendar «tal qual» e «tal como».
Mas Vasco Botelho de Amaral (Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português, 1958), fazendo remontar a rejeição de «tal e qual» a uma apreciação de Cândido de Figueiredo sobre uma frase de Camilo Castelo Branco em A Brasileira de Prazins, observa que outro normativista, Augusto Moreno, reconhecia legitimidade a «tal e qual» por ocorrer nos escritos de Filinto Elísio, Garrett, Castilho e Mário Barreto. Ainda segundo Botelho de Amaral, encontra-se «tal e qual como» na obra do próprio Castilho; e um outro normativista, Júlio Moreira, explicava assim o aparecimento de «tal e qual», que aceitava (mantém-se a ortografia da fonte consultada):
«... qual introduzia primitivamente uma oração relativa....: "F. é tal qual (é) o pai...." Depois a frequência desta elipse (do verbo) fez ver na locução (tal qual) como que um adjectivo composto do qual se chegou a formar o advérbio talqualmente... passando (ao falar do povo) o relativo qual a ser considerado como adjectivo qualificativo, que se coordena a outro, tal, por meio da conjunção e. Veio, portanto, a formar-se esta locução, que se emprega com certa ênfase, tal e qual... [...].»
Em suma, a expressão mais antiga e mais coerente do ponto de vista sintático-semântico parece ser «tal qual»; desenvolveram-se depois «tal e qual» e «tal e qual como». Destas duas expressões, só «tal e qual» se aceita, pelo uso e pela sua expressividade; já "tal e qual como" se afigura redundante pela sequência de duas palavras comparativas – qual e como – e, portanto, é rejeitada.