Ambas as formas são possíveis, estando igualmente corretas. No entanto, os verbos ser e estar veiculam sentidos diferentes.
O verbo ser associa-se à expressão de propriedades permanentes, ajustando-se à intenção de «marca[r] a atribuição ao sujeito de uma propriedade que o caracteriza enquanto indivíduo»1. O verbo estar, por seu turno, expressa preferencialmente propriedades transitórias, marcando «um estado mais ou menos provisório e contingente no qual se encontra o sujeito»1.
Deste modo, os verbos ser e estar distinguem-se pelo facto de se associarem a predicados estáveis (verbo ser) ou a predicados episódicos (verbo estar), pelo que a frase transcrita em (1) expressa um estado que caracteriza o sujeito de forma permanente, não estando inserida num intervalo temporal com um limite inicial ou final:
(1) «Eu sou grato.»
Já a frase (2), expressa uma característica transitória do sujeito, que se associa, portanto, a um intervalo de tempo mais ou menos delimitado:
(2) «Eu estou grato.»
Se criarmos um contexto para a frase (2), poderemos imaginar que ela constitui uma forma de agradecimento do locutor relativamente a algo que o interlocutor fez. Assim, este sentimento de gratidão é temporário e relacionado com a situação em causa. Na frase (1), o sentimento de gratidão é mais permanente e pode ser apresentado como uma característica da personalidade do locutor ou, pelo menos, como uma propriedade que se prolonga no tempo.
Não obstante, o que ficou dito, muitas vezes os usos comuns não atualizam, de forma tão fina, as significações, pelo que, não raro, frases como (1) e (2) são usadas de forma indistinta, não tendo o locutor a intenção de expressar todos os valores semânticos acima explorados.
Disponha sempre!
1. Raposo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1304.