Como gentílico correspondente ao topónimo Sertã (Castelo Branco), a palavra correta é sertaginense, conforme o registo fixado em vocabulários ortográficos, como o Vocabulário da Língua Portuguesa (1966) de Rebelo Gonçalves, e noutro tipo de obras, como Topónimos e Gentílicos (Porto, Editora Educação Nacional, 1941, p. 211), de I. Xavier Fernandes, com o título. Sertanense e sertainho são também vocábulos legítimos para fazer referência aos naturais ou residentes da Sertã.
Quanto à forma "sartaginense", não aceite pela norma, deve observar-se, no entanto, que não é ela destituída de sentido, quando se pensa nas atestações medievais (séculos XII e XIII) do nome medieval da Sertã: Sartagine e Sartaginis (cf. José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, s. v. Sertã). No século XV, a vila é mencionada como Sartãe (idem, ibidem). Justifica-se, portanto, que "sartaginense" não seja forma censurável, atendendo ao facto de manter o a que se documenta na primeira sílaba das formas medievais.
Sobre a origem do topónimo Sertã, parece a José Pedro Machado «[...] mais prudente considerá-la obscura, controversa ou desconhecida [...]», porque entre as hipóteses que conhece «[...] uma não esclarece a razão do lat[im] sartagine- (ver G[rande] Enc[iclopédia Portuguesa e Brasileira], 28.º, p. 51], a outra não leva na devida conta a forma Sartagine [...], admitindo sertão, «lugar inculto» e afastado dos grandes centros [...]». Convém assinalar que, na obra que Machado refere, a defesa da origem hipotética no latim sartagine- (ou melhor, sartagĭne) se deve ao historiador português A. de Almeida Fernandes, o qual a retomará mais tarde, em Toponímia Portuguesa – Exame a um Dicionário (1999), justamente para relacionar Sertã com a palavra latina, no sentido de «sepultura rupestre» ou até «necrópole». Deve também esclarecer-se que sartagĭne- será uma forma tardia (no acusativo) do latim sartago, sartagĭnis, que significa geralmente «frigideira» e «mistura, amontoado, montão» (Dicionário Houaiss), palavra donde também evoluiu o nome comum sertã, sinónimo de frigideira (ibidem).
Quanto à hipótese de Sertã proceder de sertão – hipótese explorada pelo filólogo alemão Joseph-Maria Piel (cf. Machado op. cit.) –, não será ela de descartar, até porque, afinal, não se exclui uma relação entre sertão e sartagĭne-, conforme se sugere, ainda que em tom dubitativo, no Diccionario Crítico Etimológico Castellano e Hispánico de Joan Coromines e José Antóno Pascual. A título de curiosidade, refira-se que nos dialetos galegos a palavra sartán significa «terra pouco profunda e de má qualidade»; e sabendo que já houve quem quisesse relacionar este vocábulo com o latim sartagĭne, talvez Sertã, sertã, por um lado, e sertão, por outro, revelem maior afinidade do que se tem suposto. Mas o que se acaba de considerar é mera conjetura, sujeita com toda a probabilidade a futura revisão.