Com o verbo no condicional – ou como se diz na terminologia gramatical brasileira, no futuro do pretérito –, a expressão «seria que» não é compatível com uma oração com o verbo no presente do indicativo, pelo que a forma correta corresponde a «será que»:
1. Será que me pode dar um copo de água?
Quanto a «seria que», é esta expressão compatível com uma oração cujo verbo se encontre ou em tempos do pretérito ou no condicional:
2. «Seria que Walter pensava que tudo iria ficar impune na sua vida? » (Lídia Jorge, O Vale da Paixão: Romance, 1998 in Corpus do Português); «pensava» está no imperfeito do indicativo)
3. «Seria que Tom daria o nome de ultraje a tais manifestações?» (Abel Botelho, Fatal Dilema, 1917, idem; «daria» está no condicional)
Note-se, porém, que a «será que» pode seguir-se uma oração com o verbo quer no presente, como em 1, quer nos tempos do pretérito e no condicional:
4. «Tenho pensado mas é sobre qual era exactamente a minha relação com ele. Será que ele gostava de mim? E eu, gostava dele?» (António Alçada Baptista, Os Nós e os Laços, 1985, idem)
5. «Será que a FOZCOAINVEST S.A. conseguiria obter tão facilmente financiamento para esse empreendimento?» (idem)
Refira-se que as formas será e seria ocorrem seguidas de oração subordinada substantiva completiva, como «reforço do valor dubitativo de frases interrogativas [...]: Será que a tia acertou no totoloto? Seria que eles tinham razão?» (dicionário da Academia das Ciências de Lisboa).