O consulente pode não saber o porquê, mas a razão está consigo. Deverá dizer-se será que, e nunca “será se”. Será que é uma expressão feita a partir da interjeição será com valor dubitativo (= talvez). Não se trata do verbo ser que introduz uma outra oração, mas, sim, de uma partícula de realce ou expletiva, que acentua a dúvida já presente na interrogativa.
Esclareço que a palavra se, efectivamente, pode ser uma conjunção condicional («Se não fizeres os trabalhos de casa, não aprendes.»), mas também, entre outros, um pronome reflexo («Ele viu-se ao espelho.»), um pronome indefinido («Diz-se que há muita corrupção.»), uma partícula apassivante («Não se constroem casas como antigamente.») ou ainda um elemento de ligação de uma oração integrante a outra, completando-lhe o sentido («Não sei se ele vem.»).
Nas frases «Veja se o almoço está pronto.» e «Veja se compra mais comida desta vez.», a partícula se serve de ligação entre a oração constituída pelo predicado Veja e o seu complemento, que é a oração que se segue.