A consulta de alguns dicionários gerais – por exemplo, o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa ou o Dicionário Priberam – pode levar a pensar que provocativo, provocatório e provocante são sinónimos e mutuamente substituíveis. Contudo, o exame mais atento de outros dicionários e de um corpus textual revela diferenças entre os três adjetivos.
Provocativo e provocatório são sinónimos quase exatos, uma vez que ambos se aplicam àquilo «que contém provocação» (Dicionário Houaiss). Contudo, provocante, que igualmente se interpreta nesse sentido, ocorre correntemente com conotação sexual, relativo a quem «incita a um relacionamento sexual» e que é «tentador, convidativo, atraente» (ibidem). O Corpus do Português (CP) faculta exemplos de provocante usados nesta aceção:
(1) «Fora precisamente naquela mesma cidade, que agora a esperava em festa, invejando-a, imitando-a, que Quirino a conhecera, a bem dizer há dois dias, quando ela passeava no jardim com uns sujeitos viciados e endinheirados. Não se sabia donde viera. As vezes acompanhava-a uma velhota mirrada, vestida de luto, de olhos mansos, parecendo pedir desculpa a toda a gente de ir ali com uma rapariga bela e provocante» (Fernando Namora, Minas de San Francisco, 1946).
Acrescente-se a este conjunto a forma provocador, que se emprega como adjetivo nas aceções mencionadas (não raro, com o mesmo cariz sexual de provocante – ver CP), mas que se regista ou simplesmente como o mesmo que «o que provoca», ou com o significado de «que ou aquele que procura perturbar reuniões ou manifestações, esp[ecialmente] de cunho político, com perguntas absurdas, ofensivas, ou comete atos de agressão, sabotagem ou vandalismo, buscando causar o caos social que leve à repressão e impedir que a população possa manifestar-se livremente» (ibidem). Neste último caso, provocador figura frequentemente como nome:
(2) «Havia uma pequena multidão à porta do Cine-Teatro. Quem manda, perguntava um. E os outros respondiam: Salazar, Salazar, Salazar. "Provocadores" exasperou-se Gonçalo Pena, ao ver aquele grupo de fato domingueiro, arregimentado nas redondezas para vir perturbar o comício da oposição» (Manuel Alegre, Alma).