Em português europeu, a frase «podes passar buscar-me na sala» não ocorre, ou seja, é claramente agramatical. Existem apenas estruturas semelhantes, como por exemplo:
(i) «Podes passar a buscar-me na sala (de conferências)/na biblioteca/na livraria-»
(ii) «Podes passar e/para apanhar-me na sala (de conferências)/na biblioteca/na livraria.»
O uso exemplificado em (ii) é coloquial em português europeu, não estando atestado nas gramáticas e nos dicionários consultados. Significa o mesmo que (i) e não deve ser confundido com o do auxiliar aspectual passar, que surge em «A partir de amanhã, podes passar a buscar-me à escola».
Não significa isto que a estrutura «podes passar buscar-me na sala», na qual se omite a preposição a, esteja totalmente incorrecta. Na perspectiva da variação, pode ser de tal modo frequente em Moçambique, que já constitui um traço típico dos falares portugueses desse país. Só uma gramática que descreva o português moçambicano e o confronte com outras normas da língua portuguesa (por exemplo, a portuguesa, a brasileira) será capaz de dar resposta. Como não temos conhecimento de obra com tais características, aqui fica o registo de mais um uso do verbo passar.