Peluda é um termo da linguagem popular com o significado de «vida de paisano*», usado na gíria militar com esse preciso sentido: o regresso à vida civil, cumpridos que foram os anos de tropa.
Como o termo se formou da palavra peludo – entre outras aceções, querendo dizer o mesmo, também, que cabeludo –, é uma hipótese que a expressão «passar à peluda» tenha que ver com o corte de cabelo dos disponibilizados do serviço militar, nomeadamente as praças ou soldados sem patente **.
São eles, ainda os mais veteranos dão o tratamento de “maçaricos”, a quem, logo na recruta, o regulamento militar obriga a levar uma “carecada” – outro termo da gíria dos quartéis –, usando doravante, sempre, o cabelo curto.
Com o seu regresso à vida civil – passando, portanto, à Reserva de Disponibilidade, na terminologia militar – poderão, então, voltar a deixar crescer o cabelo. Daí, presumivelmente, a origem da expressão «passar à peluda».
Outra aventada explicação, menos plausível e igualmente sem validação bibliográfica, é de natureza sexual. Como na linguagem mais brejeira, corrente nos quartéis, «a peluda» está associada ao sexo das mulheres, «ir para a peluda» equivaleria a «ir para o gozo da boa vida».
* Paisano (do francês paysan, «camponês») = indivíduo que não é militar [in Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora, 2002].
** Lembra o coronel Carlos Matos Gomes – a quem agradeço os preciosos contributos para este esclarecimento –, desde o final do século XIX que é obrigatório nas Forças Armadas Portuguesas o uso do cabelo curto para as praças, mas não para os oficiais.