DÚVIDAS

Os anglicismos “marketing”, “franchising” e “outsourcing”

Se fosse possível gostaria que me elucidassem acerca do seguinte: os estrangeirismos “marketing”, “franchising”, “out-sourcing”, etc. são, neste momento, palavras portuguesas?
Qual o critério que devo seguir ou o que devo consultar para saber em tempo real se estes ou outros vocábulos do mesmo tipo integram ou não a nossa língua?
Os meus agradecimentos antecipados.

Resposta

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001) e Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (2001), da Academia das Ciências de Lisboa, registam “franchising” e “marketing”, mas não incluem “outsourcing”. No entanto, a palavra tem estado a ser utilizada, pelo menos, em português de Portugal desde os anos 90, como o demonstram as 84 ocorrências deste anglicismo no ‘corpus’ CETEMPublico. Há quem sugira a sua tradução por “externalização”, argumentando que esta é semanticamente motivada, dado adequar-se bem à necessidade de transmitir a ideia de que uma organização entrega algumas das suas funções a uma entidade externa. «Contratação externa de serviços» é também uma tradução possível, mas com a desvantagem de ser longa.
No Brasil, porém, há algum tempo se usa terceirização, cujo sentido é praticamente o mesmo de "outsourcing".1 Com efeito, o Dicionário Houaiss regista as formas terceirização, terceirizar, terceirizado e terceirizável, termos todos eles datados de 1991. Sobre terceirizar, palavra que está na base das outras já referidas, o mesmo dicionário esclarece: «[...] a prática desta medida administrativa surgiu nos E.U.A. antes da Segunda Guerra Mundial, consolidou-se a partir da déc. de 1950, e foi introduzida no Brasil pelas fábricas multinacionais de automóveis.» Tendo, portanto, o Brasil tradição no uso de terceirizar para traduzir "outsourcing", talvez em Portugal também se pudesse adoptar este termo e respectivos derivados.
Em relação ao critério para avaliar o grau de integração de qualquer estrangeirismo, deverá consultar os dicionários mais recentes (recomendo, para além dos já referidos, o Novo Aurélio XXIModerno Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis e o Grande Dicionário da Língua Portuguesa – atenção à diferença de critérios de transcrição e adaptação dos anglicismos entre brasileiros e portugueses). Em relação a recursos em linha, pode consultar a página Anglicismos on line, do Instituto Politécnico de Viseu, ou a revista Confluências.

Agradeço ao consulente Luciano Eduardo de Oliveira, do Brasil, por me ter alertado para a existência deste termo no português do Brasil.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa