É uma construção que ocorre nas normas cultas dos dois lados do Atlântico. O gramático brasileiro Evanildo Bechara refere-se a este caso nos seguintes termos:
O infinitivo das orações finais pode aparecer sem preposição: "Diz-se que ele era um dos doze que foram à Inglaterra pelejar (= para pelejar) em desagravo das damas inglesas, fato assaz curioso... [...]
Construções deste tipo, aproximando-se o infinitivo do verbo principal anterior (foram pelejar), permitiriam um início de loução verbal, onde o 1.º verbo passaria a ser sentido como auxiliar modal denotador de movimento para realizar um intendo futuro. Este histórico importa para a explicação do emprego antigo da preposição a, no termo adverbial de lugar. Em O rio Amazonas vai desaguar ao Atlântico, temos ainda vestígio da fase em que o sentimento linguístico levava em consideração o verbo de movimento, vai desaguar (= para desaguar). Perdida esta noção de movimento, vai ao Atlântico desaguar passou a ser interpretado como um todo, prevalecendo a regência que competia ao verbo desaguar: vai desaguar no Atlântico.
Ambas as construções são corretas, tendo sido esta última, sem razão, recriminada por certos gramáticos [...].